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Steve Jobs é entrevistado por Walt Mossberg e Kara Swisher, na conferência D8: All Things Digital

Saiba como foi a abertura da conferência D8: All Things Digital. A ocasião foi marcada por uma entrevista exclusiva realizada com Steve Jobs pelos repórteres Walt Mossberg e Kara Swisher, do WSJ.
Steve Jobs na D8: All Things Digital

Colaborou: Rafael Fischmann

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Conforme lembramos na tarde de ontem, ocorreu agora há pouco, das 22 horas até próximo da meia noite desta terça-feira (1º de junho de 2010), a abertura da conferência D8: All Things Digital. A ocasião foi marcada por uma entrevista exclusiva realizada com Steve Jobs pelos repórteres Walt Mossberg e Kara Swisher, do Wall Street Journal.

Steve Jobs na D8: All Things Digital

Além da cobertura oficial do AllThingsD, acompanhamos o evento via live blogging dos sites Engadget e CNET News. Abaixo, você confere um resumo de tudo o que rolou (incluindo perguntas sobre o protótipo de iPhone encontrado pelo Gizmodo, Flash no iPhone OS, iPad vs. notebooks, polêmicas da App Store, concorrência com Google e Microsoft, entre outras), com citações do CEO da Apple traduzidas para o português.

  • Apple passando a Microsoft: “É meio surreal. É um pouco surreal.”
  • Flash e a carta aberta: “A Apple não é uma companhia que tem os mesmos recursos das outras. […] Algumas vezes temos que escolher que cavalo montar. O Flash teve seus dias, mas está minguando, e o HTML5 vem vindo aí. […] [Smartphones com Flash] vêm aí há dois ou três anos, mas o HTML5 está pra emergir. […] Não tentamos arrumar uma briga, apenas decidimos não adotar um dos produtos [da Adobe]. Eles criaram caso com isso, por isso escrevi aquela carta. […] Estamos levando a culpa porque queremos fazer o melhor produto do mundo para os consumidores. Se fizermos bem, eles vão comprar! Se não, não vai vender. E, devo dizer, as pessoas parecem estar gostando do iPad.”
  • Emails para Ryan Tate, do Valleywag: “Ele nunca se identificou como um jornalista. Eu estava acordado tarde e esse cara começa a me mandar emails desagradáveis… Eu quis dar uma lição nele. Caí feito um pato… e ele publicou!”
  • Sobre a apreensão dos computadores de Jason Chen: “Bem [os computadores] de um cara… Quem pode dizer se ele é um jornalista.”
  • Sobre o protótipo no bar: “Há uma investigação em andamento. […] Questiona-se se [o aparelho] foi deixado no bar ou se o tiraram da bolsa [do engenheiro da Apple]. A pessoa que o encontrou quis vendê-lo, ligaram para o Engadget, para o Gizmodo. […] É uma história incrível: tem roubo, tem receptação, extorsão… estou certo de que há um pouco de sexo aí! […] Não sei como vai acabar.”

Steve Jobs na D8: All Things Digital

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  • Suicídios na Foxconn: Estamos cuidando disso. Olhamos tudo nessas companhias. […] A Foxconn não é um açougue: é uma fábrica… nossa, eles têm cinemas e restaurantes… mas é uma fábrica. […] A taxa [de suicídios] é menor que a dos EUA, mas ainda assim é preocupante. Já tivemos disso na minha cidade natal, em Palo Alto: suicidas imitadores. Estamos tentando entender isso. É uma situação difícil.”
  • Guerra de plataformas com Microsoft, Google e sites sociais: “Não [existe guerra de plataformas]. Nunca achei que houvesse. Nunca nos vimos numa guerra de plataformas com a Microsoft, talvez por isso tenhamos perdido.”
  • Google como concorrente: “Eles decidiram competir conosco, então estão competindo. […] Não vamos entrar no mercado de buscas!”
  • Sobre sentir-se traído: “Minha vida sexual vai bem.” [WTF?!]
  • Google no iPhone: “Não [vamos removê-lo do iPhone]. […] Só porque estamos competindo com alguém não quer dizer que vamos ser rudes.”
  • Sobre a aquisição da Siri: “Ela não é uma empresa de buscas. Ela é uma companhia de IA (inteligência artificial). Não temos planos de entrar no mercado de buscas. Outras pessoas já fazem isso bem.”

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  • Sobre outras operadoras nos EUA: “Bem, poderia haver [vantagens em ter duas operadoras nos EUA]. Vocês sabem que eu não posso comentar isso.”
  • Sobre tablet PCs da Microsoft: “Lembro de ter lhe dito que escrita à mão era o sistema de entrada de dados mais lento de todos. Reimaginamos a tablet, não fizemos o que a Microsoft fez. Eles tinham uma ideia totalmente diferente da nossa. […] A tablet tinha a autonomia, o peso e precisava de um cursor como o PC. No minuto em que você remove a stylus, você tem a precisão de um dedo, não pode usar um SO de PC. Você tem que criar tudo do zero.
  • Sobre por que começar com o telefone: “Vou te contar: na verdade, começou com a tablet. Eu tinha essa ideia de uma tela de vidro, um display multi-touch no qual você poderia digitar. Pedi pro nosso pessoal fazer isso, e seis meses depois eles vieram com um display incrível. Eu o mandei pra um dos nossos gênios de UI, ele conseguiu fazer o scrolling com inércia funcionar mais algumas outras coisas e eu pensei ‘Meu Deus, podemos fazer um telefone com isso’. Aí pusemos a tablet de lado e nos pusemos a trabalhar com o telefone.”

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  • Sobre revistas e publicações: “A base de uma sociedade livre é uma imprensa livre. […] Não quero que desçamos a uma nação de blogueiros. Acho que precisamos de editores mais do que nunca. Posso falar como um dos maiores vendedores de conteúdo na internet até hoje: ponha um preço agressivo e mire no volume. […] Acho que as pessoas querem pagar pelo conteúdo.”
  • Sobre preços altos na iBookstore: “É… Hmmm… É complicado.”
  • Tablet vs. Laptop: “Quando éramos uma nação agrária, todos os carros eram caminhões. Conforme as pessoas se moveram para os centros urbanos, começaram a usar carros mesmo. Acho que PCs serão como caminhões: menos gente vai precisar deles. Isso vai deixar algumas pessoas inquietas.”
  • Aprovações na App Store: “Primeiramente, deixe-me dizer que há duas plataformas que apoiamos. Uma é aberta e sem controle — o HTML5. Damos mais apoio que qualquer outra empresa no mundo. Mas também apoiamos uma plataforma curatelada que é a App Store. É a comunidade de apps mais vivaz em qualquer plataforma. Como cuidamos dela? É um grupo de pessoas que trabalha diariamente. Temos umas poucas regras: [um app] deve fazer o que se propõe, não pode travar, não pode usar APIs privadas. Estas são as principais razões para rejeição de apps.”
  • Sobre a rejeição de Mark Fiore: “Este cara enviou o app e foi rejeitado. Não antecipamos isso. Mudamos as regras, mas ele não reenviou o app… até ganhar um Pulitzer. Aí ele diz que o rejeitamos. Então somos culpados por cometer um erro. […] O que acontece é que as pessoas mentem, elas correm pra mídia e dizem que isso é opressão, aí elas ganham 15 minutos de fama. Nós não corremos pra mídia para dizer ‘Esse cara é um mentiroso filho da mãe!’, não fazemos isso.”

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  • Sobre o trabalho na Apple: “Somos organizados como uma startup. Somos a maior startup do planeta. Nos reunimos todo dia por três horas e falamos sobre todos os negócios, sobre o que está acontecendo por aí. Somos ótimos em dividir tudo em ótimas equipes e falamos uns com os outros. O que eu faço o dia todo é me reunir com equipes. Ter pessoas ótimas é deixar que tenham ótimas ideias. Eu contribuo com algumas — por que eu estaria aqui, se não contribuísse?”
  • Mais sobre o caso Gizmodo: “Sabe, quando essa coisa toda aconteceu, eu recebi uns conselhos de pessoas que disseram ‘Deixa pra lá, você não vai atrás de um jornalista que comprou propriedade roubada e tentou extorquir você.’ Eu pensei profundamente sobre isso e concluí que a pior coisa que poderia acontecer era mudar nosso valores centrais e deixar pra lá. Não consigo fazer isso, eu preferiria me demitir.”
  • iAds: “O sistema de anúncios [da concorrência] é uma droga! […] Os anúncios de hoje te arrancam do app, você se perde. Não seria ótimo se eles não fizessem isso?”
  • Privacidade: Mossberg enumera alguns casos recentes de problemas, como Facebook, Google Buzz… E Jobs completou com “A coleta de dados de Wi-Fi do Google…” A respeito da postura em relação à privacidade, Jobs concluiu dizendo: “Tome como exemplo localização em telefones: levamos isso bem a sério. Antes que qualquer app pegue seus dados de localização, eles não podem colocar um painel pedindo permissão; eles têm que usar NOSSO painel e perguntar se está tudo bem em usar os dados. É um dos motivos para cuidarmos da App Store. Muitas pessoas no Vale [do Silício] nos acham antiquados, mas levamos isso bem a sério.”

Salvo algumas respostas surpreendentes ou “desconversadas” — muita coisa não pode/deve ser dita, é verdade —, o saldo do bate-papo foi superpositivo, na nossa opinião. A dupla de repórteres mandou bem no bombardeio de indagações e Jobs se mostrou, como sempre, bastante preparado para isso.

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Em alguns dias, a organização do evento deverá publicar o vídeo oficial da entrevista, na íntegra. Enquanto isso, fique com um aperitivo:

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