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Minha experiência com a pulseira Jawbone UP e o que eu espero do suposto “iWatch”, da Apple [atualizado: novo modelo]

Jawbone UP

Assim como vocês, sou um cara que adora tecnologia. Quando algumas empresas começaram a lançar os famosos gadgets que podemos “vestir”, fiquei maluco com a ideia, afinal, grande parte deles servem para monitorar nossas atividades ao longo do dia, algo que sempre me interessei.

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A escolha

Há cerca de um ano, quando decidi comprar uma pulseira dessas, fiquei entre as duas mais famosas, a Nike+ FuelBand (US$150) e a Jawbone UP (US$130). Eu gosto e utilizo a plataforma Nike+ para controlar/monitorar minhas corridas, então a pulseira da Nike fazia até mais sentido. Porém, na época, algo presente na UP me fez optar por ela: além de também monitorar as atividades normais (caminhadas, corridas, etc.), ela conta com a possibilidade de monitorar o sono e a alimentação.

Jawbone UP

Eu sabia que a Jawbone passou por grandes problemas com a primeira versão da UP e isso me deixou um pouco preocupado. Por outro lado sabia que, até por conta dos problemas iniciais, eles iriam caprichar na segunda geração — além disso, a garantia está aí para ser utilizada caso algo dê errado. 😉

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Levando ainda em conta que eu poderia utilizar o meu iPhone e o app Nike+ Running para monitorar as minhas corridas — eu acabo levando o iPhone mesmo por conta das músicas —, optei pela UP.

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No começo, como todo “novo brinquedo”, tudo é muito legal! Basta colocar a pulseira no braço e começar a utilizá-la. Ele conta com apenas um botão e é por ele que controlamos os quatro modos da pulseira: 1. acordar (o principal, pelo qual monitoramos o nosso dia-a-dia); 2. dormir (para monitoramento do sono); 3. cronômetro (para monitorar uma atividade específica, durante um período determinado de tempo); e 4. soneca energizante (para a famosa ciesta).

Anatomia da UPFunciona assim: para alternar entre os modos acordar e dormir, é preciso pressionar o botão por alguns segundos uma única vez. Fazendo isso, a pulseira vibra e um indicador de sol/lua aparece, mostrando exatamente em que modo você está. Para ativar o modo cronômetro, devemos pressionar o botão duas vezes, segurando um pouco mais na segunda vez até que a luz de status sol pisque três vezes e a pulseira vibre; para sair, é só manter o botão pressionado até que a pulseira vibre e a luz de status do sol brilhe (sem piscar). Já o modo soneca energizante é ativado quando pressionamos o botão três vezes, segurando na terceira vez até que a luz do status lua pisque três vezes e a pulseira vibre; novamente, para sair, basta manter o botão pressionado até que a pulseira vibre e a luz de status sol brilhe.

O aplicativo deles para iPhones/iPods touch é muito bem feito e conta com uma interface bem elegante (ainda que não esteja adaptada para o iOS 7). Através dele temos a possibilidade de ajustar alguns recursos extras da UP, como alarmes, alerta de ociosidade e definir metas diárias de sono e atividade (aqui ajustadas para 8 horas de sono e 10.000 passos diários, como manda o figurino).

App UP para iPhones/iPods touch

O alarme, aliás, tem uma característica bem legal. Digamos que você ajuste ele para às 8 horas da manhã. Como a pulseira está monitorando o seu sono, ela sabe se você está dormindo leve ou profundamente. Assim, caso você queira, pode ativar o recurso “janela de sono inteligente”, pelo qual a UP lhe acorda no momento mais propício (sono mais leve). Você ainda pode ajustar essa janela para ser de 10, 20 ou 30 minutos antes do horário estipulado no alarme — se você estiver num sono profundo, ela vibrará na hora especificada.

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Como o app é praticamente uma plataforma de monitoramento, também podemos entrar com dados (registrar um exercício ou uma noite de sono) manualmente — afinal, você não é obrigado a estar utilizando a UP em todos os momentos da sua vida.

App UP para iPhones/iPods touch

Todas essas configurações são acessíveis pelo botão “+” ou através do gesto de deslizar para a esquerda. Deslizando para a direita (ou tocando no botão superior esquerdo) podemos acessar o nosso perfil, linha do tempo, tela com nossas tendências (dias, semanas e meses), visualizar perfis de amigos, apps compatíveis com a UP, notificações e configurações gerais — tanto do usuário quanto da pulseira.

Já a tela inicial do app mostra os registros diários e, se você rolar para baixo, vê seu histórico de sono/atividade/alimentação.

App UP para iPhones/iPods touch

Tocando nessas barras entramos numa tela específica, com todos os dados de sono/atividade, conforme podemos ver nas imagens. Rolando a tela para baixo, o app ainda nos mostra como está a média (horas de sono e passos) nos últimos sete dias. Para sincronizar os dados coletados pela UP com o iPhone/iPod touch, temos que abrir o app, tirar o gadget do pulso, retirar a “tampinha” de proteção e encaixá-la na entrada para fones de ouvido do aparelho. O reconhecimento da pulseira é feito e tudo é devidamente sincronizado.

Os problemas

Acompanhar as informações do seu dia-a-dia com a UP é muito legal e os dados coletados pela pulseira parecem ser bem precisos, o que nos dá um ótimo panorama. O problema é que ter esse “relatório” em mãos não é tão simples quanto parece. E, justamente por não ser tão simples, tão “just works”, me decepcionei um pouco. Talvez a minha expectativa com esse tipo de gadget estivesse muito elevada, mas a verdade é que a experiência passou um pouco longe do que eu queira.

Começando pela troca dos modos (acordar, dormir, cronômetro e soneca energizante). Será que a pulseira não é inteligente o suficiente para fazer isso automaticamente? Afinal, normalmente as pessoas dormem à noite, fazem atividades durante o dia e, quem tiram uma soneca, fazem isso no período da tarde. Sabendo disso, bastaria reconhecer os movimentos do usuário para que os modos fossem trocados automaticamente.

Eu já perdi a conta de quantas vezes esqueci de colocar a pulseira no modo dormir e, por isso, deixei de monitorar uma noite de sono. Assim como também já comecei a cronometrar uma atividade e por diversas vezes esqueci de “voltar” para o modo normal (acordar). Ora, será que a pulseira não é inteligente o suficiente para reconhecer que uma atividade física começou/terminou? Ou que você está deitado, imóvel, dormindo? Essa foi a primeira grande frustração.

A segunda decepção: sincronização. É simplesmente um saco ficar tirando a pulseira para fazer isso. Eu queria muito que isso acontecesse automaticamente, via Bluetooth ou qualquer outra solução sem fio. Muito provavelmente o pessoal da Jawbone não implementou isso por causa da bateria — ela dura até 10 dias com uma carga completa; para carregá-la, temos que conectar o gadget em nossos computadores através de um cabo/adaptador USB que vem na caixa da pulseira. Acredite, dá muita preguiça fazer essa sincronização “analógica” e, por isso, eu acabo sincronizando a minha UP uma vez por semana, quando o ideal seria, no mínimo, uma vez por dia.

App UP para iPhones/iPods touch

Isso para não mencionar a questão de registro de alimentos, que precisa ser feita de forma totalmente manual. São três, as formas de se fazer isso: pela busca do próprio app, tirando uma foto da comida ou adicionando algo pelo código de barra da embalagem. Esta última opção até que me surpreendeu, pois o aplicativo consegue mesmo identificar muita coisa. Porém, ainda assim, é preciso adicionar todos esses dados manualmente, o que não é nada agradável. Eu duvido que alguém tenha saco para registrar *todas* as refeições de *todos* os dias.

Levando em consideração esses pontos, muita gente pode simplesmente acabar desistindo de utilizar a pulseira. Apesar de nada acontecer automaticamente, eu continuo usando a minha.

A concorrência

É claro que, para muitos, a integração com a comunidade Nike+ não é algo primordial como é para mim, mas a sincronização via Bluetooth da FuelBand é um atrativo e tanto.

Nike+ FuelBand SE

Com a chegada da segunda geração (FuelBand SE — já disponível para compra lá fora), a coisa melhorou um pouco mais, com a implementação do Bluetooth 4.0 (mais eficiente energicamente), monitoramento de sono, atividades que não incluem movimentação de braços (como ioga, ciclismo, etc.). Fiquei bem curioso para testar uma FuelBand pela primeira vez, mas acho que as novidades ainda não justificam a aquisição de uma (mais sobre isso depois). Veremos o que a Jawbone está preparando para a terceira geração da UP, afinal eles não vão ficar dormindo no ponto.

Infelizmente, como Tim Cook já mencionou uma vez — o CEO da Apple faz parte do conselho administrativo da Nike e usa uma FuelBand —, esses gadgets são muitos bons em tarefas específicas, mas nenhum deles é completo o suficiente para ser um produto matador. Hoje, como já disse, em minhas corridas é normal eu utilizar o iPhone com o app Nike+ Running. Mas além dele uso também a UP e um monitor cardíaco. Ou seja, três gadgets — haja cacareco! 😛 — para fazer algo que apenas um poderia dar conta do recado. Hoje, infelizmente, esse gadget não existe.

Sim, existem aparelhos no mercado capazes de monitorar batimentos cardíacos pelo pulso (algo muito desejado por mim), rastrear o percurso da corrida (GPS), entre outras coisas. Contudo, como disse, as soluções nunca são completas.

Adidas miCoach SMART RUN Watch

Recentemente a Adidas lançou o relógio SMART RUN (US$400), o qual conta com muitas dessas funcionalidades. Só que ele não oferece nenhuma interação com iPhones/iPods touch — as músicas precisam necessariamente estar armazenadas no relógio, por exemplo — e, obviamente, não é compatível com a plataforma da Nike.

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Já ouvi muita gente falando bem do miCoach (plataforma da Adidas), mas é muito complicado fazer essa transição depois de estar acostumado e com todos os seus dados de alguns anos numa plataforma concorrente.

MIO Alpha Heart Rate Monitor Watch

Além dele, existem outros produtos como o MIO Alpha Heart Rate Monitor Watch (US$200). Assim como o da Adidas, porém, esse também não faz o monitoramento de sono, não é integrado ao Nike+, entre outras coisas.

Nike+ SportWatch GPS

A própria Nike tem um relógio do tipo (o Nike+ SportWatch GPS; US$170) que é capaz de monitorar os batimentos cardíacos mas não pelo pulso, e sim através do Polar Wearlink+ (acessório vendido separadamente). E, assim como os outros supracitados, ele não tem a capacidade de monitorar o sono.

Oportunidade

Durante a conferência D11, realizada pelo AllThingsD, Tim Cook afirmou que não existe hoje no mercado um produto capaz de nos oferecer todas essas funções, e é exatamente aí que entra a grande oportunidade para a Apple.

Cook falando sobre gadgets que podemos “vestir” (wearable gadgets) na conferência D11.

A empresa tem uma ótima relação com a Nike, contratou *o designer* responsável pelo projeto FuelBandalém do consultor que ajudou a montar a plataforma Nike+ — e muitos até mesmo acreditam que o suposto “iWatch” poderia ser um produto desenvolvido pelas duas empresas, em conjunto.

O futuro e aguardado gadget da Apple tem tudo para ser compatível com a Nike+ (a maior comunidade de “atletas” existente hoje em dia) e, se os rumores estiverem certos, poderá até mesmo trazer recursos ligados à área de saúde como monitoramento do sangue (níveis de glicose, por exemplo) e outras informações do nosso corpo de forma não-invasiva — tudo através do contato de sensores com a pele.

Obviamente, podemos esperar uma integração completa com outros produtos da empresa como iPhones, informações sincronizadas via iCloud, etc. Além desses recursos que não encontramos hoje no mercado (mais focados em saúde), eu espero que o “iWatch” traga melhorias consideráveis para esses recursos que já vemos em UPs e FuelBands da vida, como sincronização automática via Bluetooth, monitoramento automático de atividades sem nos preocupar trocar os modos (como na UP), monitoramento cardíaco pelo pulso, entre outras coisas.

Sei que esperar por um produto completo assim, numa “versão 1.0”, não é algo inteligente — basta ver a minha decepção com a UP. Porém, diferentemente de quando a Apple entrou no mercado de smartphones e praticamente lançou o de tablets, agora já existem soluções bem decentes por aí — ainda que incompletas. Se a Maçã quiser mesmo lançar um “iWatch” (ou seja lá o nome que esse produto tiver), terá que fazer bonito. E é exatamente por isso que a expectativa em torno dele é tão grande.

Que venha o “iWatch”! 🙂

Atualização · 13/11/2013 às 18:25

A Jawbone lançou hoje uma nova versão da sua pulseira. Intitulada UP24, ela conta com um design levemente modificado e um recurso pra lá de essencial: sincronização de dados via Bluetooth Smart.

Jawbone UP24

As novidades, porém, terminam aí — nada de monitoramento de batimento cardíaco ou qualquer outro recurso adicional. A UP24 custa US$20 a mais que a UP (ou seja, US$150) e vem em duas cores: ônix e caqui.

[via AllThingsD]

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Criado para explorar o coprocessador M7 de iPhones 5s, Nike+ Move já está na App Store

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