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Desenvolvedores também usam Macs

Colaboração especial por Thiago L. Christofoletti, que adquiriu recentemente um MacBook com Leopard para programar Rails. Escreve regularmente para o mobbbi-dev sobre internet móvel, mobilidade e desenvolvimento de sites para celulares.

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É muito comum ouvir por aí que Mac é a plataforma preferida de músicos, publicitários, designers e outros profissionais criativos. O que pouca gente sabe, porém, é que muitos desenvolvedores também estão preferindo programar num Mac. E o que os dois universos têm em comum? Tudo, quando o assunto é Ruby on Rails. Poderia falar rubenês aqui, despejar linhas e mais linhas de código, mas não é a idéia. Arrume-se na cadeira, o papo vale a pena.

Ruby é uma linguagem de programação. Antes que eu fale qualquer outra coisa sobre ela, preste muita atenção nisso:

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Freqüentemente as pessoas, especialmente engenheiros de computação, focam nas máquinas. Eles pensam, ‘Fazendo isso, a máquina vai rodar mais rápida. Fazendo isso, a máquina vai rodar melhor. Fazendo isso, a máquina vai fazer tal coisa.’ Eles estão focados em máquinas. Mas na realidade necessitamos focar nos humanos, em como os humanos programam ou operam seus aplicativos. Nós somos os mestres. As máquinas são as escravas.

MatsumotoEsta frase fenomenal foi dita por Yukihiro Matsumoto, criador da linguagem. Como é de se esperar, Ruby leva muito dessa filosofia em sua essência. De fato, é considerada uma linguagem focada na produtividade e no bem-estar do programador. Ruby flui muito bem, tem uma sintaxe mais legível e próxima da própria linguagem humana. Publicada em 1995, foi aos poucos conquistando uma legião de desenvolvedores. Mas Ruby ficou ainda mais popular quando um jovem chamado David Heinemeier Hansson resolveu facilitar ainda mais as coisas. Seguindo conceitos como Convention over Configuration (CoC) e Don’t repeat yourself (DRY), David criou o Ruby on Rails, também conhecido como RoR ou simplesmente Rails.

RailsRuby on Rails é um framework open-source focado em aplicativos para web. Framework é uma espécie de estrutura montada em cima de uma linguagem com o propósito de facilitar certas coisas como, por exemplo, consultas a bancos de dados. Geralmente conectar seu aplicativo a um banco de dados, em qualquer linguagem, é uma tarefa árdua e chata. Através do Rails, Ruby pode conversar com uma série de bancos através de uma linguagem muito simples e digerível. Mas este é só um pequeno exemplo do que o Rails pode proporcionar.

E onde entram os Macs nesta história toda?

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DavidDavid é um personagem um tanto polêmico. Já foi chamado de arrogante e outras coisas mais, mas vejo nele uma personalidade, ao menos, muito coerente. Ele nunca escondeu sua preferência por Macs. No seu discurso, Macs, Ruby e Rails têm tudo a ver: todos eles se preocupam em proporcionar um ambiente mais excitante para seus usuários. David leva em conta que uma linguagem de programação deve ser “bonita”, deve entusiasmar o programador, e que no momento não há máquina melhor para se trabalhar assim que uma com a maçã estampada. Afinal de contas, design de ponta, simplicidade e estabilidade são quesitos constantes tanto no hardware quanto no software da Apple.

Claro que esta opinião é polêmica e apesar de todos não concordarem com ela, dentro do contexto colocado por David eu acho que ele tem mesmo razão. E muitos outros concordam. Tanto é que todo o core team, a equipe atual de desenvolvimento do Rails, utiliza Macs para programar. Idem para milhares de railers em todo o mundo.

A contínua expansão do framework de David Heinemeier Hansson e a simpatia descarada de seus desenvolvedores por Macs levou a Apple a realizar um grande feito para esta comunidade, distribuindo o Rails já pré-instalado no OS X Leopard. Se você já está usando o novo bichano pode confirmar o fato abrindo uma janela do Terminal e digitando “rails”. Ali está ele. Com Ruby e Rails pré-instalados, todo usuário do Leopard ficou ainda mais perto desta dupla que está dando o que falar.

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Terminal

Se por um lado Rails tem a fama de permitir o desenvolvimento de aplicativos em alta velocidade, a iniciação nesse ambiente de desenvolvimento exige uma certa dose de persistência e estudo. Se você se interessou pelo assunto, sugiro que comece pela leitura de um bom livro como, por exemplo, “Agile Web Development with Rails”. Outras fontes também estão disponíveis no site oficial do Rails.

Mas em que ponto está Rails no cenário atual? Dá para acreditar mesmo no framework, existem resultados concretos? Sim! O Twitter é um bom exemplo internacional, e o BlogBlogs é um exemplo brasileiro. Existem outras iniciativas quase saindo do forno, tal como o mobbbi, do qual sou um dos desenvolvedores, que carregam também o selo do Rails. Aliás, no Brasil, a comunidade de railers está crescendo e amadurecendo. Prova disso é o evento RejectConf SP’07 que acabou de acontecer em São Paulo e foi organizado de uma maneira bem informal e bacana pelo Fabio Akita, um dos grandes disseminadores brasileiros de Rails. Akita também é autor de um livro em português sobre o tema, chamado “Repensando a Web com Rails”, e escreve sobre o assunto em seu excelente blog Akita on Rails.

Então fica aqui o recado: desenvolvedores também usam Macs! Pode ser algo óbvio para alguns, mas certamente não para todos. É tão comum associar Macs a agências de publicidade, design, jornalismo e estúdios de áudio, que acho que muitos nunca ainda tinham visualizado um encontro de desenvolvedores repleto de Macs. Ah… e apesar do enfoque aqui ter sido dado a Ruby e ao framework Ruby on Rails, é importante lembrar que existem muitos por aí usando Mac para programar outras linguagens também.

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