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Por que a Apple cobra pelas atualizações do iPod touch?

Há muito, muito tempo, em uma galáxia distante, havia o iPod. E somente ele. Era um produto que combinava um hardware e um software. As pessoas compravam o iPod, usavam até a bateria morrer para sempre ou até resolverem comprar outro iPod em seu lugar. Sempre foi assim.

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Um dia surgiu o iPhone com um novo modelo de negócios e muitas inovações tecnológicas — nasceu uma nova plataforma, com possibilidades infinitas de atualização de software com novas funcionalidades. Em seguida, veio o iPod touch. E todo mundo pensou que eles eram a mesma coisa. Mas não são. O iPod touch ainda é um iPod.

Em janeiro de 2008, o iPod touch ganhou novos programas (que já existiam no iPhone). Quem comprasse o iPod touch a partir de janeiro, já teria direito aos novos softwares.

Mas e quem já tinha o iPod touch? Estas pessoas poderiam adquirir os novos software pela iTS a 20 dólares. Esta taxa para a atualização do iPod touch causou muito espanto e muita revolta entre os donos do aparelho. Em especial àqueles que vivem em países onde não há iTunes Store, como o Brasil.

Nesta quinta-feira passada, em ocasião do lançamento do SDK (kit de desenvolvimento de software para iPhone e iPod touch), Steve Jobs disse que a atualização do software para a versão 2.0 do iPhone será gratuita, e trará novas funcionalidades (como controles parentais, loja de aplicativos, um pacote de novas opções de conectividades para uso corporativo, entre outras). Mas ele disse também que esta atualização, que acontecerá em junho, terá um custo para os usuários de iPod touch. Mais uma vez os já usuários de iPod touch terão que desembolsar uma certa quantia para atualizar seu iPod. E é claro que este anúncio causou, novamente, revolta para muitas pessoas.

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Jobs explicou que haviam motivos fiscais para a cobrança de uma taxa pela atualização do iPod touch, o que não acontece com o iPhone. E ficou no ar aquela dúvida: mas por quê? Uma parte da charada o Gui Leite matou, explicando a existência de uma recente lei federal norte-americana que acabou por obrigar a Apple a fazer este tipo de cobrança:

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De acordo com essa lei, uma companhia só pode oferecer atualizações gratuitas para produtos vendidos sob o modelo de assinatura, ou seja, que a pessoa pague durante a vida do produto por serviços. Esse é o caso do iPhone, por exemplo, e do Apple TV, que apesar de não ter uma assinatura mensal rende lucros para a Apple através das locações de filmes e venda de músicas. No caso do iPod, mesmo existindo a iTunes Wi-Fi Store ele foi colocado nos livros da Apple em um modelo sem assinatura, e a empresa por lei não pode oferecer atualizações gratuitas sem mexer em sua contabilidade.

É possível sentir que há algo mais no ar. Algum motivo ainda maior.

Talvez o maior “erro” da Apple fosse ter feito o iPod touch tão parecido com o iPhone. Repito: o que todos precisamos entender é que o iPod touch não é um iPhone, e a Apple faz questão de diferenciá-los. Ela precisa diferenciá-los. São dois produtos muito diferentes nos seus modelos de comercialização. O iPhone possui um grande diferencial: o subsídio das operadoras de telefonia celular.

iPod touch é diferente de iPhone

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A Apple tem que manter o iPhone de todos os usuários atualizados, com mais softwares, com mais recursos. Para que as pessoas usem-no mais, para que precisem dele diariamente, o tempo todo, para que nunca deixem de usar os serviços de determinada operadora de telefonia, gerando mais lucros para ambas. E para atualizar o iPhone com os novos recursos é preciso estar em situação regular, ou seja, fazer o que a Apple estimula agressivamente a cada vez que lança uma atualização de firmware para o aparelho: não desbloquear o iPhone e assinar os serviços da operadora credenciada. Isso é igual a lucro. E isso não acontece com o iPod touch.

Quanto mais tempo você permanecer com o iPhone, melhor para a Apple. O contrário acontece com os iPods: quanto antes tornarem-se obsoletos melhor. O “problema” é que atualizações de funcionalidades para o iPod touch dão-lhe uma sobrevida além do desejável para a fabricante, e é preciso fazer com que isso não seja em vão. É preciso que exista algum retorno financeiro. A alternativa encontrada foi cobrar pelas atualizações. Algo que, acima de tudo, está justificado pela lei. Solução perfeita, não? Talvez não para os consumidores. Será?

iPods nunca tiveram atualizações como estas antes, muito menos gratuitas. E embora o iPod touch seja tão parecido com o iPhone, algo que confunde muito as pessoas, o iPod touch é um iPod, turbinado, mas é só um iPod. Você compra e usa. E se quiser atualizá-lo quando a Apple lançar alguma grande novidade em termos de software, terá de pagar, como foi no caso do pacote de 5 softwares lançados em janeiro, e como será no caso do lançamento da versão 2.0, em junho, que permitirá a instalação de softwares de terceiros. Estes softwares de terceiros serão vendidos ou distribuídos gratuitamente pela App Store do iTunes ou direto no seu iPhone ou iPod touch.

Vale a pena pagar uma certa quantia para dar uma nova vida ao seu iPod touch, mantendo-o atualizado assim como aqueles que estarão nas prateleiras em junho? Acho que sim. É uma forma de a Apple fazer o que nunca fez antes, adiar a obsolescência de um aparelho que deveria ser substituído a cada 6 meses/1 ano mais ou menos, cobrando uma determinada quantia, que só saberemos quanto será em junho. Teremos que aguardar para ver. De qualquer modo, é melhor do que não poder atualizá-lo de forma alguma, ou ter que comprar um novo para usufruir das novidades. O que, há pouco tempo, seriam as únicas opções.

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