O ano de 1995 começou com a posse do ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso e foi marcado por eventos importantes como os atentados terroristas no metrô de Tóquio; o lançamento do sistema operacional Windows 95 e a estréia, no EUA, do videogame PlayStation, o primeiro da Sony.
1995 também trouxe outra inovação: o lançamento comercial da Internet no Brasil e no mundo. Para comemorar a data, a revista Veja disponibilizou um especial com várias reportagens antigas sobre a rede mundial de computadores. Destas, a que me chamou mais atenção, principalmente por seu didatismo, foi a matéria de capa da edição de 1º de março, a respeito da “Rede que abraça todo o planeta”.
Era premente, naqueles dias, a necessidade de se ensinar a uma geração acostumada a escrever cartas — isso: caneta, papel, envelope, selo e correios — e que há apenas um ano antes havia tido contato com jurássicos aparelhos celulares (acredite ou não, naquela época uma linha de aparelho celular custava o equivalente a R$4.000 de hoje, e pagava-se a conta tanto ao fazer quanto ao receber ligações).
O autor da matéria, o jornalista Eurípedes Alcântara, foi magistral. Começou mostrando do que se tratava o assunto:
O “efeito Negroponte”, magistralmente descrito no seu novo livro, A Vida Digital, pode ser sentido na multiplicação do número de computadores interligados à rede mundial Internet, a mãe de todas as redes. Mudanças radicais do cotidiano, mesmo em áreas mais visíveis como a moda ou a arquitetura, nunca chocam muito porque no começo aparecem aos poucos e depois as pessoas se acostumam e não reagem mais. Com a Internet será difícil acostumar-se. Se você ainda não notou, tenha a certeza de que muito em breve vai ser obrigado a perceber. O susto, acredite, será muito grande.
Sim, o susto foi grande! Era assustador perceber — de forma ainda tosca, se comparada aos dias de hoje — as infinitas possibilidades que a nova tecnologia potencialmente colocaria à nossa disposição. Utilizávamos o Mosaic para navegar por uma Web composta, basicamente, por páginas em texto puro. O mais empolgante, porém, era uma coisa chamada “mensagem eletrônica”. O email era definido como uma espécie de CEP eletrônico:
A cada dia, 130.000 novos usuários pulam para dentro da rede. A cada hora, 5.416 novos terráqueos são interligados. Recebem seu email, ou endereço eletrônico, uma espécie de CEP através do qual seu computador pode ser encontrado, e passam a receber mensagens vindas de qualquer parte do mundo.
O meu primeiro software leitor de emails foi o Eudora, de saudosa memória, inclusive. Na época, era o leitor de emails de 10 entre 10 internautas e, para você ter uma idéia, em 1996, o UOL tinha esta aparência:
Como não poderia deixar de ser, a Apple também estava presente nesse momento de inovação sem precedentes (o grifo, no texto abaixo, é meu):
A imensa avalanche de novidades que a Internet está lançando na praça é resultado sobretudo dos avanços na área dos computadores. As máquinas portáteis de hoje fazem mais tarefas do que os gigantescos computadores empresariais do passado. E custam quase nada. Os modelos Macintosh são vendidos hoje por um terço do que valiam há apenas vinte meses. Em maio começam a ser oferecidos os primeiros clones, cópias autorizadas, dos Macintosh. Seu preço ficará abaixo dos 1.000 dólares. Aliás, está-se firmando uma meta não declarada da indústria de que 1.000 dólares é o preço máximo que se pode cobrar por um computador de uso doméstico. Isso é a conseqüência natural do fato de que o computador se está transformando num eletrodoméstico.
Sem dúvida, a Internet revolucionou nossa forma de ver, entender e nos relacionar com o mundo e as pessoas a nossa volta. E tudo era tão empolgante que a rede mundial de computadores ganhou até uma música em sua homenagem:
E pensar que tudo isso aconteceu nos últimos 13 anos, apenas. O que o futuro reservará para nós?
[Via: Tiago Dória Weblog.]