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O que Steve Jobs lançou em suas keynotes da Macworld Expo? (Parte 3)

A partir de 2010, o foco de lançamentos da Apple deixará de ser as tradicionais keynotes de abertura da Macworld Expo, passando a ocorrerem apenas eventos isolados feitos por ela em seu campus em Cupertino ou no próprio Moscone West, seja na WWDC ou em momentos especiais destinados à imprensa. Isso deixa uma incerteza sobre como ela os abordará daqui em diante, já que vários dos seus grandes lançamentos vieram nas diversas edições do evento, desde 1997.

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Steve Jobs e Paul Otellini anunciando a transição para processadores Intel na Macworld 2006
Steve Jobs e Paul Otellini anunciando a transição para processadores Intel na Macworld 2006

Faltando três dias para o início da Macworld Expo 2009 — quatro para a keynote de Phil Schiller — trago o último artigo da nossa série que fala a respeito dos lançamentos feitos pela Apple nas edições anteriores do evento. Acredito que neste ponto ficará mais fácil de lembrar: começaremos em 2005, e viremos até 2008, que acabou há menos de três dias. Caso não tenha lido os dois artigos anteriores, fica aqui a dica para buscar neles um pouco mais sobre a história que a Maçã construiu nesses eventos.

2005: quem pensava em mudar para o Mac deixou de ter desculpas

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Até então, uma coisa que a Apple nunca tinha feito em sua história era um computador barato à altura dos PCs — bom, ela não fez isso ainda para nós brasileiros, mas não vem ao caso. O que muitos usuários queriam era um Mac que fosse realmente não só mais barato, mas também mais compacto e customizável: por mais bonitos e minimalistas que os acessórios da Apple fossem, tinha gente querendo um computador em que pudesse escolher outro modelo de monitor, e talvez até outro modelo de teclado ou mouse.

Esse foi o principal conceito do Mac mini, apresentado nessa keynote pela primeira vez. A Apple soube fazer dele algo realmente robusto e barato para as pessoas — inclusive para nós brazucas, se o compararmos com o preço de um iMac nessa época. “Quem está pensando em mudar não tem mais desculpas”, disse o CEO da Apple. O seu design simples e compacto também possibilitou a muita gente fazer loucuras com ele, muitas delas nunca imaginadas por Steve Jobs.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=GJpZGeihy0s[/youtube]

Entretanto, o Mac mini foi apenas uma das novidades. Antes dele, foi hora de dar aos presentes no auditório do Moscone Center um pouco do que viria no Mac OS X 10.4 Tiger, em abril daquele ano. Steve Jobs demonstrou o novo QuickTime 7, a maior versão do player de vídeos já lançada até hoje, na qual a principal novidade era o novo formato MPEG-4, baseado no codec H.264.

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[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=904GQGkK84w[/youtube]

Depois, foi apresentado o Dashboard, na época totalmente novo no Mac OS X e palco da tecnologia de widgets que era totalmente aberta para desenvolvedores. Menos de 60 dias após ser lançado no Tiger, ele podia ser customizado com mais de 500 widgets. O vídeo que estão para assistir é um dos mais engraçados desta série, na minha opinião:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=dlLNARg-3DQ[/youtube]

Logo após, Steve Jobs lançou uma nova versão do iLife, sem nenhuma novidade bombástica, a não ser o seu companheiro destinado a produtividade, o iWork — destinado a ser sucessor do velho AppleWorks, que ainda era de uma época em que não se pensava em Mac OS X ou em iLife. Nele, foi introduzido o Pages, que era um novo aplicativo processador de textos que trazia a mesma idéia de senso de estilo da primeira versão do Keynote, lançada em 2003 e atualizada como parte do iWork.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=vQ3VfiNXawg[/youtube]

Após descrever o cenário do iPod no mercado, Steve Jobs apresentou um novo modelo para a sua linha, destinado a concorrer ainda mais dentro do segmento de players baseados em memória flash: o primeiro iPod shuffle era tão simples para se ouvir músicas que nem precisava de um tela ou click wheel. Ainda assim, ele se destacava por ser capaz de executar músicas em modo randômico, que era um recurso muito usado por usuários de iPods.

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[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=nqL3wUlRFD0[/youtube]

2006: a transição para processadores Intel (assista à keynote completa)

Anunciada pela primeira vez durante a WWDC em 2005, a transição para Macs Intel realmente atingiu os usuários finais durante esta edição da Macworld Expo. O foco da feira não foi apenas a introdução dos primeiros Macs da nova geração, mas também foi a oportunidade de se poder trabalhar de perto nos primeiros Binários Universais, que rodavam tanto nos novos Macs quanto na maioria da linha, que continuou sendo fabricada com chips PowerPC por mais alguns meses.

A Apple aproveitou a feira para apresentar dois deles: o iLife ’06 e o iWork ’06. Não foi feita uma demonstração sobre a nova versão da suíte de produtividade, mas o iLife ganhou duas ótimas adições: a primeira foi o iWeb, para produção fácil e rápida de sites onde os usuários eram capazes de se preocupar bem mais com o visual e o conteúdo do que escrevendo centenas de linhas de código. A segunda foi o Podcast Studio, integrado ao GarageBand, que foi usado por Steve Jobs para gravar um podcast, ali mesmo:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=EfuXcLCXlgI&feature=related[/youtube]

Em seguida, Paul Otellini subiu ao palco, a fim de entregar os primeiros processadores Intel em público para Steve Jobs. Seis meses antes do esperado, foi lançado um novo iMac, o primeiro dessa nova geração, que não trazia um novo design revolucionário, mas era três vezes mais rápido que seu antecessor. Para complementar, a Apple também produziu um novo anúncio relacionado com a transição para Intel:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=88bzOwgVAcM[/youtube] [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=434bcY2npow[/youtube]

Por fim, o “One More Thing” foi o novo MacBook Pro de 15 polegadas. Como a Apple estava passando por dificuldades para lançar um novo PowerBook com processador PowerPC G5 — devido a questões técnicas de engenharia e consumo de energia –, a transição para Intel veio em uma boa hora: o novo MacBook Pro chegava a ser cinco vezes mais rápido que o antecessor:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=I6JWqllbhXE&feature=related[/youtube]

2007: Apple TV e iPhone (assista à keynote completa)

Nesta edição da feira não houve, creio que pela primeira vez, nenhum anúncio relacionado ao Mac. A intenção principal foi esclarecer que a Apple deixava de produzir apenas computadores, mas também produtos destinados ao estilo de vida digital das pessoas. Isso começou lá em 2001, com a introdução do iPod, mas se tornou ainda mais relevante em 2006, com a introdução da iTV sob a forma de um projeto interno, a qual Steve Jobs fez questão de mencionar novamente em 2007, com o nome Apple TV:

Apresentação da Apple TV - Macworld 2007

Logo em seguida, Jobs apresentou o iPhone ao público pela primeira vez. Talvez a grande sacada da Apple tenha sido apresentá-lo como três produtos em um: um iPod widescreen, um telefone revolucionário e a real concepção da internet em um celular — ou smartphone, como queira. Não é à toa que ele cresceu como uma das “pernas” da Apple, mas a coisa vai um pouco além disso: o iPhone é a prova mais notável de que a Apple dita tendências em produtos, e o mundo segue — ou tenta seguir.

Macworld 2007 - Três Produtos

Macworld 2007 - iPhone

2008: Time Capsule, iPhone OS 1.1.3, iTunes Movie Rentals e MacBook Air

Enfim, chegamos ao ano que acabou de se passar. Steve Jobs prometeu, nesta keynote, um ano cheio de novidades, e acredito que ele tenha cumprido a promessa. Mas não dá para ficar sem lembrar que o começo de 2008 foi repleto de novidades, quase toda terça-feira. Na Macworld Expo, Steve Jobs baseou sua apresentação em quatro novidades. A primeira delas foi o Time Capsule, uma união de uma AirPort Extreme com um HD, feita especialmente para o Time Machine, que serviu para contemplar o sucesso do Leopard — 5 milhões de cópias vendidas em 90 dias.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=1P_0opL0tZU[/youtube]

Em seguida, foi lançado o iPhone OS 1.1.3, com importantes novidades para os usuários ligadas ao Maps, envio de SMS para múltiplas pessoas, extensões para execução de filmes, suporte a letras de músicas, WebClips, customização de Home Screen… ufa! Para muita gente foi mais importante que a versão 2.0 anunciada na WWDC. O que não agradou foi o fato de ele ser grátis apenas para o iPhone, como é até hoje, em termos de atualizações do OS:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=3z5UNK8L2C0&feature=channel_page[/youtube] [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8-0Ob5xwqps&feature=channel_page[/youtube]

Ao anunciar os resultados do primeiro ano em que foram vendidos filmes na iTunes Store, Steve Jobs apresentou também o iTunes Movie Rentals, com apoio de vários estúdios de Hollywood. Nem é preciso dizer que foi a sua enorme influência nesse meio — em especial devido à sua participação na Pixar e depois na Disney — que contribuiu para essa empreitada, mas a introdução do aluguel de filmes na iTunes Store veio acompanhada de uma grande atualização para a Apple TV, que passou a funcionar sem a necessidade de um computador:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=WY-qBRdqaDk&feature=channel_page[/youtube]

Por fim, havia “alguma coisa no ar”: essa foi a propaganda usada para propagar o notebook mais fino do mundo, o novo MacBook Air. Hoje nós sabemos melhor como ele é construído, mas na época a sua repercussão foi incrível, já que o fato de ser tão fino não comprometia os recursos do notebook — a não ser pela falta de FireWire e SuperDrive, mas isso é outra história.

Não obstante, ele é mais uma prova de como a Apple sabe ditar tendências em produtos, já que recentemente vimos rumores da Dell prestes a lançar uma linha de notebooks ultra-leves. No entanto, isso não é algo ruim: apesar de esses exemplos serem taxados pela maioria das pessoas como imitação de quem teve a idéia primeiro, é o que o move o mercado — incluindo a Apple — a evoluir, e isso sempre acaba sendo bom para nós, usuários finais:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=x5iPJwZkr6E&feature=channel_page[/youtube] [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=OP-UpM8Q-wc&feature=channel[/youtube]

2009: ???

Por fim, chegamos a 2009. A três dias da última keynote da Apple em uma Macworld Expo, já alimentamos expectativas sobre o que está por vir, não é mesmo? Muitas notícias e rumores foram publicados no MacMagazine e em outros sites, e a tendência é que eles se concretizem, como ocorreu em 2008:

Como já falei anteriormente, o motivo de publicarmos essa série no MacMagazine foi só para que você conhecesse um pouco mais os lançamentos que Jobs fez na Macworld Expo, mas há uma razão ainda mais importante: durante os últimos 12 anos, a Apple deixou de ser uma empresa quase falida para se tornar uma das mais sólidas na área de hardware e software. Depois de 25 anos desde o lançamento do primeiro Macintosh, 2009 será o ano em que veremos, com maior relevância, mudanças destinadas a ajustar o futuro.

Sabemos que os entusiastas da Apple e dos seus produtos pelo mundo gostam de Jobs à frente da companhia, mas as crescentes preocupações que o seu estado de saúde não fizeram muito bem para a empresa. Mas o que vale lembrar nisso tudo é que durante todo esse tempo que acompanhamos as novidades da Maçã, vimos muita gente talentosa nos bastidores de tudo que ela lançou. Além disso, vimos analistas e conhecidos falarem que o CEO está bem, e acredito que essa preocupação passou da hora de ser deixada de lado, pelo menos por enquanto.

O fato de 2009 ser a última participação da Apple na Macworld é algo um pouco mais difícil de engolir, mas não significa o fim de eventos do tipo. Pelo contrário: serve como incentivo. Uma das coisas mais importantes por trás de uma plataforma aberta para desenvolvimento é a sua comunidade. E nos últimos anos vi muitos falarem o quanto a Macworld diminuiu, diante do crscimento da empresa mais importante na vista de todos. O mesmo aconteceu com a Apple Expo, em Paris, a Macworld Expo Nova York e tantas outras.

Talvez essa imagem publicada entre as primeiras fotos do Moscone Center para a semana que vem sirva para exemplificar o que eu quero dizer. Na minha opinião, o ano que vem deverá ser o início de uma nova era, na qual toda a comunidade em volta dos produtos da Apple pelo mundo deverá se esforçar mais para fazer da Macworld Expo um evento capaz de revolucionar, de “parar o trânsito”, de mostrar à Apple o quão importantes e interessantes essas conferências são. O que realmente importa neles vai além da carga pessoal que certas personalidades ou empresas dão para produtos revolucionários que ditam tendências, e sim no trabalho de todos os envolvidos na sua concepção, e de uma comunidade capaz de criar coisas incríveis e criativas para eles.

Bom, eu espero que vocês tenham gostado desta série e também espero que fiquem ligados o máximo que puderem na cobertura especial da Macworld Expo 2009 que estamos preparando para a semana que vem, aqui no MacMagazine. Muito obrigado, desde já! 😉

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