Mas não abriu mão de seu modelo de amplos lucros. Enquanto os rumores diziam apenas “menos de US$1.000” (o código para US$999), tudo ia bem. Contudo, ao revelar o preço do iPad, Steve Jobs provocou um verdadeiro distúrbio na Força: o custo do modelo mais básico é quase a metade do que muitos esperavam.
De acordo com uma análise de custos que a Computerworld levantou junto à BroadPoint AmTech, o iPad Wi-Fi de 16GB custa apenas US$280,50 para a Apple fabricar — o que significa que cada modelo básico rende US$208,50 em lucro, se não levarmos em conta custos com embalagem, marketing, transporte, garantia e P&D (pesquisa e desenvolvimento). O componente mais caro é a tela LCD de 9,7″ sensível ao toque, que custa US$100, enquanto a carcaça de alumínio e os 16GB de NAND flash custam US$25 cada. O chip A4, desenvolvido pela Apple, sairia por apenas US$15.
Outros modelos de iPad dão uma margem de lucro mais folgadas ainda: o modelo de 16GB equipado com Wi-Fi e 3G, por exemplo, custa apenas US$98 a mais para produzir, mas tem o valor de venda acrescido em US$130 — o bastante para empurrar o lucro nove pontos percentuais para cima. Situações semelhantes se repetem com os modelos de maior memória: a versão compatível com redes celulares sempre rende mais lucro que a limitada a redes locais sem fio.
Por enquanto, o iSuppli, outro especialista em estimar custos de fabricação de gadgets, não quis se declarar: “Queremos mesmo esperar até sabermos um pouco mais sobre o há dentro [do iPad]”, disse Andrew Rassweiler, diretor dos serviços de desmontagem. “Preferimos não lançar números por enquanto.” Contudo, ele arriscou-se a dizer que o custo de componentes como a antena Wi-Fi, o Bluetooth e a memória não devem se desviar muito dos de um iPod touch. Quanto ao Apple A4, Rassweiler acredita que “não se trata de um componente à venda em qualquer lugar, mas uma versão customizada a partir de blocos padrão.”
Apesar desta margem de lucro elevada num preço acessível aos consumidores (nos EUA), algumas fabricantes estão sentindo a chegada de um problema: como elas vão competir no mercado de tablets, agora que a Apple entrou nele aparentemente sem cobrar a infame Apple tax? O DigiTimes apurou rumores indicando que fabricantes de netbooks estavam à espera do preço de US$1.000, para então concorrer com produtos 20–30% mais baratos.
Contudo, eles foram pegos de surpresa pelo preço mínimo de US$500: para atrair consumidores como a Lauren, suas margens de lucro terão que ser substancialmente cortadas, o que pode reduzir a competitividade neste novo segmento do mercado. O momento pós-keynote, portanto, é de avaliar as estratégias para evitar uma competição direta de preços.
Será que veremos um comercial Slate Computer Hunters, feito pela Apple?