Que o iPad não é exatamente um gadget perfeito, nós já sabemos: nos últimos meses, já foram constatados problemas com sua conectividade sem fio, reclamações de usuários sobre compatibilidade de documentos do iWork e até falhas de segurança com o Safari, mais recentemente. Porém, nenhum deles motivou um executivo de uma grande empresa de consultoria a devolver o produto para a Apple, e sim o fato de ele ser “bom demais”.
“Ele é fácil demais de usar. Acessível demais”, disse Peter Bregman, que devolveu a tablet depois de pouquíssimo tempo de uso. Talvez você esteja se perguntando o que há de ruim nisso, mas Bregman até oferece um bom argumento ao indicar que o iPad tornou-se rapidamente um mal, um vício enorme, impedindo-o de reservar tempo para pensar sem ter foco em nada. “Qualquer momento livre tornava-se um momento para o iPad. […] Minhas melhores ideias costumam vir quando estou ocioso”, disse.
De fato, esse efeito é comum em produtos que oferecem fácil acesso a um monte de coisas diferentes para as pessoas — por meio de milhares de aplicativos, por exemplo. Eles despertam um tipo de comodismo que impede as pessoas de se focarem no que há fora deles, e não é de se admirar que isso motive gente a abandonar gadgets como o iPad. Há quem seja capaz de se habituar a isso (ou melhor, a maioria absoluta se habitua a isso), mas quem enxerga isso como um mal logo de cara e decide evitar, bom, assim o faz.
É por esses e outros motivos que eu acredito que o Mac e outros computadores pessoais serão plataformas influentes no mercado por muito tempo, e não desaparecerão no futuro pelas mãos de quem os criou. Eles trazem facilidade de uso para os usuários e diversas possibilidades, mas também oferecem complexidade e maior liberdade de pensamento para os que gostam disso, ou seja, nem tudo neles precisa vir “mastigado” para um leigo.
Mas claro, essa história é meio controversa com a quantidade de gente que já acredita que aparelhos como tablets serão o futuro de toda a computação pessoal. Pelo visto, cada previsão diferente exclui uma parcela das pessoas…
[via Silicon Alley Insider]