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Gerenciamento de arquivos no iPad é, pra dizer o mínimo, um pesadelo de usabilidade

iWork para iPad

Há momentos em que a Apple consegue se superar e cria produtos tão fáceis de usar e úteis que, honestamente, não dá pra se livrar deles facilmente, depois de habituar-se. Há momentos, porém, em que uma determinada implementação é tão mal feita e enrolada que podemos pensar que seu criador foi um espião infiltrado trabalhando pra concorrência.

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O gerenciamento de arquivos no iPad, por exemplo, é material para pesadelos: depois de ler este artigo de Ted Landau no The Mac Observer, chego a pensar que era melhor que não houvesse tal funcionalidade. Que esperassem dois anos para implementá-la, mas que a entregassem usável (*coff!* Copiar & Colar *coff!*). A principal vítima, neste aspecto, é a suíte de produtividade para a tablet, a iWork.

Exportar para… Numbers?! Mas eu não já estou no Numbers?

Para ilustrar o problema que a Apple criou, tomemos o processador de planilhas como exemplo. O iPad tem o Numbers. O Mac OS X tem o Numbers. Mas você tem que exportar um documento do iPad antes de transferi-lo para o Mac, como se fossem dois softwares completamente diferentes. Deixa eu repetir: mesma empresa, mesmo programa (ao menos no nome), mas você precisa _exportar_ um documento antes de transferi-lo para seu computador. A recíproca é verdadeira: você tem que importar um documento do Mac, antes de começar a trabalhar nele usando a tablet.

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Sincronizar arquivos? Nem pensar. Estamos de volta à era dos disquetes, neste aspecto, como bem notou John Gruber em seu review do iPad. Abaixo reproduzo os passos para trabalhar em um documento nas duas plataformas da Apple, Mac OS X e iPhone OS:

  1. Antes de abrir a versão corrente do arquivo no meu Mac, tenho que checar se não há uma versão mais recente no iPad.
  2. Abro o arquivo no Mac e faço alterações.
  3. Salvo.
  4. Conecto meu iPad ao Mac via USB.
  5. Vou ao iTunes, à aba Apps do meu iPad.
  6. Adiciono a revisão recém-salva do documento à lista de compartilhamento de arquivos do app Numbers.
  7. Sincronizo.
Passo oito: importe o documento.

Não tem passo OITO! Ou melhor, TEM: você ainda vai ter que importar o documento dentro o Numbers do iPad. Alguém faz ideia de como piorar esse sistema? Já sei! Que tal se o iPad quebrar permanentemente a formatação dos documentos criados com os aplicativos da Apple? (Importante notar: não estou falando de problemas ao importar um arquivo DOC, do Microsoft Word, mas de arquivos criados pelo Pages para Mac OS X.)

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Num documento de suporte do Pages para iPad, a Apple explica que alguns recursos do desktop não são importados para a tablet. Coisa pouca, como notas de rodapé, links para qualquer coisa que não seja uma página da web, índices automáticos (table of contents) são convertidos em texto comum, dentre outras coisas. Só pra ratificar: seu trabalho de conclusão de curso, num iPad, vai virar uma página em HTML5 renderizada pelo Internet Explorer 6.

E isso, uma vez perdido, não é recuperado ao reconverter o arquivo para o Mac. A mesma diabrura vale para o Keynote (por exemplo, você perde _só_ as notas de apresentação ao importar), enquanto para o Numbers tais problemas de compatibilidade não são abordados — o que não quer dizer, necessariamente, que não existam.

Depois de conhecer essas agruras do iWork para iPad, eu só tenho a dizer que era bem melhor se a suíte não existisse: deixasse para lançá-la junto com o iWork ’11! Do jeito que está, ela é um pesadelo! Ao usar um app como o Dropbox, eu consigo ter versões atualizadas de todos os meus arquivos em todas as máquinas autorizadas — e ainda via uma interface na web, se todos os meus gadgets fritarem numa explosão nuclear. O fato de não poder contar com esse tipo de integração via iWork.com ou MobileMe nos aplicativos de uma empresa gigantesca como a Apple reflete uma negligência/falta de visão que é simplesmente inaceitável.

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Por isso, pense duas vezes antes de pedir um recurso “pra ontem”: o Copiar & Colar demorou, mas hoje dá gosto de usar. Esse sistema de arquivos nos apps iWork, por outro lado, é risível. Não dá pra trabalhar a sério com uma coisa mal acabada dessas. Tenho certeza quase absoluta de que o Jobs nunca tentou usar esse sistema pré-histórico de gerenciamento de arquivos.

#epicFAIL

P.S.: para manter o post com menos de mil palavras, eu não entrei no mérito de que você não pode enviar um arquivo do iWork usando o Mail. É preciso ir ao Pages, por exemplo, e escolher “Enviar por email” — a lógica disso é obscura, apesar de ser tecnicamente fácil de entender. Mais: enquanto o iPad pode enviar documentos para o iWork.com, o inverso não ocorre. Mais ainda: misteriosamente, o iDisk e nada são a mesma coisa, na hora de importar/exportar arquivos. One more thing: no iPad, o iWork só suporta os 40 tipos de fontes mais comuns; boa sorte, usando suas fontes customizadas favoritas!

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