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Saiba o que a chegada da Mac App Store representará para você

Anunciar uma loja de aplicativos para Macs a exemplo do que deu certo no iOS já era uma iniciativa da Apple aguardada por muita gente, e não é de hoje que alguns esperam pelo aparecimento dela no Mac OS X. Contrariando o ritmo de desenvolvimento da próxima versão do sistema operacional da empresa, teremos a chance de avaliar esse novo ponto de venda de softwares daqui a aproximadamente três meses, mas acredito que o momento mais apropriado para esclarecer algumas questões e apresentar detalhes de como ele funcionará para os usuários seja agora, acompanhando as discussões que já começaram.

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Do ponto do vista do usuário final, acho que está mais do que claro que a Mac App Store e a iOS App Store assemelham-se bastante, de forma que não precisamos perder tempo examinando quase todos os itens dos requerimentos de aprovação que são válidos no sistema operacional móvel da Apple. Assim sendo, podemos nos concentrar em como a experiência de desenvolvedores atualmente habituados com o Mac OS X e usuários será afetada pelo jeito “jardim fechado” de se distribuir software.

Sem mais delongas, examinemos alguns conceitos da Mac App Store que já estão claros com informações públicas:

Os métodos de instalação

Mac App Store rodando num MacBook Air

Se fosse possível enumerar agora todas as perguntas de usuários sobre a Mac App Store, a maioria delas certamente seria referente a uma provável criação de um sistema fechado de distribuição de programas, similar ao do iOS. Não se trata do caso, aqui: os usuários continuarão capazes de instalar programas em seus Macs por outros meios, já que isso não deixará de ser importante para a Apple no ambiente desktop.

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Alguns exemplos de programas que não serão distribuídos na Mac App Store são os próprios jogos do Steam, que estão à venda na sua loja oficial e usam um sistema exclusivo de licenciamento e proteção contra cópia que atende aos interesses da Valve. Dessa forma, se um desenvolvedor quiser manter o seu jeito de licenciar softwares para outros usuários (sem revogar, por exemplo, sua estratégia para taxá-los por cada instalação), ele não será impedido de fazê-lo, tampouco será penalizado de qualquer maneira por não aderir à Mac App Store. Todos os outros métodos de instalação continuarão funcionando, como os usuários estão habituados hoje.

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Atualmente, muitos desenvolvedores para o Mac OS X distribuem seus produtos em embalagens padronizadas nas lojas físicas, incluindo a própria Apple, então essa é uma opção que muitos usuários poderão considerar, enquanto os desenvolvedores decidirão entre manter, incorporar à estratégia de distribuição na Mac App Store, ou descontinuar, caso acreditem ser cabível. Também será escolha deles distribuir seus programas em mais de um espaço aglomerado de forma similar à Mac App Store, como por meio do Bodega, por exemplo, que já é usado por muita gente.

As restrições (reais) para desenvolvedores do Mac OS X

Open?Após tantas novelas geradas pela série de requerimentos que a Apple publicou para o iOS App Store, não há por que perder mais tempo: a maioria delas deverá ser seguida na Mac App Store. Contudo, muitos desenvolvedores profissionais para o Mac OS X nem vão se preocupar com elas, pois eles já conhecem as exigências e melhores práticas da Apple há muito mais tempo do que um desenvolvedor tradicional para o iOS; se pegarmos como exemplo a Panic, que é uma empresa independente de médio porte e com poucos apps à venda, estamos falando de mais de dez anos de experiência com tecnologias da Maçã (com provas reais disso).

Dito isso, o que acreditamos é que nenhum desenvolvedor sério para o Mac OS X terá dores de cabeça com mensagens de rejeição alegando falhas no cumprimento de requerimentos de usabilidade, uso de direitos autorais ou restrição à violência e pornografia (incluindo determinação de faixas etárias de uso). Mas ainda assim, desenvolver para a Mac App Store colocará muitas empresas em um impasse por razões específicas. Eis algumas delas:

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  • Oferta de apps em versões demonstrativas: conforme foi muito bem notado pelo TUAW, esta prática comum no mundo Mac está proibida na primeira versão dos requerimentos da App Store para a nova plataforma, que vazaram online. Forçar um usuário a comprar um software desktop de valor avaliado em até centenas de dólares não é o mesmo que fazê-lo num celular sem chance de revogação. Sem falar que não suportar apps em versão de demonstração é ridículo, vindo de quem adota essa prática no Mac OS X.
  • Descontos em upgrades: se isso até hoje não apareceu na iOS App Store, terá que virar realidade na Mac App Store de um jeito ou de outro, pois são muitos os desenvolvedores que dependem disso — em qualquer escala. Conforme também notou o TUAW, não se trata de nada megacomplexo: basta permitir que os desenvolvedores ajustem um preço de upgrade com desconto para ser mostrado a um dado usuário caso ele tenha a versão anterior de um app e pronto.
  • Processos de instalação personalizados: por padrão, aplicativos não poderão exibir licenças de uso no momento da primeira inicialização (ela deverá constar como um link na App Store) e deverão ser compostos apenas por um arquivo .app. Nenhum arquivo de código deverá ser instalado de forma independente pelos softwares da App Store (a não ser os recursos que ficam por padrão nos diretórios do sistema), o que dificulta a integração deles com sistemas de notificação, como o Growl.
  • Extensões de kernel: programas da Mac App Store não poderão instalar extensões de kernel (ou kexts). Talvez você nunca tenha ouvido falar delas na vida, mas elas costumam ser importantes na adição de suporte a hardware externo, que pode contar com algum software de apoio, a exemplo dos vários que são distribuídos na iOS App Store para uso com acessórios — embora não empreguem kexts. Elas também podem atender a necessidades específicas de alguns programas independentes, como o Transmit 4 (que também é da Panic, citada acima), capaz de montar volumes remotos no Finder usando uma extensão de kernel.
  • Privilégios: caso um app precise usar dados da localização de um usuário ou privilégios do sistema (para a execução processos em segundo plano ou abertura automática no momento do login no sistema), será preciso chamar a atenção do usuário para que ele tome conhecimento dessas funcionalidades. Porém, nenhum app pode rodar com privilégios de superusuário (root), embora seja possível tomar ações gerais no sistema pedindo a autenticação do usuário caso preciso.
  • Integração com apps do sistema: ela é 100% viável, desde que use as APIs padrão para os respectivos programas (Safari, Agenda, iCal, etc.). Não serão aceitos apps com plugins em SIMBL, pelo visto — o que não é de todo ruim, pois o uso deles nunca foi recomendado.

Novamente: estas restrições (e muitas outras, que não cabem neste resumão) podem ser burladas por outros métodos de instalação que não envolvem a Mac App Store e continuarão sendo aceitos. Eu acredito que a Apple vai abrir exceções em alguns casos especiais ou até modificar esse primeiro lote de requisitos, mas aí é esperar para ver.

Atualizações automáticas

A Mac App Store visa unificar a instalação de updates de apps. Mas esse processo não oferece problemas para usuários em desenvolvedores, hoje em dia.

Muitos programas para Mac seguem um fluxo de atualização automático em comum, que é baseado em um framework bastante conhecido pela comunidade de desenvolvedores, o Sparkle. Há várias vantagens no uso dele, mas acredito que a App Store centraliza e simplifica a maior parte delas para os criadores de software e para os usuários.

Na realidade, acredito que exista apenas uma exceção: o tamanho dos downloads de updates. Quando você atualiza seus apps para o iOS, você não está baixando um ou mais pacotinhos de atualizações, e sim as versões integrais dos binários que foram liberadas pela Apple. Talvez nos gadgets isso passe despercebido, mas no desktop isso poderá ser penoso em algumas situações — como em um Photoshop Lightroom da vida, por exemplo.

Via Sparkle, apenas o “pedaço” de um determinado programa que foi atualizado é modificado com o consentimento do usuário, então os downloads são muito mais simples e rápidos. Até o lançamento da Mac App Store, não sabemos se a Apple tirará proveito dessa ferramenta: há esperanças, considerando que o pessoal que comanda o desenvolvimento do WebKit na empresa usa o Sparkle.

A opinião de desenvolvedores e usuários

Devido aos motivos que vimos anteriormente, já fica claro que a Mac App Store não será uma escolha universal de qualquer desenvolvedor; logo, seu anúncio teve reações variadas entre a comunidade ao redor do Mac OS X.

Uma reunião de entrevistas com alguns profissionais feita pela revista brasileira Mac+ evidencia isso. Grande parte das empresas de pequeno e médio porte ou profissionais independentes estão animados em preparar seus produtos para a loja, então veremos muita coisa boa disponível nos primeiros dias.

Contudo, desenvolvedores mais experientes, cujas impressões foram reunidas tanto pelo desenvolvedor da revista quanto pelo Cult of Mac, temem em esbarrar nas potenciais restrições da Apple e avaliam as implicações do seu modelo de negócio — até a divisão de lucros em 70/30 está em estudo por alguns. Mesmo assim, veremos muita coisa de alguns nomes do setor, como o Omni Group e a Realmac Software. Empresas que fizeram sucesso no iOS, como a Firemint, também estão a bordo da primeira leva de membros da loja.

Para usuários, as características da Mac App Store sugerem que a iniciativa é mais do que boa, pois além de ser um canal de distribuição unificado, trata-se ainda de uma ferramenta que simplifica o licenciamento de software para os que possuem mais de um computador. Ao mesmo tempo, é cedo para prever como a opinião do público sobre a loja será construída com o tempo, mas o que deve ficar claro é que ainda teremos a liberdade de instalar softwares por outros métodos, o que esperamos que não levantará a ira de ninguém em qualquer um dos lados da moeda.

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