Como parte de suas obrigações legais para o ano fiscal de 2010, a Apple publicou seu relatório 10K destinado à Securities and Exchange Comission (SEC), nos Estados Unidos, contendo informações detalhadas sobre suas operações ao longo do ano.
Apesar de o documento ser longo (“Senhor-dos-Anéis-longo”), algumas informações interessantes se destacam em uma leitura rápida, enquanto outras começaram a ser destacadas por várias fontes de notícias em todo o mundo. Yay, for crowdsourcing!
A primeira e mais óbvia é uma tabela oficial que compara as vendas dos principais produtos da Maçã ao longo de 2010 com os números dos dois anos anteriores: é possível perceber que o crescimento do Mac foi expressivo, o iPod experimentou sua segunda queda sucessiva e o iPhone basicamente explodiu. Por estar em seu primeiro ano de vendas, não é possível comparar a performance do iPad com anos passados, mas ele já vendeu em cerca seis meses mais de 60% do que o iPhone em 2008 inteiro — isso deve dizer alguma coisa.
Outra informações curiosa, que o TechCrunch destacou bem, foram os gastos da Apple com publicidade: eles cresceram quase 38% entre 2009 e 2010, indo de US$501 milhões para US$691 milhões. Ainda assim, a Maçã investiu em publicidade menos que a Dell — e menos da metade do que a Microsoft gastou no ano passado. E, para completar, essa despesa representou cerca de 1% das receitas.
Steve Jobs voltou a viajar bastante em 2010, segundo notou o Fortune Tech. No quarto trimestre, ele recebeu um reembolso de US$93 mil, mas o maior gasto no período ainda foi no Q2: US$127 mil. No ano, a soma foi de US$248 mil.
Em pesquisa e desenvolvimento (ou R&D, isto é, Research & Development), a Maçã investiu US$1,8 bilhão — quase US$450 milhões a mais que em 2009. Apesar desse aumento substancial, houve uma queda na razão entre R&D e receitas, como já destacara Horace Dediu. Outras despesas administrativas (incluindo os valores de marketing acima) somaram US$5,5 bilhões, 33% a mais que em 2009.
Uma das causas para esse aumento foi a expansão do quadro de pessoal, destaca a Reuters. No final do ano fiscal, em 25 de setembro, a Apple tinha 46.600 empregados de tempo integral, dos quais 26.500 trabalham em Retail Stores. Comparativamente, esses números eram de 34.300 e 16.500 há um ano.
Agora um alerta aos investidores, observado pelo AppleInsider: o declínio na margem de lucros de 40,1% em 2009 para 39,4% em 2010 deverá continuar, devido ao lançamento de novos produtos com estruturas de custos elevadas, além de possíveis aumentos nos preços de componentes. Uma das dificuldades encontradas pela Maçã seria a obtenção de peças oriundas de um único fornecedor, o que o levaria a reduzir suas margens para até 36% durante o trimestre de dezembro.
O mesmo alerta constava no relatório do ano passado, e a Apple lançou o iPad por um preço de entrada que tirou o sono da concorrência. Será que ela vai continuar agressiva assim com os preços em 2011?