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Análise de livro: “The Steve Jobs Way – iLeadership for a New Generation”

Capa do livro - The Steve Jobs Way - iLeadership for a New Generation

por Henrique Autran

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Como leitor compulsivo, passo boa parte de meu tempo livre dedicado a leitura em diversas áreas de interesse. Dentre todas, uma que me fascina e estimula é conhecer a vida e a obra de pessoas que se destacaram em seus campos de atuação. São as biografias que mais me chamam atenção e norteiam muito de minhas escolhas quando vou à livraria.

Capa do livro - The Steve Jobs Way - iLeadership for a New GenerationAssociado a isso, meu crescente uso de gadgets da Apple me deu a oportunidade de estudar um pouco mais sobre o homem por trás do grande sucesso da Maçã, Steve Jobs. Já tive a oportunidade de ler vários trabalhos sobre suas técnicas, sua personalidade e a história da companhia. O mais recente deles foi um livro de Jay Elliot, ex-vice-presidente sênior da Apple, uma das pessoas da primeira geração da empresa e amigo pessoal de Jobs.

Chamou muita minha atenção o título da obra — The Steve Jobs Way – iLeadership for a New Generation —, pois envolve ainda uma outra área de estudo, a liderança, essencial em meu campo de trabalho como distribuidor da Herbalife. Resolvi dar uma chance ao livro, mesmo não estando disponível em português. Comprei-o diretamente da iBookstore e iniciei a leitura no meu iPad. O livro me cativou e não consegui largá-lo até terminar.

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Em linhas gerais, para os leitores menos detalhistas, o livro pode ser apenas mais uma abordagem da personalidade de Jobs e da forma como dirige a Apple. No entanto, quem vai mais a fundo em aspectos de liderança encontrará um excelente manual para aplicar em seu negócio ou empreendimento.

Vale a pena falar um pouco sobre o autor, antes de resumirmos o livro. Ex-funcionário da IBM, Elliot tinha largado o trabalho pois via muita lentidão na adoção de inovações pela Big Blue. Assumiu uma posição na Intel e pediu demissão para iniciar uma parceria como empregado da Eagle Computers. Mas a sorte não estava ao lado de Elliot (ou estava?). O dono da empresa, depois do sucesso da abertura e venda das ações, foi comemorar com colegas de trabalho e depois comprar uma Ferrari. Ao sair da revenda para um test-drive, bateu e acabou morrendo. Seu negócio foi para o túmulo com ele. Jay conheceu Steve Jobs nessa situação.

Ele conta que estava esperando uma mesa em um restaurante quando começou a conversar com uma pessoa ao seu lado sobre essa história. Rapidamente eles se identificaram pela paixão por computadores. Jay estava diante do jovem Steve Jobs, fundador e na época presidente da Apple Computer. A partir daí, uma amizade e parceria de negócios se estabeleceu.

Parte I – Czar dos Produtos

O autor descreve nesta parte do livro a paixão de Steve Jobs pelo produto. Ele destaca o foco, muitas vezes irracional, pelo produto. Uma paixão pelo produto, pela perfeição nos produtos.

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Jay mistura lições que aprendeu com Steve e histórias de sua experiência dentro da Apple. Na visita que fez ao PARC da Xerox, Elliot fala que Steve parecia dominado de entusiasmo com tudo que tinha visto. Larry Tessler, na época cientista do PARC, conta que nunca tinha recebido perguntas tão específicas e práticas a respeito do programa. Tessler ficou tão impressionado que acabou se juntando à Apple.

O nível de detalhes e perfeição exigidos por Jobs é impressionante. Em um episódio relacionado ao piso das Apple Retail Stores, Steve Jobs foi em pessoa averiguar a qualidade e ficou furioso, pois viu que, depois que as pessoas pisavam, o chão perdia o brilho e manchas muito feias apareciam. Ele mandou trocar tudo por um piso com selante, para obter o efeito desejado. Que outro CEO de uma companhia global iria inspecionar o chão de uma loja? Para Steve Jobs, mestre dos detalhes, isso é típico.

Parte II – O Reino dos Talentos

No início, antes do lançamento do primeiro Macintosh, a Apple estava dividida. A equipe que trabalhava construindo o Mac era conhecida como “os Piratas”; Steve Jobs era o capitão. Ele formou uma cultura de time em toda sua equipe, dando a eles uma identidade e até mesmo distribuindo camisas que os diferenciavam dos outros empregados. “Por que ser da Marinha, se você pode ser um pirata?”

Jobs fazia retiros com sua equipe. Discursos que mostravam o quão talentosos eles eram. Ele sempre manteve pequenos times trabalhando com foco total no produto. Ele sabia, instintivamente, que juntando um pequeno número de pessoas talentosas permitiria que trabalhassem sem as usuais restrições. A Marinha não podia fazer isso. Somente os piratas!

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“Para Steve, a questão não era ganhar dinheiro para aposentadoria. Não era nem sobre ganhar dinheiro. Para ele, o mais importante era liderar seu time de piratas e criar um grande produto. Com o tempo, ele se tornou cada vez mais rico, mas nunca perdeu a dedicação de criar produtos incríveis”, escreve Elliot.

Dentre várias obras que li a respeito de Steve Jobs, sempre escritas por pessoas de fora, esta foi a primeira escrita por um amigo. Nas primeiras, sempre vi um líder furioso, brigão e que não tinha tato com as pessoas. Jay descreve uma pessoa bem diferente. Sim, ele é bastante exigente, mas longe da figura durona presente em toda a literatura. Segundo Elliot, ele sabe incentivar e apreciar o que as pessoas fazem. Ele sabe fazer com que as pessoas saibam que ele sabe o esforço que elas estão fazendo.

Elliot descreve um episódio em que Steve pediu para todos os envolvidos assinarem o interior do Macintosh. Ele disse: “Artistas assinam suas obras.” Para os piratas, as assinaturas não precisavam aparecer. Só em saber que elas estavam no interior de cada Mac, bastava.

Parte III – Esportes de Equipe

Nesta seção Jay Elliot descreve, de seu ponto de vista, como foi o famoso recrutamento de John Sculley e a posterior queda de Jobs. A determinação foi a característica mais importante, permitindo que Steve convencesse Sculley a deixar uma posição em uma empresa multibilionária para assumir uma companhia novata em uma área que ele mal entendia. A célebre frase de Jobs “Você quer passar o resto da vida vendendo água com açúcar ou quer uma chance de mudar o mundo?” foi fundamental no desfecho desse episódio.

Todos nós conhecemos a história. O foco do livro é mostrar como Steve reagiu aos diversos percalços que anteciparam o lançamento do Macintosh. E mais, como ele se sentiu depois que foi demitido de sua própria empresa.

Jay conta que ele se desculpou com diversas pessoas, inclusive com o próprio autor, evidenciando uma das características mais importantes do líder: se tudo der certo, o mérito é nosso. Se tudo der errado, a responsabilidade é toda minha.

Um fato interessante: diversos testemunhos de funcionários (alguns que nem conheceram Steve) mostram que, mesmo fora da empresa e se dedicando a outros empreendimentos (NeXT e Pixar), os funcionários da Apple ainda sentiam como se a empresa fosse dele — um exemplo de liderança forte e de legado. Essa é uma meta a que todos devemos aspirar: criar uma aura tão forte que pessoas que nunca nos conheceram sintam nossa presença, mesmo que tenhamos partido.

Parte IV – Tornando-se “Cool”: uma visão diferente de vendas

Através da contratação da agência de Regis McKenna — revelando fatos surpreendentes, inclusive —, Jay Elliot mostra o foco de Jobs em criar uma visão diferente de seu produto. Nessa época, os anúncios de computadores eram inundados com termos técnicos. A visão de Jobs era completamente diferente, e isso cativou McKenna.

Nessa parte, o autor também descreve a trajetória da Apple no varejo, contando a criação das Retail Stores. Esse acabou se mostrando um passo ousado (sua fundação foi em 2001, ano do 11 de setembro e em que várias redes varejistas pediram concordata), mas crucial no crescimento e fortalecimento da marca Apple. Steve estava sempre procurando ideias que solucionassem problemas e melhorassem a experiência do usuário. Assim, foi montado o conceito das lojas da Maçã.

Parte V – Se tornando “Steviano”

Nesta última seção, Jay Elliot descreve como ele aplicou os princípios que aprendeu com Jobs em seus negócios. Hoje, Jay é um empreendedor focado em produtos com muitas das características de seu mentor.

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De todos os livros que li sobre Jobs, este foi o que mostrou um Steve mais próximo do que eu acredito ser a realidade. Uma pessoa focada, profissional, dura nas horas certas (apesar de nem sempre com as palavras corretas), gentil e motivador quando necessário. Observar a trajetória de um grande homem, ver suas quedas, analisar seu comportamento e como superou essas adversidades nos mostra como nós podemos superar nossos próprios desafios e crescer.

The Steve Jobs Way: iLeadership for a New Generation infelizmente não está disponível no idioma português, mas os que tiverem interesse nele e fluência no inglês podem encontrá-lo na Amazon.com, atualmente por menos de US$20.

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Henrique AutranHenrique Autran
Educador e distribuidor Herbalife. Apaixonado por sua família, amigos e profissão. Adora falar em público e se realiza profundamente depois de uma palestra bem ministrada. Casado com a adorável Virgínia (sua ex-aluna :-P) e pai de dois filhos incríveis — Christian (6 anos) e Leonardo (nasce em julho). É fã de tecnologia desde que ganhou de seus pais, Márcia e Roberto (fomentadores incansáveis de aprendizado), um CP 400 Color da Prológica (16KB de RAM!), em 1985. Adora correr e conhecer novos lugares através do esporte. É completamente viciado em endorfina e ama colocar seus tênis e correr por aí.

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