O melhor pedaço da Maçã.

Halex bodejando: sempre ligado, sempre conectado, sempre fora da realidade

Ícone do iCloud

O anúncio do iCloud deixou muita gente salivando — e alguns outros espumando. Só que uma ficha parece não ter caído ainda: como será que esse serviço maravilhoso vai funcionar na prática? “Ah, mas vimos a demonstração na keynote: é mágico!” Calma lá! Na WWDC havia uma coisa que com certeza você não tem em casa:

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Wi-Fi disponível na WWDC

Os serviços na nuvem que a Apple pretende oferecer gratuitamente soam muito maravilhosos, mas é preciso passá-los por um reality-check antes de sair estourando fogos de artifício: moramos no Brasil, nossa banda larga é mais estreita que cama de top model e, se você for uma pessoa que desliga seus gadgets, é possível que boa parte da mágica do iCloud se perca no vento.

Não que eu esteja dizendo que o novo serviço vai ser uma droga, um #FAIL, apenas não quero nutrir falsas esperanças quanto à relevância dele na minha vida (quando digo “minha”, refiro-me a “pessoa comum, classe média-baixa, que se conecta à internet com a droga da Velox” — Oi, dá pra melhorar, faz favor?).

Imagine a seguinte situação: você vai pra praia com seu iPhone e tira umas 50 fotos. Conexão 3G de qualidade na praia? Dados ilimitados? Imagens de 5 megapixels? É, com certeza você vai esperar chegar a uma conexão Wi-Fi para o Photo Stream mandar as imagens pra nuvem. Que velocidade de conexão Wi-Fi? Certamente não uma de 300Mbps, não no Brasil! Por aqui, muitas vezes nem todo o dinheiro do mundo consegue uma internet decente, por pura falta de infraestrutura básica. (Se você faz parte dos 4,79% dos nossos leitores com conexão superior a 50Mbps, sorte sua!) Vai demorar: é capaz de nem dar tempo de tudo ser enviado de uma vez só.

iCloud - Photo Stream

Aí você liga seu Mac — ou ele ficou ligado e conectado à internet durante toda a sua ida à praia? Ansioso para ver como ficaram as fotografias e para fazer logo um álbum superlegal em PDF e mandá-lo pros seus parentes, você fica desapontado porque nenhuma das suas imagens está no iPhoto ainda: o Mac vai precisar baixar tudo da nuvem. Novamente, qual a velocidade da sua conexão Wi-Fi, mesmo? E seu iPad, estava ligado à internet enquanto você estava na praia?

Ok, mais uma possibilidade: você alterou um evento no iCal enquanto estava num ponto cego de conexão 3G — pode acontecer, afinal de contas isso depende das (supercompetentes) operadoras de telefonia celular. Aí sua namorada faz uma alteração levemente diferente em casa, no seu Mac conectado. Qual das duas vai prevalecer, a que chegar primeiro à nuvem, ou a que chegar por último? Como o iCloud vai se comportar quando houver um conflito entre os diversos aparelhos?

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Sem querer ser chato, mas já sendo: muita coisa pode dar errado neste novo serviço da Apple. Não que ele seja conceitualmente falho (web apps à parte), mas é que ele parece ter sido feito para um mundo perfeito, onde baterias duram para sempre, todo mundo fica conectado a internet de altíssima velocidade o tempo todo e ninguém nunca desliga seus Macs e iGadgets.

Não sei quanto a você, mas eu não vivo nesse mundo.

And that, as they say, is that.

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Análise de livro: “The Steve Jobs Way – iLeadership for a New Generation”

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