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iTV ou Apple TV com Siri: quem você acha que entra na sua sala?

Abóbora com neve

por Marcio Cyrillo

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Abóbora com neve

Na semana passada, nevou em Nova York. Quando me mudei para cá, há quase três anos, me disseram que dificilmente eu veria neve na cidade, porque era “coisa rara”. A verdade é que em 2009 e em 2010 eu vi tanta neve por aqui que, pelos próximos dez anos, não faria tanta questão de ver de novo. E agora nevou em pleno outubro, coisa realmente rara, tanto que ganhou no Twitter a hashtag #snowtober. Pois bem, nevou e com isso eu fiz algo que havia tempo não fazia: sentei-me no sofá de frente pra minha TV, logo depois que acender a lareira. Acender uma fogueira remonta aos mais velhos dos nossos rituais ancestrais, mas de repente eu percebi que ligar a TV, pelo menos para mim, também parecia algo muito distante no tempo.

Não tenho cabo, não tenho mais PlayStation 3, nem player de DVD/Blu-ray, só uma TV Sony de 52 polegadas conectada a um Apple TV. No iMac do cubículo que chamo de escritório, tenho o servidor Air Video apontando para minha coleção de vídeos que eu consigo ver na minha TV usando meu iPad ou iPhone como “controle remoto”, via AirPlay.

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Diante do último objeto com o logo da Sony que resta na minha casa, comecei a pensar que eu gostaria muito de ver o logo da Maçã na minha sala — exatamente como o Guilherme Schasiepen desenhou e o MacMagazine postou. E as notícias sobre a iTV continuam pipocando na internet, inclusive com “indícios” de que o executivo que trabalhou na concepção do iPod, Jeff Robbin, estaria envolvido no projeto. Será? Faz sentido a Apple caminhar nessa direção e reinventar finalmente o aparelho que domina a grande maioria das casas em todo o mundo?

Depois de muita divagação, fiquei com a forte sensação de que provavelmente a iTV vai ser parte apenas de nosso imaginário. Vou começar com uma afirmação de Steve Jobs feita na keynote de janeiro de 2010, quando a Apple lançou o primeiro iPad: “By revenue, Apple is the largest mobile devices company in the world — larger than Nokia, Sony and Samsung. It’s amazing!”, ou seja, se compararmos por receita, a Apple é a maior empresa de aparelhos móveis do mundo, maior que os maiores nomes da indústria. Isso gerou na época bastante debate, porque a Apple nasceu como Apple Computer e estava explicitamente dizendo que o seu foco agora seria outro. Tanto Jobs como Tim Cook — então COO, agora CEO — afirmaram que o Apple TV era visto internamente como “hobby”.

Mas não é apenas pelo fato de que TVs estão longe de serem dispositivos móveis que considero baixas a chances de a Apple lançar a iTV. Faltam argumentos para justificar a Apple entrar num mercado altamente competitivo com margens muito baixas para entregar uma experiência não muito diferente do que consegue entregar hoje com o Apple TV, um dispositivo compatível com TVs de um número enorme de fabricantes. O grande problema do Apple TV hoje, na minha opinião, é a entrada de texto via controle remoto com seleção de letra por letra. Fazer uma busca simples é uma experiência horrível. Mas isso pode ser facilmente resolvido com a Siri e o mesmo controle remoto de hoje: pressiona-se e deixa-se apertado o centro para mandar um comando para o Apple TV ou mesmo interagir com alguns apps selecionados, como previsão de tempo, que finalmente estariam presentes no dispositivo. Custo muito baixo para a Apple, mas um valor agregado enorme para o usuário.

Ícone do SiriComo discuti no artigo que escrevi sobre a Siri, o sucesso da Apple e de seus produtos vem da especial atenção ao ser humano no centro da experiência. Para lançar uma nova e revolucionária TV, a Apple teria muito menos controle sobre essa experiência, dado o conjunto enorme de dispositivos que as pessoas conectam às TVs: decodificadores de TV a cabo, gravadores digitais de vídeo, videogames, tocadores de DVD/Blu-ray, etc. Mesmo que a Apple tentasse obstinadamente fazer isso, acredito que teria muito pouco sucesso, porque cada país teria um conjunto muito diferente de desafios e, dentro de um mesmo país, diferentes forças que precisariam ser equilibradas. Enfim, o caos.

Vale lembrar que o Google tentou com o Google TV levar o teclado e o mouse para a sala de estar, e não deu certo. Incrivelmente, as TVs mais modernas estão muito mais próximas de computadores do que o consumidor típico é capaz de perceber, mas ele não quer pensar que colocou um computador na sala. Também não acredito que uma tela gigante multi-touch seja a solução: é preferível deixar a gordura da pipoca, da pizza ou do hamburger longe dela. No mais, ninguém vai querer ficar levantando do sofá para ir selecionar algo na TV.

Um novo Apple TV, com Siri e um grupo de apps do iOS no lugar da imaginada iTV é minha aposta para o futuro próximo. Contudo, assim como a neve de outubro em NYC, surpresas podem acontecer. Quem viver, verá! 😉

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