Como vocês devem ter lido em jornais e/ou nas redes sociais, a situação não está nada tranquila nos Estados Unidos.
Na quarta-feira passada (6/1), manifestantes pró-Donald Trump invadiram o Capitólio (sede do Poder Legislativo dos Estados Unidos) a fim de tentar impedir a certificação de Joe Biden como novo presidente do país. O ato resultou na morte de cinco pessoas, entre protestantes e policiais.
No mesmo dia, Tim Cook (CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Apple) tweetou o seguinte sobre o episódio:
Tal invasão foi potencializada pela “convocação” que Trump fez nas redes sociais e, por conta de mais esse episódio — após muitos outros nos quais ele infringiu as regras estipuladas por elas —, o presidente americano acabou sendo banido do Twitter, do Facebook, do Instagram e do Snapchat, entre outros.
Mas os banimentos não se restringiram a Trump: na sexta-feira passada (8/1), o Google removeu o aplicativo Parler da Play Store até segunda ordem, já que a rede social serviu de espaço para organização da invasão ao Capitólio. A empresa de Mountain View alegou que o Parler permanecerá suspenso até que resolva “a ameaça contínua e urgente à segurança pública”.
A Apple seguiu pelo mesmo caminho. Na própria sexta-feira à noite, a empresa enviou um comunicado aos responsáveis pelo app informando que, se eles não colocassem em prática um plano de moderação na rede social, também removeria o aplicativo da App Store, como apontou o BuzzFeed News. E essa remoção aconteceu na noite de sábado (9/1).
O Parler se descreve como “uma rede social imparcial e de livre expressão, focada em proteger os direitos do usuário”. E algo assim é um prato cheio para extremistas que promoviam violência e foram suspensos/banidos de redes como Facebook e Twitter.
Antes de a Apple se movimentar para banir o aplicativo da App Store, ele estava classificado em 18º lugar entre os apps gratuitos mais baixados; todavia, depois das notícias de uma possível remoção, ele chegou ao primeiro lugar.
Eis a declaração que a Apple deu para alguns sites, como o MacRumors:
Sempre apoiamos diversos pontos de vista sendo representados na App Store, mas não há lugar em nossa plataforma para ameaças de violência e atividades ilegais. O Parler não tomou medidas adequadas para lidar com a proliferação dessas ameaças à segurança das pessoas. Suspendemos o Parler na App Store até que eles resolvam esses problemas.
Ainda de acordo com a Apple, o Parler disse que está levando o conteúdo prejudicial “muito a sério há semanas” e que estava planejando implementar uma força-tarefa de moderação. Contudo, a Maçã disse que uma força-tarefa temporária “não é uma resposta suficiente, dada a proliferação generalizada de conteúdo nocivo” — o que, obviamente, levou à suspensão momentânea da rede social.
É bom frisar que a suspensão do Parler afeta “apenas” novos downloads do app. Quem já tinha o app instalado poderá continuar usando ele, mas ele também não poderá ser mais atualizado pelos desenvolvedores.
Se nenhum plano de moderação de longo prazo for mesmo colocado em prática — é possível que não, já que esse é um dos motes da rede —, invariavelmente o Parler deixará de funcionar já que perderá compatibilidade com iPhones por não ser mais atualizado. Isso, porém, não deverá acontecer tão cedo.
Muitos questionaram o banimento do Parler, dizendo que a empresa não é responsável pelo conteúdo gerado por usuários. De fato, não é. A diferença entre o Parler e outras redes (como Twitter, Facebook e Instagram) é que, nelas, ainda que cheia de falhas, temos regras/diretrizes/políticas a serem seguidas, ferramentas para denúncias e, bem ou mal, algum tipo de moderação que tentar manter o ambiente minimamente saudável — coisas que, aparentemente, não existem no Parler justamente por a rede tentar se posicionar como um “ambiente livre”.
Atualização, por Rafael Fischmann 10/01/2021 às 07:57
E agora foi a Amazon que decidiu retirar hoje o Parler dos seus servidores AWS, o que significa que ele realmente parará de funcionar em todas as plataformas até que encontre um novo local para ser hospedado e re-estabeleça todos os serviços.
John Matze, CEO do Parler, afirmou que a rede social deverá ficar inacessível “por até uma semana enquanto a reconstruímos do zero”.
via BuzzFeed News
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.