De acordo com uma reportagem do New York Post, num esforço para aumentar o lobby junto ao governo dos Estados Unidos contra políticas antitruste, executivos e lobistas da Apple estiveram na Casa Branca pelo menos 87 vezes desde o início do governo de Joe Biden, em janeiro de 2021.
Segundo o jornal, que obteve a informação por meio de registros referentes aos visitantes públicos da residência oficial do governo americano e de fontes no meio político e tecnológico, a Apple montou um verdadeiro “exército” de profissionais para a missão.
Tim Cook, por exemplo, teria visitado a Casa Branca pelo menos 11 vezes para se reunir com ao menos 14 funcionários no período; 3 dessas reuniões foram com o próprio Biden — 2 delas em jantares do presidente com Emmanuel Macron e Narendra Modi, presidente da França e primeiro-ministro da Índia, respectivamente.
O número de ligações de Cook para a Casa Branca também chama a atenção de fontes do setor, a ponto de Jeff Hauser, CEO 1Chief executive officer, ou diretor executivo. do Revolving Door Project, afirmar que somente o ex-CEO do Google, Eric Schmidt, esteve tão próximo a uma administração presidencial (na época, de Barack Obama) como o atual líder da Apple.
Para Hauser, a Maçã está gastando milhões “para influenciar Washington”, no que seria uma resposta da empresa a uma “reação cultural significativa” que vem sendo encampada contra seus negócios nos últimos anos — principalmente a pressão antitruste que está recaindo sobre a empresa não somente nos EUA, mas em vários outros cantos do mundo.
Tendo sido obrigada recentemente a permitir links para compras externas em aplicativos no país, a empresa também estaria em vias de enfrentar um grande e abrangente processo antitruste — o qual já estaria sendo preparado pelo Departamento de Justiça dos EUA (DoJ), vale recordar.
Reação antitruste ameaçada
Os especialistas e fontes ouvidos pelo jornal demonstraram preocupação com a possibilidade de o lobby promovido pela Apple — especialmente devido aos laços da empresa com o governo americano — prejudique a capacidade do DoJ de prosseguir com processos contra a Maçã e outras empresas de tecnologia.
Um projeto de lei de gastos proposto no Congresso, inclusive, poderá eliminar o financiamento para o setor antitruste do órgão. Segundo um político do partido Democrata, a Apple tem “um enorme baú de guerra para comprar amigos” e poderia pedir favores a eles agora que se sente ameaçada.
O jornal também revelou que vários membros da administração Biden ou associados do presidente têm laços profundos com a Apple. Entre eles, estão a vice-procuradora-geral Lisa Monaco, a ex-conselheira de campanha de Biden Cynthia Hogan e Karen Dunn, advogada democrata que representou a Apple no caso contra a Epic.
Embora oficialmente tenha gastado US$9,4 milhões com lobby em 2023, a Maçã também usaria de outras táticas não oficiais par aumentar a sua influência, como financiamento de grupos de terceiros focados em política e de estudos e artigos em universidades de todo o país para embasar e justificar suas posições.
A Maçã também vem investindo pesadamente na contratação de ex-funcionários do DoJ. Foram pelo menos 15 deles até junho de 2023, o que expressa uma preocupação de que a empresa esteja monitorando o modus operandi do departamento utilizando pessoas com amplo conhecimento sobre o órgão.
A Casa Branca e o DoJ se recusaram a comentar o caso, enquanto a Apple alegou que se envolve regularmente com o governo para explicar suas posições políticas e defender prioridades como privacidade do usuário e facilidade de uso, ressaltando que as visitas à Casa Branca foram feitas a pedido da própria administração de Biden.
via AppleInsider
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.