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Está na hora de a Apple repensar o esquema das filas e reservas para o lançamento de iPhones

Quando o iPhone original foi lançado, em 2007, as filas jogaram muito a favor da Apple. Goste você ou não, ache você passar algumas horas em uma fila para adquirir um smartphone algo estúpido ou inútil (a loja online da Apple está aí justamente para tapar esse buraco), a verdade é que isso ajudou a construir todo um hype em torno do iPhone. E esse cenário se repetiu por diversos anos.

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Fila em loja da Apple para o lançamento do iPhone, em 2007
Imagem: WIRED

De um tempo para cá, porém, algo mudou. Essa mesma fila se tornou uma dor de cabeça não só para a Apple, mas para os próprios clientes. Por quê? Simples: ela não estava mais sendo formada por pessoas que curtem tecnologia e estão em busca de novidade, e sim por indivíduos em busca de adquirir o máximo de aparelhos possíveis para revendê-los e colocar um bom dinheiro no bolso.

Com o tradicional limite de dois aparelhos por pessoa que a Apple impõe justamente para evitar que uma única pessoa acabe com os estoques de uma loja, o que vimos foi — obviamente — uma forma de driblar a regra: contratar pessoas para que elas fiquem nas filas, pagando uma mixaria.

Esse cenário se repete em praticamente todos os países onde a Apple possui lojas físicas. Ainda que isso tudo seja bem perceptível, a verdade é que não há muito o o que se fazer para inibir essa prática. Já tem alguns lançamentos que a Apple abre a possibilidade de usuários reservarem um iPhone e buscar o aparelho em uma determinada loja no dia no lançamento (também limitando a duas reservas por pessoa), o que na teoria poderia fazer com que as filas ficassem menores. O problema é que essa modalidade também foi dominada por esses “revendedores”, que acabam utilizando diversos IDs Apple para reservar o máximo possível de aparelhos.

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Neste ano, por exemplo, fizemos a nossa cobertura do lançamento do iPhone 7 em Munique, na Alemanha. Por lá, a Apple preferiu não vender iPhones para clientes sem reserva. Ou seja, não era possível entrar na loja no dia do lançamento e sair com um iPhone, ainda que você ficasse 12-24 horas ou mais em uma fila. Simplesmente não existia estoque destinado a esse tipo de venda imediata.

Curiosamente, enquanto estávamos na fila, um jovem se aproximou da gente e disse que já tinha em mãos 10 ou mais unidades de iPhones 7 e perguntou se estávamos interessados em adquirir algumas unidades. Ele nos mostrou fotos e tudo dos aparelhos (pelo que entendemos, um vendedor da Apple passou as fotos para ele no que parece ser um esquema que inclusive engloba alguns empregados da Maçã) e disse que voltaria no dia seguinte (16/9), às 9 horas da manhã, para entregar os iPhones caso estivéssemos interessados em comprar (o que prontamente negamos).

Pelo que entendemos, ele na verdade não tinha os aparelhos em mãos. Tinha, sim, reservas daquelas unidades que seriam adquiridas logo no primeiro horário de venda. Para a nossa surpresa, os aparelhos vinham até mesmo com o formulário do reembolso dos impostos (VAT, ou value-added tax) em branco, pronto para ser preenchido e solicitado por qualquer turista que adquirisse o(s) aparelho(s).

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No dia do lançamento em si, o que vimos por lá foram grupos (dois ou três) formados por diversas pessoas dominando as reservas abertas pela Apple. Vimos, por exemplo, um casal de russos sair da loja com — facilmente — 16 iPhones debaixo do braço. Tudo legalmente comprado, já que eles e seus “amigos” tinham reservas para 2 aparelhos cada.

E não se engane. Como eu disse, isso não é uma particularidade da Alemanha ou de qualquer outro país. Estados Unidos, França, Austrália… em qualquer lugar que existe uma loja da Apple, existem pessoas querendo ganhar dinheiro com o lançamento de iPhones. Mas o título de “cara-de-pau” do ano vai para Hong Kong, sem dúvida.

Imagens: P. Hamoui

Por lá, esses aproveitadores não apenas colocam essa mesmíssima técnica em prática como, depois de conseguir um bom número de aparelhos e deixar as lojas da Apple desprovidas de estoque, ficam na porta da loja(!) revendendo — com um belo ágio, obviamente — os iPhones sem vergonha na cara.

Eu sinceramente não sei exatamente a resposta, mas passou da hora de a Apple se preocupar com isso e ao menos tentar criar meios de impedir que esse cenário se repita nos próximos lançamentos.

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