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Modelos de Apple Watch Series 2 molhados

Review: Apple Watch Series 2

Eu quase intitulei este artigo “Review: Apple Watch Series 2, como o relógio da Maçã deveria ter sido em sua primeira geração”, mas não só é clichê demais como é óbvio que sempre gostaríamos de ter produtos melhores/mais bem-acabados em nossas mãos o quanto antes.

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A grande questão é que, quando almejamos perfeição de forma exacerbada, podemos acabar nos enrolando tanto a ponto de nunca realizar de fato um determinado projeto. A Apple, diferentemente do Google por exemplo, é uma empresa que prefere demorar mais a nos entregar produtos/serviços, mas quando o faz costuma entregar algo bem pensado/polido.

O Apple Watch de primeira geração, no ano passado analisado em detalhes pelo Edu, não fugiu totalmente a essa regra. Para um produto totalmente novo, considero a nota de 7,3 dada por ele boa. Longe de excelente, é claro; mas o Apple Watch não conquistou rapidamente o primeiríssimo lugar entre smartwatches à toa. A Apple acertou a mão em inúmeros aspectos dele, embora houvesse muito espaço para melhorias.

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No Apple Watch Series 2, junto ao watchOS 3, a empresa se esforçou e conseguiu resolver boa parte das críticas em relação ao seu relógio. Neste review, falarei de cada uma delas.

Nomenclaturas

Antes de adentrar nas novidades do Apple Watch Series 2 em si, vamos falar de nomenclaturas. Desde a primeira geração, havia uma certa confusão na estrutura de modelos criada pela Apple. Antes tínhamos o Apple Watch Sport (de alumínio), o Apple Watch (de aço inoxidável) e o Apple Watch Edition (de ouro) — além da edição especial Apple Watch Hermès (também de aço inoxidável).

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Neste ano, a Apple ao mesmo tempo simplificou e complicou isso tudo. Agora temos o Apple Watch Series 2 (que pode ser tanto de alumínio quanto de aço inoxidável — não existe mais uma linha “Sport”), o Apple Watch Edition (agora de cerâmica, bem mais barato), as edições especiais Apple Watch Nike+ (de alumínio) e Apple Watch Hermès (de aço inoxidável), e o Apple Watch Series 1 (de alumínio).

Apple Watch Series 2 de cerâmica (Ceramic)

O primeiro esclarecimento: o Apple Watch Series 1 *não* é o Apple Watch de primeira geração. Na verdade é como se fosse, mas ele é equipado com um processador dual-core tal como o Series 2. Ou seja, é como se o Apple Watch de primeira geração fosse um “Apple Watch Series 0”. Ele não é mais vendido pela Maçã.

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Embora o Apple Watch Edition, o Apple Watch Nike+ e o Apple Watch Hermès não tenham “Series 2” em seus nomes, eles possuem exatamente as mesmas características técnicas do Apple Watch Series 2.

Performance e GPS com o chip S2

O Apple Watch Series 2 vem equipado com um novo System in Package (SiP) desenvolvido pela Maçã, o S2. Ele não só tem um processador dual-core embutido (como o que está no Apple Watch Series 1, chamado de S1P) que promete uma performance até 50% superior, como também uma GPU1Graphics processing unit, ou unidade de processamento gráfico. para performance gráfica até 2x melhor e — palmas! — um GPS embutido.

Eu só tive oportunidade de usar o watchOS 3 no meu Apple Watch de primeira geração por uma semaninha, e já deu para perceber uma experiência muito melhor proporcionada pelo software. Combinando isso ao S2, a minha grande queixa em relação ao modelo anterior foi quase em sua totalidade sanada. Antes havia momentos em que eu desistia de usar o Watch para alguma coisa porque sabia que me irritaria com a sua lerdeza. Agora, não mais.

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Não quero dizer que a coisa já está perfeita. Quando vamos abrir um app que não está numa complicação ou no Dock ele ainda leva alguns segundos para carregar, mas bem menos do que antes. Entendo que não deve ser nada fácil para a Apple equilibrar performance com um baixo consumo energético num espaço físico tão limitado.

O GPS, sim, é uma novidade que muitos aguardavam. A ausência desse componente era uma das coisas que mais prendiam o Watch ao iPhone em sua primeira geração, especialmente para os que usam o relógio para fazer exercícios — um dos seus propósitos mais comuns, sem dúvida nenhuma. Agora, quem vai correr em um espaço aberto não precisa mais levar o iPhone consigo; o próprio Watch conta com um GPS integrado e pode medir exatamente a distância percorrida e traçar toda a sua rota num mapa.

Como o uso do GPS afeta a bateria, a Apple fez algo inteligente: quando o iPhone está por perto, se comunicando com o Watch, o relógio continua puxando os dados de GPS pelo iPhone (que possui uma bateria muito maior). O GPS do Watch em si só é ativado quando necessário.

Tela

A Apple não alterou em nada os tamanhos de tela do Watch (o relógio continua sendo vendido em versões de 38mm e 42mm, cujas telas têm resoluções de 272×340 e 312×390 pixels, respectivamente), assim como o seu design exterior. Os modelos de alumínio continuam com um vidro de íons-X, enquanto os de aço inoxidável e de cerâmica contam com cristal safira.

O que mudou na tela, e de maneira perceptível, foi o seu brilho. Ele mais do que dobrou, passando de 450 para 1.000 nits. Isto é importantíssimo especialmente quando vamos usar o relógio sob a luz do sol; quem já usou um de primeira geração nessa situação sabe como era impossível muito difícil enxergar alguma coisa.

watchOS 3 no braço de uma pessoa

A nova tela não chega a ser tão visível como a de e-ink de um Kindle, por exemplo, mas agora ficou bastante satisfatória.

À prova d’água

E chegamos ao que, para mim, é a maior e melhor novidade do Apple Watch Series 2. A Maçã dizia que o modelo de primeira geração era resistente à água, suportando respingos, lavar a mão e quem sabe até tomar banho. Agora, o relógio é oficialmente à prova d’água com uma classificação de 50 metros dentro do padrão ISO 22810:2010.

Modelos de Apple Watch Series 2 molhados

Houve muita gente que ignorou completamente o que a Apple dizia antes e realmente colocava o Watch para mergulhar, sem problema nenhum. Eu preferi não correr riscos e, toda segunda, quarta e sexta-feira, quando ia nadar, deixava o relógio guardadinho no armário da academia. Isto me chateava demais, especialmente pelo fato de que meus círculos de Atividade nunca ficavam devidamente preenchidos em três dias da semana.

Agora, sim, eu posso dizer que o Watch basicamente só sai do meu braço na hora de dormir. E até que valeu a espera, pois agora, como a classificação de à prova d’água é oficial, o próprio app Exercícios do watchOS conta com opções específicas para quem nada.

 

Primeiro nado com o Apple Watch Series 2! 🏊🏻✅ #finalmente

Uma foto publicada por Rafael Fischmann (@rfischmann) em

Eu nunca tive um relógio à la Garmin Swim; é com o Apple Watch Series 2 que estou pela primeira vez usando um dispositivo para me monitorar durante o nado. Segundo ouvi de algumas pessoas que têm ou já usaram um Garmin desses da vida, um grande diferencial do Watch é que você só precisa dar início ao exercício e esquecer. Nesses outros relógios, é preciso apertar um botão para informá-lo de cada volta que você dá na piscina.

No caso do Watch, o uso dos sensores embutidos nele (como o acelerômetro) para medir isso tudo automaticamente também tem lá suas desvantagens. Para mim, a pior de todas é o Watch não conseguir medir quando estou fazendo exercícios de perna — seja usando uma prancha ou não. Como não há movimentos do braço, ele não sabe que estou cruzando a piscina. Posso nadar o quanto for, as contagens de voltas e distância nadada permanecem congeladas.

Apple Watch Series 2 video

Não cheguei a testar nadar com o Apple Watch Series 2 num espaço aberto, então não sei se usaria o GPS embutido para detectar meu deslocamento e conseguir medir também exercícios de perna. Mas, para quem nada em piscinas cobertas (como a da minha academia), seria interessante quem sabe poder adicionar manualmente, ao término do treino, pelo menos o número de voltas que demos enquanto fazendo exercícios de perna.

Como a água em si pode afetar a sensibilidade da touchscreen do Watch, logo quando iniciamos um exercício de natação o watchOS automaticamente bloqueia a tela. Ela permanece desligada pela maior parte do tempo, até para conservar bateria, mas quando eu paro na borda da piscina é só levantar o braço como sempre para conferir como estou indo no exercício.

Não posso deixar de citar aqui o mecanismo fantástico que a Apple criou para resolver o “problema” de que a água continua entrando pelo buraquinho do alto-falante do Watch, enquanto todo o resto agora é selado. Depois que você sai da piscina, é só girar a Digital Crown para desbloquear o relógio e ele então automaticamente emite determinados sons numa frequência que expulsa a água que estiver dentro do compartimento do alto-falante.

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É lindo! 😝

Bateria

Aqui temos algo que “mudou, mas não mudou”. A Apple preferiu nem tocar no assunto durante a keynote, porque na prática realmente a ideia é que donos de Watches continuem colocando-o para recarregar toda noite, ao dormir.

Mas a bateria do Apple Watch Series 2 aumentou um pouquinho de tamanho, sim, até para comportar o S2 e principalmente o GPS embutido dele. Com isso, a Apple deve ter calculado que a autonomia média do relógio continua sendo de mais ou menos um dia inteiro de uso, mas na minha experiência posso dizer que ela vai além disso.

Desde que peguei o Apple Watch Series 2, já tive umas duas ou três experiências de não conseguir recarregar o relógio à noite, e isto não foi um problema porque é normal eu ir dormir com (muito) mais do que 50%. De fato, no momento em que escrevo este parágrafo são agora 22h44, estou com o Watch no braço desde 8h da manhã e ele está com 75% de bateria. Ou seja, já consegui usar o relógio por dois dias seguidos sem problemas.

Ainda assim, estamos muito longe da autonomia de 7 dias prometida por um Pebble por exemplo. E eu nem vou falar de relógios convencionais, porque a história aqui é outra. Não é à toa, também, que a Apple nada fala sobre monitoramento de sono com o Watch; a orientação é mesmo recarregá-lo à noite, e não dormir com ele no pulso.

watchOS 3

Citei o watchOS 3 algumas vezes acima, mas vale um sub-tópico específico sobre ele aqui. Dos quatro sistemas operacionais atuais da Apple (iOS, macOS, watchOS e tvOS), o do relógio foi o que eu mais aguardei este ano por tudo o que ele prometeu. E não me decepcionei.

watchOS 3 rodando em Apple Watches

Eu odiava o conceito de Resumos (Glances), achava repetitivo. Também não me lembro de ter usado o botão abaixo da Digital Crown para algo realmente útil que não brincar logo nos primeiros dias que peguei o Watch, de mandar alguns desenhinhos/toques para as poucas pessoas que eu sabia que já tinham um Watch também.

O Dock era tudo o que eu queria para o watchOS e adorei ele ser acessível por esse botão abaixo da Digital Crown, que agora tem uma utilidade real. Com as otimizações de performance do sistema, agora os apps que ficam nessa área (bem como os que você coloca nas complicações do seu mostrador) abrem praticamente de forma instantânea pois estão armazenados na RAM do relógio.

Modelos variados do Apple Watch Series 2 de frente

Além de ver as horas e acompanhar notificações, as principais utilidades do Watch para mim são saber meus próximos compromissos, consultar a previsão do tempo, controlar a reprodução de músicas no meu iPhone, registrar e acompanhar exercícios/atividades, definir alarmes e/ou timers, e eventualmente bater uma foto no iPhone à distância. Tudo isso está agora sempre à mão, no Dock.

As outras novidades do watchOS 3, como o app Respire (Breathe), um ou outro novo mostrador (esperava mais, bem mais — embora seja legal poder agora montar/personalizar seus mostradores diretamente pelo app Watch no iPhone), compartilhamento de atividades, etc. não me apeteceram tanto assim.

Design

Como citei no sub-tópico sobre a tela do Apple Watch Series 2, a Maçã não alterou o design exterior do relógio este ano — com exceção da adição de um segundo furo/buraco para microfone. A caixa dele na verdade é ligeiramente mais grossa (provavelmente para dar espaço à bateria maior), porém a diferença é imperceptível para o usuário.

Isso é bom e ruim. Bom porque indica que a Apple acertou a mão no design da primeira geração, que não viu necessidade de já mudar agora. E não falo nem pelas pulseiras em si, porque mesmo mudando o design dá para manter suporte ao mecanismo atual das pulseiras por muitos anos. Eu diria desde já, inclusive, que isso só deverá mudar lá para a quinta ou sexta geração do Apple Watch.

Bom, também, porque mantém total familiaridade com o produto que ainda está passando por uma fase de adaptação/aceitação para muita gente. E olha que a Apple não fez isso quando passou das primeiras para as segundas gerações do iPod, do iPhone e do iPad; todos mudaram bastante.

Mas claro, há pontos negativos. Quem não gostou do design original e esperava algo diferente agora vai ter que esperar no mínimo mais um ano. Quem comprou o Apple Watch de primeira geração e queria agora uma mudança terá que se contentar com algo igual ou bem parecido, isto se trocar de modelo e/ou cor. Por mim, também é ruim não podermos diferenciar facilmente um Apple Watch do outro simplesmente olhando por fora; só dá para saber se prestarmos atenção nesse segundo buraco de microfone ou olhando o que está escrito atrás da caixa, com o Watch fora do pulso.

Apple Watch Nike+ sendo usado para correr

Para o meu primeiro Watch, comprei uma pulseira de couro que usava no dia-a-dia e só alternava para a esportiva quando ia malhar. Ainda assim, após mais de um ano de uso a de couro ficou bastante desgastada e já me incomodava em certos momentos. Agora, com o Apple Watch Series 2, estou usando a pulseira esportiva (a que veio com ele) 100% do tempo — até porque, como estou nadando com o relógio, teria que trocar de pulseira todo santo dia. Até melhor, pois assim economizo.

Conclusão

Acho que a Apple mandou muito bem na segunda geração do Watch. Ele continua sendo um produto de nicho, que muitos ou não entendem, ou (acham que) não veem utilidade ou, com razão, acham caro demais pelo que oferece. Fico feliz de ser “obrigado” a ter um, pela natureza do meu trabalho no MacMagazine. Certamente viveria sem, mas sentiria falta depois de incorporá-lo no meu cotidiano.

Apple Watch Series 2 ouro rosa com pulseira de trama de nylon azul e rosa

Para quem tem ou já usou bem um Apple Watch de primeira geração, os diferenciais do Series 2 são bastante claros. Se você corre em lugares abertos ou nada, como eu, acho que migrar para ele é um no-brainer. Mas se não for explorar esses benefícios, não acho que deva comprar simplesmente pensando, por exemplo, na performance superior; o watchOS 3 por si só já trouxe boas melhorias nesse sentido.

Aos que nunca tiveram um Apple Watch, trago aqui a frase clichê que citei no comecinho do review: o Apple Watch está agora como deveria ter saído em sua primeira geração e, embora por fora aparente ser o mesmo, está agora muito mais capaz como um smartwatch. E a coisa ainda deverá evoluir um tanto na parte de software, considerando o que já vimos mudar do watchOS 1.0 para o 3.0 — e em tão pouco tempo. Prevejo um futuro brilhante para o Apple Watch e fico feliz de estar acompanhando esse seu desenvolvimento de pertinho.

O Apple Watch Series 2 chegará ao Brasil nesta sexta-feira (28/10), custando a partir de R$2.999,00 (ou R$2.699,10 à vista) pelos modelos de alumínio de 38mm, que saem por US$369 nos Estados Unidos. O modelo mais caro, o Apple Watch Edition — de cerâmica, com 42mm —, custará R$10.299,00 (ou R$9.269,10 à vista) enquanto nos EUA ele sai por US$1.299.

Notas de rodapé

  • 1
    Graphics processing unit, ou unidade de processamento gráfico.

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