O assunto do crescente vício em smartphones tem sido pauta constante aqui no MacMagazine e na imprensa tecnológica em geral, e não é para menos: se continuar no ritmo atual, logo a questão se tornará um problema de saúde pública grave.
Por isso, naturalmente, a Apple foi posta no meio do redemoinho e especialistas questionaram-se se a empresa (que, além de ser uma das maiores fabricantes de smartphones do mundo, é uma das maiores criadoras de tendências, também) não podia tomar responsabilidade na contenção do problema. Investidores da Maçã pediram por alguma atitude nominalmente e, como resultado, a Apple colocou no ar uma página mostrando todos os seus tipos de controle parental e métodos de regulação de uso.
É o suficiente? Só o tempo irá dizer, mas um nome muito importante para a história da própria Apple acha que não.
Em um artigo escrito para a WIRED, Tony Fadell — considerado o “pai do iPod” e um dos braços-direitos de Steve Jobs no período de renascimento da Apple, entre 2001 e 2008 — opina que a empresa, com o poder que tem, pode (e deve) fazer muito mais para lidar com o problema do vício em smartphones e propõe um caminho para chegar lá: “Empoderando os usuários para que eles entendam mais como usar seus aparelhos.”
Fadell explicou que, ao contrário do que muita gente pensa, a questão do vício em smartphones não é somente um “problema do Facebook” (ou, no caso, empresas que baseiam o seu lucro no tempo de uso e criam estratégias para viciar as pessoas) ou um “problema de crianças”; em vez disso, ele atinge a todos e, por isso, todos devem pensar numa solução para ele — incluindo o pessoal lá em Cupertino.
A Apple é uma das empresas mais indicadas para iniciar essa tendência.
Na visão do inventor, o primeiro passo para lidar com o problema é determinar quais seriam os níveis saudáveis e não-saudáveis de uso dos smartphones. Fadell fez um paralelo com a alimentação: sabemos, em termos gerais, até que ponto estamos comendo bem e onde começamos a comer mal. Pensando nisso, ele sugeriu, a Apple poderia criar uma espécie de balança digital, que informasse exatamente os padrões de uso de cada usuário para que, a partir daí, cada um ajustasse seu comportamento de acordo com as informações obtidas.
Assim como criamos metas nos aplicativos de saúde e bem estar, como dar tantos passos por dia, poderíamos estabelecer metas de uso do smartphone, como diminuir o tempo de tela ligada para x
horas; como a ferramenta faria uma separação muito clara dos tipos de uso que fazemos do aparelho, poderia também nos auxiliar a focar em tarefas com modos como “somente leitura” ou “somente audição”, para que pudéssemos ler ou ouvir algum conteúdo sem a interrupção constante de notificações.
Fadell concluiu afirmando que, para a Apple, a construção de uma ferramenta como essas não seria difícil, já que “as peças já estão no lugar” e o processo seria muito mais fácil e barato do que construir um carro autoguiado, por exemplo. Além disso, como o modelo de negócios da Apple não envolve o tempo de tela ligado propriamente dito, a empresa é uma das mais indicadas para iniciar essa tendência — que, segundo ele, seria prontamente seguida por outras fabricantes do ramo.
Será?
via TechCrunch