O melhor pedaço da Maçã.

2023 no Apple TV+: “Killers of the Flower Moon”, “Falando a Real” e outros destaques positivos

Cá estamos nós de novo continuando (ou melhor, concluindo) a nossa retrospectiva do Apple TV+ no ano que se despede. Depois de passarmos por algumas das principais decepções da plataforma ao longo de 2023, é hora de virar a chave e falar de coisa boa — ou melhor, de reconhecer quais produções lançadas pela Maçã nos últimos (quase) 12 meses merecem os louros dos nossos reconhecimentos.

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A lista abaixo, claro, não é um apanhado completo de todas as melhores coisas que chegaram ao Apple TV+ em 2023 — até porque uma delas sequer chegou ao Apple TV+ ainda, e este reles escriba, como notei na semana passada, ainda não tem a capacidade de absorver todo o conteúdo lançado pela plataforma.

Dito isso, comecemos a nossa viagem!

“Killers of the Flower Moon”

É impossível começar de outra forma: “Killers of the Flower Moon” (ou “Assassinos da Lua das Flores”, em português) não é apenas a melhor coisa produzida pelo Apple TV+ em 2023, como ficará marcado como um dos grandes filmes do ano, ponto final.

Mais que isso, “Killers” é mais uma prova de que a chama criativa de Martin Scorsese, possivelmente o maior cineasta vivo, está mais acesa do que nunca no auge dos seus 81 anos. Muito já se falou sobre a história por trás da produção e como Scorsese basicamente jogou um roteiro já pronto no lixo para repensar o filme do zero, dando à narrativa o foco em seus reais protagonistas — a Nação Osage, situada no estado do Oklahoma — e trazendo pessoas reais desse povo para ajudar a contar essa história e torná-la mais autêntica.

Com um vigor raramente visto no cinema contemporâneo, o filme transforma suas 3h26 de duração em uma odisseia que é, sim, árdua e intensa — mas não pelo tempo transcorrido, e sim pelas injustiças indizíveis colocadas na tela. Pelos olhos de aço de Lily Gladstone, em uma das performances mais impressionantes dos últimos tempos. Pela parceria enfim realizada entre Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, os dois principais colaboradores de Scorsese, ambos em novos destaques das suas carreiras. Pela trilha magnífica, pulsante, de Robbie Robertson, que já deixa tanta saudade (sério, assistam “The Last Waltz”).

“Killers of the Flower Moon” é um acontecimento. Agora, só falta ele chegar ao Apple TV+.

“Falando a Real”

Na coluna da semana passada, falei como “Ted Lasso” passou, em apenas três temporadas, de uma série simpática e engraçadinha com toques de positividade para uma interminável sequência de lições de moral sentimentais e meio piegas, tudo porque seus roteiristas tentaram, sem sucesso, replicar (e intensificar) a fórmula que deu certo no início.

Pois “Falando a Real” (ou “Shrinking”, no título original) é um ótimo exemplo de que sim, é possível pegar o que deu certo nos áureos tempos de “Ted Lasso” e criar algo novo, igualmente edificante mas com uma veia cômica completamente diferente. Basta notar que, do trio criativo responsável pela produção (Brett Goldstein, Jason Segel e Bill Lawrence), dois deles também são as cabeças responsáveis pela série futebolística da Maçã.

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Com um coração enorme e um senso de humor irônico que nunca falha em produzir um risinho de canto de boca, “Falando a Real” encontra seu maior triunfo na dobradinha sensacional entre o protagonista Segel e Harrison Ford, encarando aqui seu primeiro papel televisivo. Merece elogios, também, a coragem do roteiro em nunca esconder as partes mais sombrias e controversas dos seus personagens (algo de que “Ted Lasso” muito se beneficiaria). Uma grata surpresa.

“Flora e Filho”

O Apple TV+ não produziu muitos filmes em 2023, mas toda e qualquer atenção voltada à sétima arte na plataforma da Maçã acabou focando, muito merecidamente, em “Killers of the Flower Moon”. O efeito colateral disso é que algumas outras produções de grande valor acabaram passando quase despercebidas — e “Flora e Filho – Música em Família” (ou “Flora and Son”, no original) é o maior exemplo disso.

Em mais um trabalho ambientado na Irlanda que explora sua profunda ligação com a música e o seu poder agregador, John Carney (de “Once” e “Sing Street”) é capaz de contar uma história sensível sobre pessoas humildes sem nunca soar condescendente ou demasiadamente acusatório — a relação entre mãe e filho, ancorada por performances extremamente naturais de Eve Hewson e Orén Kinlan, com uma ajudinha do sempre confiável Joseph Gordon-Levitt.

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“Flora e Filho” é a típica produção que algumas pessoas resumiriam, de forma um tanto depreciativa, como um filme de Sessão da Tarde. Mas basta olhar um pouco nas entrelinhas para notar que nós temos aqui muito mais do que um feel-good movie sobre a magia da música: Carney consegue, em seu roteiro, imbuir uma carga de significado sobre desejos (espirituais, materiais e até mesmo sexuais), frustrações, responsabilidades e afetos. Basta parar e ouvir a música com um pouco mais de calma.

2ª temporada de “Schmigadoon!”

OK, admito: talvez eu, um grande apaixonado por teatro musical e pelos grandes espetáculos da Broadway ao longo das décadas, seja suspeito para falar. Mas o fato é que “Schmigadoon!”, que já era uma delícia na sua primeira temporada, dobrou a aposta no seu segundo ano e tornou-se uma das experiências mais divertidas do ano disponíveis na TV.

Ao “avançar algumas décadas” na história da Broadway e trocar a era de ouro dos musicais pelos temas mais sombrios e subversivos das décadas de 1960 e 1970, a série comandada por Cinco Paul conseguiu incorporar um subtexto mais profundo e adaptado aos nossos tempos. As músicas, que se destacaram desde o início, também brilharam: faixas como “Everyone’s Gotta Get Naked” e “Something Real” não só emulam perfeitamente os trabalhos de nomes como John Kander e, após certo ponto, Stephen Sondheim.

Além disso, a mudança de ambientação permite à série mergulhar mais fundo na sua dupla de protagonistas, interpretados brilhantemente por Cecily Strong e Keegan-Michael Key, além de extrair uma galeria de coadjuvantes ainda mais interessantes — todos novos personagens, mas interpretados (quase inteiramente) pela mesma brilhante trupe da primeira temporada, com direito a nomes já gravados na história do teatro, como Kristin Chenoweth, Alan Cumming, Aaron Tveit e Martin Short.

Resumindo: “Schmigadoon!” continua sendo uma delícia de se assistir e eu mal posso esperar para saber o que eles têm planejado para a próxima temporada.

“O Viajante Relutante”

Taí mais uma produção que passou basicamente despercebida e merece mais reconhecimento: “O Viajante Relutante” (ou “The Reluctant Traveler”, no original) poderia ser apenas mais uma série sobre viagens, lugares e culturas, mas o comando de Eugene Levy eleva seus episódios a um patamar pouco visto nesse tipo de documentário.

"The Reluctant Traveler"

Como um eterno órfão do colossal Anthony Bourdain, estou sempre atrás de séries que rodam o mundo em busca de algum tipo de observação que vai além do lugar comum, das platitudes e do exercício vazio de luxo ou exploração do diferente. Levy não chega a ser um substituto da sabedoria ou da ironia cósmica de Bourdain, mas sua persona ligeiramente rabugenta é mais do que suficiente para dar uma camada além do que as câmeras conseguem captar, dando aos seus destinos e experiências um verniz humorístico muito bem-vindo.

“O Viajante Relutante” é um destaque por ter saído aparentemente de lugar nenhum — Levy é um dos comediantes mais talentosos dos EUA, mas nunca foi conhecido por ser um bom apresentador — e, deste vácuo, ter apresentado uma visão minimamente nova sobre o que um programa de viagens pode ser. Se você não ouviu falar (e eu tenho quase certeza que não ouviu), vale a pena dar uma olhada.


Até a semana que vem, com um apanhado das produções que devemos ficar de olho em 2024 no Apple TV+. Feliz Natal! 🎄

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