O MacMagazine está em San Francisco cobrindo a Worldwide Developers Conference 2008, a convite da PlayTV.
Depois de cerca de duas horas e meia de espera e ansiedade, entramos no auditório principal do Moscone West quase 20 minutos antes da hora prevista para o início da apresentação de Steve Jobs na abertura da Worldwide Developers Conference 2008.
Consegui um lugar na 6ª fila, bem no centro — estava realmente de camarote! Logo atrás de mim, por exemplo, estava Walt Mossberg, famoso colunista de tecnologia do The Wall Street Journal.
Enquanto esperávamos o início da keynote, ao som de músicas dos anos 50 e 60 (belas escolhas!), avistei Tim Cook, COO da Apple; Al Gore, ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, integrante da diretoria da Apple; Ron Johnson, vice-presidente sênior de lojas de varejo da Apple; Phil Schiller, vice-presidente sênior mundial de produtos da Apple; e Scott Forstall, vice-presidente sênior de softwares para iPhones.
Às 10h, pontualmente, um locutor pediu que todos desligassem seus iPhones, telefones celulares, PDAs e pagers — motivo de risadas, claro. Menos de 5 minutos depois, Steve Jobs — bastante magro, por sinal — subiu no palco sob muitos aplausos.
Esta WWDC 2008 conta com a participação de 5.200 participantes, um recorde na história do evento, que teve seus ingressos esgotados. Serão 147 sessões no total: 85 sobre Macs e 62 sobre iPhones. Haverá 169 laboratórios práticos durante o evento, que conta com mais de 1.000 engenheiros de software. iFund e Intel são dois grandes nomes que realizarão palestras durante esta semana.
A Apple é hoje constituída de 3 grandes “pernas”: Mac, Music (iPod + iTunes) e iPhone. A keynote se focou apenas nesta terceira. Os desenvolvedores participantes, porém, contarão com uma demonstração especial do Mac OS X “Snow Leopard” (está confirmado!) 10.6 ainda hoje, mas certamente estarão sob NDA, o que significa que não poderão divulgar nada sobre o novo sistema.
Faz apenas 96 dias que a Apple apresentou pela primeira vez o software iPhone 2.0 e seu SDK e, neste período, a companhia contabilizou 250.000 downloads do SDK. Foram 25.000 inscritos no programa beta (pago) lançado pela Apple, mas apenas 4.000 foram aceitos pela empresa. O foco da nova versão são corporações e o desenvolvimento do SDK, além de trazer alguns novos recursos bastante bem-vindos.
O iPhone 2.0 proporciona integração total com o Microsoft Exchange, via push mail, push contacts, push calendars, auto-discovery, global address lookup e remote wipe. A Apple implementou, também, tecnologias de criptografia de dados da Cisco e atendeu a todas as demandas de segurança de corporações para o novo iPhone. Steve Jobs revelou que 35% das empresas da lista Fortune 500 já estão trabalhando em soluções móveis para iPhones.
Scott Forstall foi convidado por Steve para fazer a apresentação do SDK. Segundo ele, a Apple quer que todos tenham acesso às APIs e ferramentas que ela própria utiliza na criação de aplicativos móveis para iPhones. Para os que já desenvolvem para Macs, tudo fica mais fácil, já que o OS X iPhone compartilha muitos dos mesmos componentes e tecnologias do OS X Leopard: Core OS, Core Services, Media e Cocoa Touch.
Desenvolvedores contam com um completo grupo de ferramentas para a criação, desenvolvimento e testes dos seus aplicativos: Xcode, Interface Builder, iPhone Simulator e Instruments. Citações de executivos da Walt Disney Company, InfoWorld, FOX e de David Pogue, do The New York Times, corroboram as qualidades e funcionalidades proporcionadas pelo ecossistema criado pela Apple.
Diversas empresas que já estão com projetos avançados para iPhones foram convidadas para rápidas apresentações durante a keynote: a SEGA apresentou o jogo Super Monkey Ball, que usa o acelerômetro dos iPhones para controlar um macaquinho e estará disponível na iTunes App Store no seu lançamento por US$10; o eBay demonstrou seu software de leilões, gratuito; a Loopt falou sobre seu aplicativo social, também gratuito, que explora profundamente os recursos de localizações do iPhone; a TypePad proporciona mobile blogging gratuitamente; a Associated Press criou uma rede de notícias para iPhones que sabe onde você está e lhe proporciona informações locais, também grátis; a Pangea Software trará dois jogos de US$10 cada para iPhones, Enigmo e Cro-Mag Rally; Cow Music, uma entrante no ramo, desenvolveu um sofisticado software de música com instrumentos virtuais para iPhones; MLB.com proporcionará notícias, resultados e vídeos de jogos de baseball da MLB; MODALITY chega com um software perfeito para estudantes, que explora tudo sobre a anatomia do corpo humano; MIMvista apresentou um software médico ainda mais complexo, perfeito para análise de imagens; e, finalmente, a DIGITAL LEGENDS Entertainment demonstrou um jogo 3D muito bacana, criado em apenas 2 semanas e com previsão de estar 100% até setembro.
Um dos grandes pedidos de desenvolvedores e usuários para iPhone são processos rodando em plano de fundo. A Apple acha que isso não é legal, porque consome bateria em demasiado e compromete a performance dos aplicativos executados em primeiro plano. Para contornar a necessidade, Scott anunciou um novo serviço push de notificações da Apple que, através de uma conexão IP única e persistente, proporciona alertas via badges, sons e popups de texto para os mais diversos programas para iPhones, incluindo softwares de mensagens instantâneas, por exemplo. Estará disponível até setembro.
O iPhone 2.0 trará também buscas em contatos, suporte total ao iWork (Pages, Numbers e Keynote) e ao Microsoft Office (agora também PowerPoint), remoção e movimento de emails em massa, possibilidade de salvar imagens de emails, calculadora científica em modo horizontal, controles parentais, novos idiomas (incluindo português e tecnologia de reconhecimento de escritas chinesa e japonesa — “é a vantagem de se utilizar um teclado virtual”, brincou Steve) com recurso de troca em tempo real, entre outros. Ele estará disponível no início de julho gratuitamente para usuários de iPhones; houve um desconto no preço para “iPod touchers”: custará apenas US$10.
A iTunes App Store promete levar aplicativos para todos os usuários de iPhones, via Wi-Fi, rede de celulares ou iTunes. Apenas aplicativos que pesem mais de 10MB não poderão ser baixados via redes de celulares. Além da App Store, a Apple está desenvolvendo outras duas formas de distribuição de softwares, uma para corporações e outra via ad hoc. Administradores podem filtrar acesso por unidades e disponibilizar certos aplicativos específicos para iPhones.
O MobileMe chegou para substituir o .Mac, como esperado. Ele proporciona o “Microsoft Exchange para o resto de nós”, segundo Phil Schiller, integrando-se com Macs (Mail, iCal, Address Book), PCs (Microsoft Outlook) e iPhones, via push mail, push contacts e push calendars. Todos os dados são atualizados automática e instantaneamente, pelo ar. A interface do serviço — que continua custando US$99 por ano — é totalmente baseada na web, mas proporciona uma incrível experiência desktop. Ele conta ainda, é claro, com galeria de fotos e um iDisk com 20GB de armazenamento. Com previsão de lançamento para o início de julho, a Apple oferecerá uma versão de testes grátis por 60 dias. Atuais usuários do .Mac serão “atualizados” automaticamente, continuarão com suas contas @mac.com e poderão migrar para o @me.com quando bem entenderem.
No próximo dia 29, o iPhone completará 1 ano de vida. Ninguém pode negar que foi um grande lançamento, certamente a maior revolução no mercado de telefones celulares desde — sei lá! — o primeiro aparelho com câmera fotográfica embutida. Dos 6 milhões de iPhones vendidos até hoje — esgotaram-se todas as unidades, no mundo, há algumas semanas –, 90% dos consumidores estão muito satisfeitos com o produto, 98% navegam na internet, 94% utilizam email, 90% trocam mensagens e 80% utilizam 10 ou mais recursos oferecidos por ele — estes são simplesmente números altíssimos!
Para comemorar tais marcas, a Apple anunciou hoje o tão esperado iPhone 3G, com GPS integrado. Mais fino nas laterais, sua parte traseira é totalmente de plástico. A frente continua praticamente idêntica, com a tradicional tela de 3,5 polegadas. A entrada para fones de ouvido agora é a padrão do mercado e seus falantes melhoraram bastante.
A tecnologia 3G proporciona uma conexão sem fio muito mais rápida que a EDGE, notável principalmente em navegações pelo Safari e no recebimento de emails com anexos. Steve Jobs mostrou um vídeo comparativo, lado-a-lado, da página inicial do National Geographic em carregamento: via 3G, o iPhone demorou 21 segundos para terminar. Via EDGE, foram 59 segundos, isto é, o 3G foi 2,8x mais rápido. Apenas em vias de comparação, via Wi-Fi o mesmo aparelho levou 17 segundos; isso significa que, aos poucos, o 3G alcançará a velocidade de conexões Wi-Fi convencionais, a diferença já é pequena atualmente.
O que era um problema há um ano, agora foi solução. A Apple otimizou ao máximo a autonomia das baterias dos novos iPhones, que proporcionarão até 300 horas em modo standby, de 8 a 10 horas em conversação 2,5G, 5 horas via 3G, 5-6 horas de navegação, 7 horas de reprodução de vídeos e 24 horas de áudio. Muito, muito bom!
Aplicativos que exploram os recursos de localização dos iPhones estão bombando. Por isso, com seu GPS integrado, o telefone celular da Maçã conta agora com 3 formas de identificação geográfica para os usuários: triangulação via redes de celular, bases Wi-Fi e GPS. A precisão deste último é tão grande que Jobs mostrou um vídeo de um carro descendo a sinuosa Lombard St., aqui em San Francisco. Deu para ver claramente as curvas para a direita e esquerda do carro em movimento. Demais!
Atualmente, o iPhone é vendido em apenas 6 países, apesar de já estar disseminado — “não-oficialmente” — em todo o mundo. A meta inicial da Apple para o lançamento do iPhone 3G era de chegar a 12 países, com uma possibilidade de esticar o número para 25. Pois ela acaba de anunciar que 70 países o receberão ainda este ano, incluindo o Brasil. Só que nós não o teremos, por enquanto, no próximo dia 11 de julho, quando ele chegará em 22 desses 70 países.
Uma pesquisa da Apple mostrou que 56% dos consumidores achavam o iPhone caro demais, e evitaram comprar o produto. Ela quer acabar de vez com essa insatisfação, e este talvez seja o maior dos anúncios de hoje. O modelo de 8GB agora custa metade do preço anterior: foi de US$399 para US$199. Já o de 16GB sairá por US$299, e contará com um modelo com traseira branca, além da nova preta.
Detalhe: este preço será mundial, de acordo com a equivalência monetária de cada país. Isso significa dizer que, quando aterrissar por aqui, os iPhones de 8 e 16GB custarão, respectivamente, R$349 e R$499, segundo minhas estimativas. Digamos que no Brasil as coisas sejam diferentes (não duvido muito), mesmo pensando em (exagerando bastante) R$699 e R$899, eu só digo uma coisa: o iPhone irá bombar.
Mais tarde tem um videocast para vocês, aqui no BLOG.MACMAGAZINE, fiquem ligados!
Confira todas as fotos da WWDC 2008 no meu Flickr.