Como qualquer grande empresa que se preze, o compromisso da Apple com o meio ambiente e a sustentabilidade das suas operações é público e notório — basta ver a página que a empresa mantém no seu site apenas para esse aspecto e todas as iniciativas que tem realizado ao longo da última década, como o uso de energia limpa, materiais reciclados e novas técnicas de reaproveitamento de componentes.
Por detrás dessa face pública, entretanto, alguns apoios realizados pela Maçã podem ser um pouco mais… desconfortáveis. Ao menos é o que afirma um relatório recente do Tech Transparency Project (TTP), iniciativa que tem como objetivo analisar a influência de gigantes tecnológicas, como a Apple, em aspectos importantes da vida em sociedade, como política, iniciativas sociais e, naturalmente, meio ambiente.
De acordo com o relatório, a Apple mantém relações com algumas associações comerciais que vão justamente no sentido contrário, de iniciativas contra a sustentabilidade. Uma delas é a Texas Association of Business (TAB), grupo que tem um longo histórico de negacionismo em relação às mudanças climáticas (ou, mais precisamente, à ação humana como causa delas) e de lobby contra regulamentações para a redução da taxa de carbono das empresas.
Outra associação apoiada pela Apple é a Business Roundtable, que no ano passado realizou uma enorme investida de lobby para impedir que o Congresso dos Estados Unidos aprovasse um pacote de infraestrutura incluindo US$150 bilhões destinados à transição para fontes de energia limpa e renovável entre empresas do setor energético.
Não é só nos EUA que a Apple apoia grupos pouco amigáveis ao meio ambiente: o TTP detectou ainda relações da Maçã com associações na Europa e no Japão que têm históricos parecidos, lutando contra leis para redução de emissões de gases poluentes e outras práticas pouco amigáveis ao planeta.
Cita-se também a — já deveras pública — luta da Apple contra o direito ao reparo, que encarece o suporte, reduz a vida útil dos seus produtos e aumenta o descarte de eletrônicos. Naturalmente, há de se citar aqui algumas iniciativas recentes no sentido contrário por parte da empresa, mas a Maçã continua ligada a sete grupos que lutam contra regulamentações nessa seara, o que indica que a empresa segue com o objetivo de controlar (ou minimizar) as leis de direito ao reparo.
Não é novidade para ninguém que qualquer empresa de tamanho razoável, e muito mais uma gigante como a Apple, precisa manter relações com grupos e associações que não necessariamente representam todos os seus valores e princípios. Entretanto, quando se trata de um tema tão crucial quanto meio ambiente (e considerando a “defesa apaixonada” da questão por parte da Maçã), seria interessante ver alguma resposta de Cupertino nesse sentido. Opiniões?
via TechCrunch