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Halex bodejando: a Microsoft que mais amamos é exatamente como a Apple

Ousadia, inovação, qualidade, experiência do usuário em primeiro lugar. Não é sempre que associamos esses termos à Microsoft, mas posso falar por experiência própria que existe um produto no qual tudo isso é prioridade para a gigante de Redmond: o Xbox. Ele pode não ter sido uma febre como o Wii ou um monstro de potência potencial como o PlayStation 3, mas Deus é testemunha de que, como videogame e central de entretenimento, ele é prova de que a Microsoft tem jeito.

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Xbox 360 Slim

Anéis Vermelhos da Morte® são coisa do passado, e os desenvolvedores deitam e rolam com o hardware do Xbox 360, criando games com uma qualidade notavelmente superior às versões para PS3 — Red Dead Redemption e Bayonetta me vêm à mente. É porque o console da Microsoft é essencialmente superior? Eu não diria isso, mas dá pra notar que ele deixa os criadores de jogos bem mais à vontade, e o resultado a gente vê na telona. Além disso, a Sony tem suado um bocado para conseguir voltar a seus tempos de glória, com o PSOne e o PS2.

Mas o que eu quero falar, na verdade, é o quanto essa Microsoft, a Microsoft do Xbox, do Kinect se parece com a Apple. O modelo de negócios é vertical, integrado: uma única empresa faz o hardware, o software e aprova todo o conteúdo que entra na máquina. A Microsoft tem poder de veto sobre os jogos do Xbox e fatura um pouco em cima das vendas deles. É ela também quem decide como deve ser a experiência do usuário… e ela tem melhorado a cada update do Dashboard — não que fosse ruim, na verdade o bom ficou melhor, depois ficou melhor ainda e deverá melhorar mais e mais.

Kinect

Como resultado, os consumidores ganham, os desenvolvedores ganham e o mercado ganha. Isso seria possível, se o tipo de integração fosse diferente? Se fosse, digamos, “aberto”? Eu duvido muito — e reconheço que essa foi uma indireta pro Android.

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Trago isso à tona porque nos últimos anos tem sido uma modinha bem chata demonizar a Apple pela forma como ela cuida do iOS: é fechado demais, limita as opções dos consumidores, é ruim para a liberdade, é o fim da internet, etc., etc. Só que essas mesmas pessoas geralmente adoram usar o Xbox e o Kinect como exemplos do quanto a Microsoft é melhor que a Apple. Isso é um problema, pois a Microsoft que fez o Xbox é uma Apple.

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Há diferenças, claro, mas elas são tão deliberadas que dá pra classificar quase como uma estratégia de publicidade. Por exemplo, quando começaram a hackear o iPhone, a Apple se fechou em copas e colocou barreiras, elegendo seu SDK e a App Store como único caminho para chegar ao smartphone. A Microsoft, com o Kinect, está adotando uma postura permissiva, como uma mãe que entrega o filho ao mundo, algo que eu vejo como uma forma de dizer “Viu, como eu sou diferente da Apple?”

Daí paramos no ponto aonde eu queria chegar: “aberto” é sempre melhor que “fechado”? Olhando pro Xbox e pro iPhone, dá pra notar que não é bem esse o caso. A metáfora do “jardim murado” é muito boa para falar desses sistemas, pois é exatamente com o que eles acabam se parecendo: por terem uma manutenção centralizada e organizada, tais jardins acabam sendo um ambiente muito mais aprazível do que, digamos, áreas selvagens. Para o consumidor, poder ter acesso a vários “jardins murados” é bom, pois permite apreciar mais a paisagem e ter que se preocupar menos com uma serpente ou com um assaltante escondido num arbusto. E as áreas selvagens? Elas são importantes, também, à sua própria maneira: exploradores capacitados sempre vão poder tirar delas coisas boas, mas querer que uma pessoa comum seja jogada numa dessas e goste disso é querer demais.

Quando eu coloco um jogo no meu videogame, eu não quero me preocupar com ajustes minuciosos para fazer a GPU dar conta de renderizar 60 quadros por segundo, isso é trabalho do desenvolvedor. Da mesma forma, quando eu uso um smartphone, que se dane ficar gerenciando a memória dele, esse não é meu trabalho. Não é pra fazer esse tipo de coisa que as pessoas compram esses produtos: elas querem usá-los. Por isso que o “fechado” pode ser tão bom quanto o “aberto”, cada um a seu modo e no seu devido lugar.

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E por isso o Xbox e o iPhone fazem tanto sucesso.

And that, as they say, is that.

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