Saiu ontem um artigo no NYTimes.com analisando o porquê de usuários do iPhone estarem dispostos a pagar por conteúdo muito mais do que o internauta comum. A discussão envolve o posicionamento da Apple de evitar distribuir conteúdo grátis suportado por propagandas e mostra o quanto o desenvolvimento de um mercado para conteúdos pagos se tornou maior — muito mais até do que o esperado.
A adoção de um modelo ou outro é bastante discutível, porém a Apple já provou que aprendeu a vender conteúdo barato — seja US$1 por uma música/aplicativo ou US$5 por um eBook (a Amazon.com enxergou bem isso). O importante disso tudo é que “barato” é muito melhor do que “grátis”, porque dá a autores e provedores de conteúdo um modelo sustentável e que não depende de anunciantes.
Os motivos para tamanho sucesso abordados pelo repórter Saul Hansell envolvem, como sempre, a facilidade e comodidade oferecidas pela Apple em sua loja online. Isso explica o porquê de títulos como o livro iPhone: The Missing Manual, de David Pogue (colunista de tecnologia do New York Times, diga-se de passagem), ter visto a sua edição publicada na iTunes Store se tornar a mais vendida entre todos os meios nos quais foi distribuído.
Em vias de experimentação, a editora O’Reilly Media aumentou o preço do título de US$5 para US$10. Prontamente, as vendas caíram 75%. O modelo de conteúdo barato — ainda que isso seja relativo — deveria servir de exemplo para outros mercados, como os próprios softwares para desktops, que chegam a custar 10, 100, 1.000 vezes mais que um app para iPhone/iPod touch.
Enquanto vejo desenvolvedores lutando para criar formas de combater e controlar a pirataria de seus softwares, me questiono se um programa de US$100 não poderia, de fato, ser vendido por, digamos, US$20. Creio que é muito mais fácil alguém vender 50 cópias de um título de US$20 do que 10 de um de US$100 — e os ganhos finais seriam os mesmos.
A própria Apple sabe um pouco disso, ainda que o preço de alguns dos seus softwares pudesse ser mais baixo — sim, eu acredito que o sucesso financeiro desse tipo de produto depende primordialmente de quantidade de vendas. O Mac Box Set — que inclui o Mac OS X Leopard, o iLife e o iWork — custa hoje muito menos que uma única edição do Microsoft Windows ou até mesmo do Office. Como pode?!
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Silicon Alley Insider, o preço médio dos 100 aplicativos mais populares da iPhone App Store caiu de US$3,15 para US$2,55 (-19%) nos últimos dois meses. E mais: títulos premium, de US$10, simplesmente desapareceram dos gráficos de bestsellers. Isso indica claramente uma tendência, ainda que por um lado possa ser bastante preocupante.
Diante disso tudo, no seu próximo projeto, avalie com calma: barato ou gratuito?