E chegamos ao terceiro tópico apontado por Jason Calacanis (veja 1 e 2) como um dos motivos de estar pensando em abandonar a Apple — sim, ele ainda está pensando, por que será? Calacanis critica fortemente o processo de aprovação de aplicativos adotado pela Apple na iPhone App Store.
Sinceramente, depois que a Apple aprovou um aplicativo que emite diversos tipos de som de flatulência (peido, para os íntimos) e este rendeu um bom dinheiro ao seu desenvolvedor, não vejo como o sistema pode ser criticado nesse sentido. Alguém aqui sente falta de algum aplicativo? Claro que sim! Sempre sentimos falta de algo. Mas os aplicativos não aprovados são raros e totalmente dispensáveis. Aliás, a Apple frequentemente ajuda os desenvolvedores a produzir algo decente, reprovando, justificando e apontando o caminho.
Gostaria ainda de levantar um ponto crucial: algum leitor do MacMagazine que seja programador de software pode me indicar um sistema mais eficaz de distribuição e promoção do que o criado pela Apple através da App Store e do iPhone? Desenvolver um aplicativo para o iPhone OS é tão fácil quanto vendê-lo, sem nenhuma burocracia jurídica.
A empresa de Steve Jobs disponibiliza gratuitamente todo o material necessário para desenvolver aplicativos, bibliotecas de funções prontas, muito mais detalhados do que algumas plataformas mais antigas. Além disso, ela cuida de toda a infraestrutura, sistema de cobrança, divulgação e, para distribuição na App Store, cobra US$100 + 30% do faturamento para os apps pagos. Alguém aqui sabe quanto uma banca de jornal lucra em cima do preço de capa das revistas? Ou quanto o supermercado lucra em cima dos produtos vendidos em suas gôndolas? Vou deixar a cargo de cada um aqui pesquisar, mas posso garantir que é mais da metade do bolo!
Falando do lugar de usuário, sinto-me muito mais seguro sabendo que tudo o que eu instalar baixado da App Store foi conferido e aprovado. Nós, usuários dos produtos de Cupertino, sabemos o quanto isso é importante. Leio muitas reclamações sobre o bloqueio da Apple, a política contra o famoso “jailbreak” e fico embasbacado com a cara-de-pau dessas pessoas.
A Apple está no papel dela e, Sr. Calacanis, mais uma vez, é claro que você pode fazer o que quiser com o equipamento que comprou: desbloquear, instalar o que quiser, desmontar, soldar dois SIM cards… Mas para toda ação há uma reação, ou uma consequência — e, neste caso, é a perda de garantia. Simples assim! Você escolheu ter um iPhone, você sabia dos prós e dos contras. Não dá pra comprar um equipamento e exigir que ele funcione diferente do que foi prometido. Quer hackear o bicho? Maravilha, mas não espere que a garantia cubra isso. Tudo na vida funciona dessa maneira!
Por último, Jason Calacanis afirma que a Apple faz questão de tornar seus equipamentos obsoletos de ano em ano.
(!) ¬¬
Eu nem ia me dar ao trabalho de escrever sobre isso, mas para alguém que diz que o iPod e o iTunes estão impedindo a evolução do mercado me estranha o fato de você querer que a Apple não inove sua linha de produtos. Você deveria estar pedindo justamente o contrário: “Por favor, torne seus equipamentos obsoletos de seis em seis meses!” Além disso, o iPhone original ainda é mais avançado do que qualquer outro smartphone do mercado — só não tem o 3G, mas ainda assim roda a versão mais recente do iPhone OS e seus respectivos aplicativos, com poucas exceções.