não permitir que outros navegadores além do Safari sejam instalados no iPhone (ou quase isso). Segundo ele, essa é uma atitude hipócrita e impede o desenvolvimento de navegadores mais rápidos e eficientes através da concorrência aberta.
Em seu quarto argumento para abandonar a Apple, Jason Calacanis protesta contra a atitude da Apple emSou a favor da concorrência e acho que a Apple realmente está errada neste ponto. Apesar disso, entendo o ponto de vista da empresa e me sinto satisfeito com o Mobile Safari. Não é uma simples questão de proteção contra os competidores: muitos serviços e bibliotecas de desenvolvimento de aplicativos para o iPhone OS e do Mac OS X dependem do WebKit, o coração do Safari. Não é à toa que, todas as vezes que o Safari é atualizado, o sistema nos obriga a reiniciar o Mac — isso não acontece com nenhum outro aplicativo desenvolvido em Cupertino.
A Apple não quer bagunça: ela quer que tanto os desenvolvedores quanto os usuários tenham uma vida fácil e tranquila, sem ter que escolher entre milhares de opções para um serviço tão básico quanto um navegador para a internet, algo que já virou commodity e a grande maioria é praticamente igual. Ok, existem diferenças, mas, francamente, são muito poucas. As extensões do Firefox, por exemplo, fazem diferença para menos de 5% dos usuários (geeks, nerds, webdesigners…). O fato de o Safari ser o mais rápido também não faz muita diferença em um mundo online, com tantas variáveis a serem levadas em conta; é apenas marketing para inglês ver. O único navegador que ficou para trás e está tentando se recuperar é o Internet Explorer, da Microsoft.
Aliás, Jason diz que a atitude da Apple é igual ou pior que a da Microsoft (no caso Windows e Internet Explorer), afinal, o IE vinha instalado nos PCs mas ainda era possível instalar outros navegadores concorrentes; no iPhone, nem isso pode. Essa comparação foi bacana, pois levanta um ponto crucial que às vezes é deixado de lado: a Microsoft só perdeu terreno para os concorrentes e a batalha judicial porque o Internet Explorer é um lixo empacotado. E, mesmo assim, demorou anos para que isso acontecesse!
Na real, o consumidor comum — não o nerd que estabelece teto orçamentário anual para não extrapolar na compra de produtos eletrônicos, como Calacanis — pouco se importa se existem opções ou não. O que ele quer é que a opção que ele comprou funcione bem. E no iPhone/iPod touch, o Mobile Safari funciona muito bem, obrigado!
Enquanto a Apple estiver fazendo o trabalho dela bem feito, as reclamações contra as regras estabelecidas por ela, de que não se pode reinventar a roda no iPhone, virão de poucos gatos pingados como Calacanis. Quando os aplicativos que não podem ser duplicados não satisfizerem mais o público geral, e só neste caso, começarão a surgir os problemas.
E não podemos esquecer um último detalhe: o iPhone foi originalmente desenvolvido para rodar apenas aplicativos “web-based”, aliás um futuro traçado por muitos analistas inclusive nos desktops (Google Chrome OS, alguém?). Se é realmente o caminho, ninguém sabe, mas por que a Apple arriscaria perder a trilha justo agora?