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O Apple Watch Ultra é uma ameaça a Garmin, Polar e outras?

No fim de 2018, eu escrevi uma matéria aqui no MacMagazine que segue muito relevante quando você pesquisa por Apple Watch ou Garmin para correr. Muito do que escrevi na época se aplica a diversas marcas — não só à Garmin — e, por incrível que pareça, até hoje boa parte da matéria continua válida.

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Confesso que, com a chegada do Apple Watch Ultra, por alguns segundos minha expectativa para mudanças nesse cenário foi ativada. Eu comprei o relógio no lançamento, já usei para alguns treinos e também para uma prova de 5km aqui na cidade que estou morando (em Montreal, no Canadá).

Abaixo, tentarei falar um pouco dessa experiência que eu tive com ele, destacando alguns pontos positivos e outros negativos.

Prós

Caixa

A apresentação dele é muito legal, assim como a primeira versão do Apple Watch (lançada lá em 2015 e que vinha em caixas bem mais bonitas que as atuais). Eles deram uma caprichada no pacote como um todo!

Robustez

Ao pegar e colocar o Apple Watch Ultra no pulso, a primeira sensação é que agora parece que eu estou com um relógio robusto de verdade. Não quero dar um tom “hétero top” nessa frase, mas é tipo comparar um carro normal com um Mustang (os famosos muscle cars).

Tela maior

Acessar as informações na tela maior é legal, mas confesso que, como alterno entre o Ultra e um Apple Watch Series 7 — enquanto um carrega eu uso o outro —, esse percepção me causou mais impacto no primeiro momento. Agora, no dia a dia, não muda muita coisa.

Botão físico

Finalmente um botão físico a mais no relógio! Mas calma, a impressão positiva sobre esse botão parou por aqui, infelizmente — mais sobre isso abaixo.

Resistência

Agora que eu estou usando ele há um certo tempo, embora no geral eu seja muito cuidadoso com os meus devices, dá para notar que ele é mais resistente a sinais de uso do que os Apple Watches regulares. Ainda mais que agora estou morando em um lugar muito frio — jaquetas fazem parte da rotina e toda hora eu bato o relógio em botões, velcros, etc.

Para somar à rotina normal de uso do relógio, agora eu tenho um filho pequeno. Eu pego muito ele no colo, é claro. A criança mexe, bate… eu tenho que colocá-lo na cadeirinha no carro, etc. Quem tem filho sabe o que eu estou falando e como isso se torna “arriscado” para o que você tem no pulso.

Pulseiras

Um ponto superpositivo para Apple foi ter mantido a compatibilidade com pulseiras antigas, que continuam combinando muito com o Apple Watch Ultra.

Contras

Eu achei o Ultra realmente superior às outras versões, sem sombra de dúvidas. Mas, na minha opinião, ele não vale o preço que a Apple está cobrando pelos seguintes motivos — lembrando que percepção de valor pode variar de pessoa para pessoa e de bolso para bolso.

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Mas vamos às minhas percepções.

Bateria

Bateria que dura uns três dias (usando todos os recursos)? Me desculpe, mas em pleno 2022 isso ainda é uma questão para a Apple?!

Eu tenho um Polar Pacer Pro — que não chega a ser o modelo topo-de-linha da marca — e, em termos de bateria, ele entrega muito mais do que o Apple Watch Ultra e não custa nem US$300 nos Estados Unidos (R$3.000 no Brasil). Nos meus últimos testes, ele chegava a durar sete dias!

Com o valor de um Apple Watch regular, já é possível pegar a versão topo-de-linha de muitas marcas — que continuam entregando muito mais do que qualquer Apple Watch quando o assunto são métricas.

Acesso à informação

Vamos falar do acesso à informação na tela. Para a grande maioria dos corredores amadores, o Apple Watch entrega as informações necessárias para a prática do esporte já há um tempo, mas com o lançamento do watchOS 9, importantes métricas foram incorporadas no software.

Eu escrevi sobre elas antes do lançamento nesse post, porém aqui fica minha decepção — ou talvez uma má interpretação da real proposta desse novo smartwatch —, pois quando você está no meio de uma prova e/ou treino e precisa ver o seu ritmo (seja ele cardíaco, velocidade, zona de esforço… não importa), você quer ver isso assim assim que vira a tela do relógio para você.

E por mais que sejam milésimos de segundos, ainda me irrita muito ter que ficar fazendo esse “gesto” de ver as horas para ter acesso à informação — sendo que, mesmo assim, algumas vezes isso falha. Você está no meio da corrida, com o corpo todo mexendo e não necessariamente o Apple Watch entende que você está olhando para a tela dele.

Então, novamente comparo com o meu Polar Pacer Pro: ao invés de uma tela com muito brilho, eu tenho a informação ali, sempre disponível; basta virar o pulso e consigo ver o que preciso para um trote de 1km a 5km.

Talvez isso não afete muito o seu rendimento no fim das contas, mas para uma maratona isso influencia bastante — qualquer esforço extra desnecessário pode impactar no fim da prova.

Botão físico

Ah, o botão físico… quem me escutou no podcast nas semanas antes do lançamento do relógio, quando ainda não existia nenhum vazamento do que chamei de “Apple Watch Pro” no episódio, ouviu da minha boca que o relógio só faria sentido se viesse com novos botões físicos, para aproximá-lo dos smartwatches de esporte e, assim, buscar um novo publico. Tela sensível ao toque é legal, mas não é pratico para esportista.

Aqui, eu entendo que a Apple lançou o seu MVP (mínimo produto viável) e agora vai coletar os feedbacks dos usuários, como ela sempre faz com seus produtos. O Apple Watch Ultra ainda merece mais um botão físico e receber ações realmente funcionais, de iniciar e parar com acesso fácil para esportistas.

“Ah, Michel, mas o novo botão está ali.” Eu sei, mas para ficar mais próximo de relógios do mercado, ele deveria estar do outro lado. E sim, eu sei que eu posso inverter o lado do relógio para usá-lo “de cabeça para baixo”, mudando a orientação nas configurações. Mas convenhamos, cansei só de ter que escrever essa última explicação, agora imagina em um ciclo de treinos que você tem que fazer isso 500 vezes.

Nome, foco e nicho

Os principais pontos de destaque da apresentação da Apple me fizeram refletir sobre o nome escolhido pro produto: Ultra.

A Apple mostrou, por exemplo, ultramaratonistas — um tipo de corrida com mais de 42km1Não, a São Silvestre não é uma maratona; só existe maratona de 42km; acima disso, temos as ultramaratonas. e outros tipos de esporte que não necessariamente você faz 100% do tempo correndo. Por isso, temos momentos de pausa para conseguir olhar o relógio com mais calma.

O alarme de resgate do relógio (para caso você esteja perdido) e várias funcionalidade/características apontam para um nicho muito especifico, o que me faz pensar que talvez ainda tenha espaço para um modelo “Pro” de verdade — e que o Ultra é só o meio do caminho para chegarmos lá.

Conversando com um especialista em relógios esportivos, ele me disse algo assim: existem smartwatches e sportwatches. A Apple está na primeira categoria e foca na integração, coisas para o dia a dia — mas não é feito de fato por esportistas, para esportistas. Outros sportwatches perdem no quesito integrações nativas para a nossa rotina, mas estão muito na frente no quesito esporte.

Custo

Para fechar essa matéria dizendo por que eu acho que ele ainda não vale o que custa, vou excluir o fator estético do produto pois a Apple já provou que faz isso sem problemas com versões de cerâmica e outros materiais — e cobra o quanto quiser entregando o produto com o mesmo software.

Como na outra matéria eu usei um Garmin como referência, nesta estou usando a Polar que tem um ótimo nome no mercado e está com uma ótima reputação no Brasil. Estou gostando como eles estão trabalhando, escutando os feedbacks dos atletas — principalmente os amadores, assim como eu ou você que está lendo essa matéria e faz sua corridinha, o seu pedal ou a sua natação de vez em quando.

Então, pensando como alguém que usa para exercícios, temos:

ModeloPreço nos EUAPreço no BrasilBateria
Apple Watch Serie 8US$430 + impostosR$5.70018h de uso normal
36h no modo de economia de energia
Apple Watch UltraUS$800 + impostosR$10.30036h de uso normal
60h no modo de economia de energia
Polar Pacer ProUS$300 + impostosR$3.00035h no modo treino
168h no modo relógio
100h no modo treino de economia de energia
Polar Grit XUS$430 + impostosR$3.95040h no modo treino
168h no modo relógio
100h no modo treino de economia de energia
Referencias extraídas dos sites da Apple e da Polar — tanto no Brasil quanto nos EUA.

Conclusão

Excluindo o fator estético, muito do que eu escrevi aqui continua válido para você tomar a sua decisão.

Para o meu dia a dia, eu sinto falta do Apple Watch; já para esportes, eu sinto falta de um relógio mais robusto. Tudo vai depender do cenário que você usa mais o relógio. Ainda assim, espero ter ajudado para você tomar a sua decisão e pesar se o preço dele vale.


Comprar Apple Watch Ultra 2 de Apple Preço à vista: a partir de R$8.729,10
Preço parcelado: a partir de R$9.699,00 em até 12x
Pulseiras: loop Alpina, loop Trail ou Oceano

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Notas de rodapé

  • 1
    Não, a São Silvestre não é uma maratona; só existe maratona de 42km; acima disso, temos as ultramaratonas.

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