Alguém aí lembra de Steve Demeter, criador do Trism, que faturou US$250 mil após alguns meses de vendas na App Store e virou garoto propaganda da Apple? Pois então, após 15 meses de vida da loja de aplicativos da Apple, ele diz não estar mais contando com os lucros que obteve antes no setor, e apenas está vivendo de forma consideravelmente boa porque investiu em ações da Palm — que subiram bastante de uns tempos pra cá.
Casos como o dele se tornaram comuns de uns tempos para cá, conforme mostra uma matéria da revista norte-americana Newsweek. Assim como Demeter foi contatado para dar a declaração acima, outros desenvolvedores também relataram experiências bem negativas, mesmo quando seus produtos atraem enorme atenção dos usuários nas estratégias de marketing da iTunes Store.
David Barnard, criador do Trib Cubby, é um desses. Ele criou um aplicativo que atraiu enorme atenção da mídia especializada e foi destacado pela Apple, mas ainda assim acabou entrando em dívidas, a ponto de ser forçado a vender bens pessoais, e mesmo quando lançou um segundo produto bem-sucedido como o primeiro, ele ainda teve de arcar com muitas despesas.
O que está acontecendo é que não se trata mais de apenas lucrar muito na App Store, mas sim de como (e quanto) investir para atingir bons resultados vendendo na loja. Hoje, estão por lá muitas empresas de peso, incluindo gigantes de jogos que geram milhões de dólares fora do mundo móvel e já sabem como levar o melhor da sua criatividade para dentro dele, tomando enorme espaço dos desenvolvedores menores, independentes.
Eles não apenas contribuem para que uma pequena parcela de produtos seja promovida pela Apple, como também estão aumentando os custos e o tempo médio de produção de um aplicativo. A Forrester Research sugere que bons produtos podem levar até seis meses para serem finalizados, custando de US$20 mil a US$150 mil. Além disso, 60% dos aplicativos analisados foram rejeitados pelo menos uma vez pela Apple, além de poucos desenvolvedores serem capazes de suportar empregos fixos.
Como consequência, produtos de empresas grandes estão atraindo muita atenção de usuários finais. Apenas um dos dez aplicativos mais vendidos de 2008 — o RedLaser — pertence hoje a desenvolvedores independentes — desconsiderando o fato de que sua dupla de criadores passa por problemas financeiros —, e uma das ações tomadas por alguns deles está sendo portar produtos para venda em mais de uma plataforma móvel.