O melhor pedaço da Maçã.

Estaria o sucesso do iPhone fadado ao número de apps disponíveis, somente? I don’t think so.

Robert Scoble e seu iPhoneA discussão não é nova, mas foi reestimulada esta semana pelo famoso Robert Scoble, no seu blog Scobleizer, e a partir daí gerou um debate bastante saudável e pertinente envolvendo também John Gruber, do Daring Fireball, e Ian Betteridge, do Technovia. Agora, é a minha vez de dar um pitaco.

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O que Scoble diz é que nenhum “iPhone-killer” tem chances contra a plataforma móvel da Apple a curto-médio prazo, devido aos 85 mil quase 100 mil títulos hoje já disponíveis na App Store. Não é à toa que a Apple criou o slogan “There’s an app for everything” (Há um aplicativo para tudo), porque isso atualmente é a mais pura verdade.

Daí entramos na dicotomia quantidade vs. qualidade. Ora, esse mesmo argumento foi por anos utilizado pela Microsoft para promover o Windows perante outras plataformas, como o próprio Mac OS X. No mundo dos PCs, há muito mais desenvolvedores trabalhando em um sem-número de softwares, gerando uma situação que, apesar de difícil de mensurar, acaba sendo bem semelhante à forma como o iPhone OS tem se posicionado frente a outros sistemas operacionais móveis.

O primeiro aspecto a se rebater no quesito “quantidade” é que esses mercados ainda não se equiparam em ofertas. O que eu quero dizer com isso é que, apesar de não termos 100 editores gráficos para Mac, temos 10 e, em grande parte das vezes, alguns desses superam todas as ofertas disponíveis para Windows. Ou seja, de uma maneira geral temos softwares para tudo disponíveis para Mac, só não tantas opções de uma mesma coisa.

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Isso não é verdade no mundo móvel, ao menos não por enquanto. A oferta de apps para todas as outras plataformas ainda é bem limitada e precária. A Palm abandonou o Palm OS para se focar no novo webOS, enquanto o ecossistema Windows Mobile é tão descentralizado e “antigo” que nem vale a pena considerar. Antes de mais nada, a Microsoft precisa arrumar o seu sistema operacional e oferecer algo digno para o mercado.

Recentemente, durante uma entrevista, Steve Ballmer foi provocado com relação ao iPhone e adicionou uma baboseira ao seu histórico (que já não é pequeno): “Convenhamos, a internet foi desenhada para o PC. A internet não é desenhada para o iPhone. É por isso que eles têm 75 mil [sic] aplicativos — eles todos estão tentando fazer a internet parecer boa no iPhone.” Muito me espanta um CEO como Ballmer nunca ter usado um iPhone pra valer; não é à toa que o WinMo está como está.

Steve Ballmer - Microsoft

Pensando no lado do consumidor, temos duas situações básicas: a primeira é a de um Scoble da vida, alguém que já usa o iPhone há muito tempo e já gastou dezenas, centenas ou milhares de dólares com apps para o produto. Uma plataforma concorrente pode até chegar, um dia, num patamar de ofertas significante e razoável para seus consumidores, mas esses donos de iPhone só procuraram um tipo de produto: o que roda todos os aplicativos que eles já possuem.

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A própria Apple enfrentou isso por anos contra o mundo Windows, mas a qualidade do seu sistema operacional e dos aplicativos disponíveis para o Mac OS X fez com que muitos repensassem a ideia. Ademais, hoje em dia o Windows também roda em Macs (seja numa partição independente ou virtualizado), sanando o problema do “medo” que alguns usuários tinham de migrar e tranquilizando os que realmente dependem de programas indisponíveis no mundo Mac.

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A parcela de consumidores em que as outras plataformas devem se focar hoje em dia é a dos que ainda não possuem um smartphone — e não são poucos. Esses, sim, ainda podem avaliar as opções existentes com base em características técnicas entre aparelhos, beleza e uma ou outra oferta de software matadora. Os mais antenados saberão da discrepância de ofertas de apps entre as plataformas, mas não terão investido e nem convivido com isso diariamente para darem tanto peso ao principal diferencial da Apple hoje em dia.

Gabar-se de uma loja com quase 100 mil apps garante à Apple, também, que ela segure consumidores já conquistados por determinados títulos que nunca chegarão a outras plataformas. Grandes hits específicos, como Shazams, Ocarinas, TomToms e Flight Controls da vida podem até ser portados para o Android ou o webOS, mas as ofertas são tantas que às vezes um ou outro determinado título desconhecido é suficiente para prender usuários no iPhone. Porque aquilo lá pesa bastante, individualmente.

E os preços vão caindo, caindo, caindo…

Como uma empresa bastante focada em hardware, a Apple também tem consciência da evolução tecnológica de seus concorrentes, então não dá pra esperar que ela continuará se submetendo a uma dependência tão grande da App Store. O próprio iPhone 3GS não trouxe uma revolução em hardware para o aparelho, mas resolveu seus problemas de performance, atendeu aos incansáveis pedidos de consumidores por uma câmera decente e, de quebra, levou a técnica de realidade aumentada (augmented reality) para a grande massa, com a simples incorporação de uma bússola (magnetômetro) no dispositivo. Com isso, a Apple sem querer estimulou a criação e publicação de uma avalanche de novos apps super bacanas e inovadores em sua loja, agregando ainda mais valor à plataforma.

Eu acho que concorrência é super válida e acredito piamente que o iPhone OS não teria se desenvolvido tanto até hoje se a Apple estivesse sozinha no mercado, mas é fato que as suas competidoras hoje em dia estão brigando pra alcançá-la em aspectos e funções do passado, enquanto os fornos de Cupertino continuam quentes em inovações que aos poucos são entregues para todos.

Com a chegada do Motorola DROID, ouvimos pela enésima vez manchetes do lançamento de um novo “iPhone-killer”, que evidentemente não será um, porque ele não vem para brigar com o iPhone, e sim com o Palm Pre, com BlackBerries e com dispositivos com Windows Mobile. Esses, sim, devem estar com as pernas tremendo, pois cada lançamento decente como esse chega para balançar toda a praça — que não é, definitivamente, a mesma do iPhone.

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