A cultura do segredo na Apple sempre foi vista e comentada de forma mágica e inspiradora, mas recentemente virou tema de debates mais práticos e críticos acerca da forma como é conduzida. No mês passado, o Gizmodo teve acesso a informações e comparou o controle de segredos internos da Maçã com a Gestapo, num artigo que trouxe muitas informações sobre o modus operandi da empresa com relação a isso.
Ontem, foi a vez de John Martellaro — ex-gerente sênior de marketing na Apple, hoje editor-chefe do The Mac Observer — contar como a empresa controla o vazamento de informações internas. Os objetivos pelos quais a companhia faz isso são claros: influenciar a concorrência, testar a recepção de nomes ou preços estimados de produtos e até mesmo gerar todo aquele burburinho e expectativa que sempre lota os palcos de keynotes comandadas por Steve Jobs e seus comparsas.
A discussão da semana veio à tona após o Wall Street Journal ter publicado, na noite de segunda-feira (o início da CES não é coincidência alguma, obviamente), um artigo bem detalhado sobre a chegada da iTablet. Para Martellaro, a matéria deu todos os sinais de ter sido um vazamento controlado e intencional por parte da Apple — algo que, com toda a certeza, não ocorre tão constantemente e só deve chegar a alguns poucos repórteres de veículos super bem conceituados, como o próprio WSJ.com, o New York Times e talvez o USATODAY.com.
Sempre que a Apple decide realizar esse tipo de “pesquisa de campo” (porque não deixa de ser uma), o contato dessas fontes com repórteres e pessoas influentes que podem disseminar as informações é feito pessoalmente ou por telefone — *nunca* por email ou documento impresso. Assim, tanto a Apple quanto os veículos se resguardam com relação aos fatos, que podem ser negados ou simplesmente citados como “mal interpretados”.
As revelações de Martellaro são muito interessantes e têm tudo a ver com a matéria do Gizmodo no mês passado. Essa é a Apple.