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WLS-AM
Greve dos roteiristas nos EUA

A greve acabou! Mas… e agora, Apple?

“ACABOU! ACABOU! É TETRA! É TETRAAAAA!”

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No caso, tetra é quase a quantidade de meses que os atores de Hollywood associados ao SAG-AFTRA1Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists, ou Sindicato dos Atores e Artistas e Televisão e Rádio dos Estados Unidos. permaneceram de braços cruzados — no total, foram 3 meses e 24 dias, a greve mais longa da história do sindicato. Após meses de negociações e muito vai-e-volta, as negociações com os estúdios finalmente chegaram a um ponto satisfatório para ambas as partes e os atores voltaram à ativa oficialmente na última quinta-feira (9/11).

Os roteiristas, por sua vez, já tinham chegado a um acordo com um estúdio algumas semanas antes, encerrando a greve no dia 27 de setembro. No caso dos membros do WGA2Writers Guild of America, ou Sindicato dos Roteiristas dos EUA., a paralisação durou 4 meses e 25 dias, a segunda mais longa da história da associação — a maior, de 1988, durou apenas 4 dias a mais.

Antes de partirmos para qualquer análise, convém listar abaixo os principais pontos conquistados (ou não) por ambos os sindicatos após os meses de negociações com os estúdios:

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Atores

  • Aumento dos salários mínimos em valor ainda não divulgado — de acordo com a NBC News, entretanto, o salto é o maior em 40 anos e os figurantes receberão um aumento de 11%, o maior entre todas as classes de atores.
  • Sobre inteligência artificial: estúdios serão obrigados a explicar exatamente como e onde as réplicas digitais de atores serão utilizadas; os atores (ou seus responsáveis legais) poderão recusar este uso a qualquer momento. O acordo também especifica regras mais concretas para a compensação dessas réplicas digitais.
  • Sobre as plataformas de streaming, o SAG-AFTRA não conseguiu levar em frente a proposta que pedia o pagamento de uma parte das receitas de cada serviço por assinante. Apesar disso, o pagamento de residuais terá um novo modelo, no qual as produções de maior audiência terão um aumento de 75% nos pagamentos.

Roteiristas

  • Aumento dos salários mínimos em 5% em 2023, seguido de aumentos de 4% em 2024 e de 3,5% em 2025.
  • Sobre plataformas de streaming: aumento de até 76% no pagamento de residuais e pagamento de bônus com base na audiência das produções, além de novos termos obrigando as plataformas a prestar contas sobre audiência de maneira mais transparente.
  • Sobre inteligência artificial: o acordo estabelece que roteiristas não podem ser obrigados a usar IA para criação de material e os estúdios precisam explicitar caso algum trabalho envolva o uso de IA. Este ponto foi significativamente alterado em relação ao pedido original do WGA, que exigia o banimento completo das ferramentas de inteligência artificial para criação ou reescrita de material.
  • Para produções televisivas, fica estabelecido um número mínimo de roteiristas para séries de acordo com o número de episódios por temporada. Além disso, roteiristas têm garantido um mínimo de dez semanas de trabalho ao assinarem para trabalhar em séries que ainda não receberam o sinal verde para produção.

Se os acordos parecem positivos para os atores e roteiristas, é porque eles realmente são: apesar da linha dura (por vezes até truculenta) por parte dos estúdios, estima-se que as greves causaram uma perda de US$6,5 bilhões somente na economia do estado da Califórnia, onde estão concentradas boa parte das produções audiovisuais dos EUA.

Com o fim do ano e a temporada das premiações chegando, estúdios e serviços de streaming não poderiam se dar ao luxo de seguir batendo o pé. Por outro lado, até mesmo a classe dos atores já estava começando a dar sinais de fadiga — nas últimas semanas, membros do alto escalão do SAG, como George Clooney e Ben Affleck, começaram a manifestar publicamente o desejo de que o sindicato avançasse nas negociações após meses de reuniões.

É evidente, aliás, que boa parte das inquietações de ambas as classes de trabalhadores — atores e roteiristas — está relacionada justamente à ascensão das plataformas de streaming na dinâmica da indústria. E isso nos leva, naturalmente, a uma plataforma de streaming específica.

Uma Maçã no ninho

Há alguns meses, eu escrevi que as greves dos atores e dos roteiristas representavam, mais do que um desafio, uma oportunidade para o Apple TV+ — afinal de contas, a relativa inexperiência da Maçã no setor audiovisual, combinada com seu poderio financeiro quase inigualável, poderia ser um fator importante para a empresa sair, digamos, por cima da carne seca após a tempestade.

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Ainda é cedo para dizer se a Apple conseguiu aproveitar essa chance, mas é mais cedo ainda para dizer que tudo voltará ao normal em Hollywood da noite para o dia. Até mesmo do ponto de vista mais prático, as semanas iniciais após o fim de uma greve desta magnitude são caóticas: estúdios precisam recontratar profissionais, equilibrar agendas, alugar espaços de gravação, fazer escalas de trabalho, reativar seguros e mais uma infinidade de tarefas, todos ao mesmo tempo. A lei da selva (ou melhor, do dinheiro) imperará com mais força do que nunca.

Neste cenário, as próximas semanas (ou até meses) deverão ser as mais frenéticas nas notícias sobre produções: filmes e séries serão adiados, novas temporadas poderão ficar em suspenso, produções inteiras poderão ser canceladas. Sim, já vimos muitas notícias de cancelamentos e adiamentos durante a greve, mas o ritmo não deverá parar — porque agora, em vez de paralisação, imperará a lei da selva, na qual os estúdios e plataformas mais experientes (ou pelo menos espertos) sairão por cima.

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Essa não é uma boa notícia para a Apple. Como já notamos por aqui algumas vezes, a Maçã simplesmente não tem o mesmo jeitinho para lidar com Hollywood que outras empresas têm — seja por literalmente décadas (ou mesmo um século!) de experiência, como a Warner Bros. ou a Disney, ou por uma estrutura focada especificamente nesse tipo de indústria, como a Netflix.

Em Cupertino, a área de produção audiovisual é apenas uma fração ínfima de um organismo gigantesco que inclui smartphones, computadores, microchips, serviços de nuvem, streaming de música, automação doméstica e mais um sem-número de coisas, incluindo até mesmo (quem sabe) carros elétricos. Na Warner, na Disney e na Netflix, a área de produção audiovisual é a sua razão de ser — ou boa parte dela, pelo menos.

Isso não quer dizer que devemos esperar notícias trágicas para o Apple TV+ nos próximos meses. Uma das escolhas mais acertadas da plataforma da Maçã até o momento poderá jogar do seu lado: ao focar na qualidade dos conteúdos que produz, em vez da quantidade, a empresa tem mais chances de conseguir costurar novos acordos com seus contratados, minimizando as chances de cancelamentos e adiamentos.

Além disso, sabemos que dinheiro não é problema na Apple — e, com os investimentos de ao menos US$1 bilhão ao ano somente em filmes (séries entram em uma outra conta, não divulgada), não será muito difícil para a empresa atrair uma nova leva de grandes talentos para a sua seara, agora que esses talentos estão novamente liberados para negociar com os estúdios e plataformas.

Portanto, agora só nos resta aguardar (literal e figurativamente) as cenas dos próximos capítulos. Afinal, a próxima fase do jogo está apenas começando e cabe à Maçã fazer aquilo que melhor sabe (ou… sabia) fazer: inovar. Vejamos se, no mundo selvagem de Hollywood, a máxima se manterá verdadeira.

O Apple TV+ está disponível no app Apple TV em mais de 100 países e regiões, seja em iPhones, iPads, Apple TVs, Macs, smart TVs ou online — além também estar em aparelhos como Roku, Amazon Fire TV, Chromecast com Google TV, consoles PlayStation e Xbox. O serviço custa R$21,90 por mês, com um período de teste gratuito de sete dias. Por tempo limitado, quem comprar e ativar um novo iPhone, iPad, Apple TV, Mac ou iPod touch ganha três meses de Apple TV+. Ele também faz parte do pacote de assinaturas da empresa, o Apple One.


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Notas de rodapé

  • 1
    Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists, ou Sindicato dos Atores e Artistas e Televisão e Rádio dos Estados Unidos.
  • 2
    Writers Guild of America, ou Sindicato dos Roteiristas dos EUA.

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