Desde o ano passado a NASA (Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica) vem aderindo a novas mídias. Além do site bem completo, a agência espacial entrou no YouTube, Facebook, USTREAM, MySpace, Twitter (enviando o primeiro tweet do espaço) e tem até podcast no iTunes. Há ainda o projeto “Astronomy Picture of the Day” com (uma página medonha, mas) imagens sensacionais atualizadas diariamente.
Quando fiquei sabendo do NASA App HD [gratuito; 5,6MB; requer o iOS 3.2 ou superior em iPads], minha imaginação já foi longe pensando nas possibilidades que a interatividade da tablet da Apple poderia dar ao tema e…
Sinceramente, eu já vi muitas telas iguais a essas: nos anos 1990, quando o acesso à internet era discado e as páginas feitas nas tabelas do Front Page. 😛
No primeiro iPad da imagem cima, a ilustração até é bonita e impressiona, mas é estática e também a única do sistema solar presente no aplicativo. Deixando o iPad na vertical, ela fica menor, reduzida à largura da tela e com um letterbox (faixas pretas) enorme. Descrevendo os planetas (e o Sol), há textos e mais textos sem diagramação ou navegação alguma e, pra completar, os ícones não fazem nenhum sentido: tem que ir apertando todos pra tentar descobrir o cada um faz.
Com grana suficiente pra mandar toneladas de materiais para o espaço, não sobrou nada pra contratar um profissional melhor? Parece que isso não importa nada, já que nas reviews da App Store tem gente falando que o app é lindo e atrativo… Vou ali trocar de profissão e já volto.
Então, e o conteúdo?
O conteúdo poderia salvar, mas não salva. Com exceção dos textos que citei acima, tudo é “puxado” de fora. As imagens não têm nenhuma organização de categorias ou galeria de miniaturas, os vídeos dão problema a todo momento e o restante simplemente abre o site da agência espacial num browser — para esclarecer: ele não lê o feed de notícias, é o site completo mesmo. Pra ajudar, o app travou várias vezes enquanto eu o testava.
Existe muito lixo na App Store, mas a diferença, neste caso, é ver uma agência desse porte apresentando um trabalho feito de qualquer jeito e desperdiçando a chance de fazer algo incrível. Só espero que eles caprichem mais na hora de fabricar os satélites, haha!
E como se faz um app “espacial”?
Este é o Solar Walk, que custa US$3 [62MB] e é um app universal — tem design específico iPhones/iPods touch e iPads. Pra começar, o sistema solar mostrado acima é todo tridimensional e você o controla com os dedos e movimentos de pinça (pinch), rotacionando e ampliando. Ele pode até ser visto em 3D com aqueles óculos especiais!
Você pode se aproximar do Sol, dos planetas e de suas respectivas luas, tendo uma visão 360º a partir de cada um. Uma leve diferença em relação à apresentação do NASA App HD, hein? Pra completar, tem som pra dar um clima especial/espacial à experiência e um recurso de “máquina do tempo”, que mostra a posição dos planetas em determinada data.
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Se você se interessa pelo assunto, mas não quer gastar, recomendo baixar apenas o APOD (Astronomy Picture of the Day) para ver lindas imagens do espaço — ou talvez algum app da própria Wikipédia para buscar informação de forma bem mais organizada e completa, por mais irônico que isso possa soar.
O iPad está longe de ser o foco da NASA, mas sou da seguinte opinião: se é pra fazer, que faça bem-feito. Decepção maior que essa, só quando Plutão perdeu o título de planeta. ;-P
[obrigado a todos que mandaram esta dica!]