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Review: novo Apple TV

Não sou fã numero 1 do Apple TV. Os avanços da segunda geração são visíveis (melhores preços no aluguel de séries, tamanho/preço do produto, compatibilidade com Netflix, AirPlay, etc.), mas nem por isso o Apple TV ficou matador.
Apple TV

Sempre gostei da Apple TV, mas nunca o suficiente para comprar uma. Havia funções legais, mas nada que justificasse eu gastar US$230 numa “caixa” que não era lá essas coisas. Com o lançamento do novo modelo, a história ficou um pouco mais interessante. Principalmente pelo seu novo preço: US$100 (ou 120 euros, no meu caso que moro na França).

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Apple TV

Sim, eu falei “um pouco mais interessante”. Não sou fã nº 1 da Apple TV. Os avanços da segunda geração são visíveis (melhores preços no aluguel de séries, tamanho/preço do produto, compatibilidade com Netflix, AirPlay, etc.), mas nem por isso a Apple TV ficou matadora. O preço e o AirPlay acabaram sendo os fatores decisivos para a minha compra. Pois bem, vamos ao review do set-top box.

Caixa e instalação

Assim como outros produtos da Apple, a Apple TV possui uma caixa milimetricamente pensada. A embalagem é muito pequena, e tudo está perfeitamente encaixado dentro dela. Num primeiro momento, o tamanho do produto assusta: ele é realmente muito pequeno!

Caixa do Apple TV

A instalação é muito fácil: basta tirar o aparelho da caixa, ligar o cabo de energia e conectar o cabo HDMI na TV. Pronto, Apple TV devidamente instalado.

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Pequeno parênteses: uma coisa que sempre me irritou nesse tipo de produto é a falta do cabo HDMI — você precisa comprá-lo separadamente. Claro, isso não é uma falha da Apple (a maioria das empresas faz a mesma coisa), mas para uma companhia que se vangloria do conceito “out of the box”, isso não faz o menor sentido.

Configuração e usabilidade

Apple Remote de alumínioNão existe botão de ligar. Basta apertar qualquer botão do Apple Remote que a Apple TV desperta. A configuração do produto também é bem simples. Assim que você o liga, ele pede para você entrar com seus dados (iTunes Store). Feito isso, sua conta está pronta para uso. O próximo passo é dar uma passada na aba de configurações (settings) e personalizar as opções.

Diferentemente da primeira geração, a nova Apple TV não possui um disco rígido para armazenar conteúdos (músicas, filmes, fotos, etc.). Tudo é feito via streaming. Basta você ativar o Home Sharing e tudo o que está dentro do seu iTunes poderá ser acessado via Apple TV. E é aí que vem a minha primeira crítica. Nada contra o streaming, pelo contrário, acho fantástico não precisarmos de HDD e não termos uma limitação de espaço, mas o problema é que a transmissão de conteúdo tem lá suas limitações. A primeira é que o computador precisa estar ligado e o iTunes aberto. Isso pode ser óbvio, mas não é cômodo. Às vezes seu MacBook [Air/Pro] está na mochila, fechado, e você quer escutar suas músicas ou ver fotos na Apple TV. Porém, há esperança de que um dia isso mude.

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Outro problema é o Apple Remote. Admiro e normalmente adoro as soluções simplistas, minimalistas que a Apple tira da cartola. Mas o Remote definitivamente não é uma delas. Passear pelo menu da Apple TV, escolher as fotos que deseja ver, a entrada de dados (iTunes Store, Home Sharing, rede Wi-Fi)… nada disso é simples como estamos acostumados. Apertar o botão Menu 78 vezes para voltar ao início da Apple TV não é legal — diferentemente do iPad/iPhone/iPod touch, não temos um botão Home que nos leva de volta à tela principal da Apple TV. Eu sinto muita falta disso.

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Sim, temos a opção de usar o próprio iPad/iPhone/iPod touch como controle remoto (através do Remote App). Obviamente as limitações do aplicativo são bem menores que as do Apple Remote, além de ser mais prazeroso/suave controlar a Apple TV com ele. Mas mesmo assim acho que ele ainda pode melhorar muito. O problema de voltar para a tela principal persiste, por exemplo. Por outro lado, a entrada de dados fica muito, muito facilitada com o Remote App. Convenhamos: é muito mais fácil digitar alguma coisa com o teclado virtual do iOS do que escolher letra por letra com o Apple Remote.

Uma função legal da Apple TV é que você pode escolher uma pasta do seu álbum de fotos para ser o seu protetor de tela. Aqui não funcionou 100% bem — nem todas as fotos do álbum que eu escolhi aparecem. Vamos ver se isso melhora numa próxima atualização. Mas é legal ver suas fotos passando na TV enquanto você escuta uma música.

Nas configurações é possível escolher o idioma para áudio e para legenda dos filmes. O único problema é que a iTunes Store não suporta legendas — ou seja, nada feito. Isso é uma coisa que eu simplesmente não consigo entender: como pode a iTunes Store não oferecer legendas para seus filmes? Como um deficiente auditivo, por exemplo, vai assistir a um filme sem legenda (alguém falou “acessibilidade”)? Na iTunes Store francesa, por exemplo, os filmes são dublados. Se você quiser assistir a eles em inglês com legendas em francês, não pode. Je suis désolé! E olha que não estamos falando de uma coisa complicada. Adivinha só: DVDs e Blu-rays (aqueles que Steve Jobs tanto odeia) possuem essa opção!

Filmes e séries de TV

Ainda não aluguei nenhuma série de TV, mas já aluguei um filme. O processo é fácil e tranquilo. Você pode assistir ao trailer, ver informações (atores, diretores, produtores, etc.), ler reviews de outros clientes da iTunes Store e do Rotten Tomatoes, adicionar um título à sua Wish List e, obviamente, vê-lo no seu televisor.

Glee na Apple TV

Tudo ocorreu bem por aqui, quando aluguei o filme (diferentemente de algumas pessoas, que estão enfrentando problemas). Poucos segundos depois de alugar, ele já estava disponível para assistir. Porém, no decorrer do filme, senti que de vez em quando ele dava uma engasgada. Pra falar a verdade, “engasgada” não é a palavra certa: é como se a imagem desacelerasse um pouco, ficasse levemente em stop motion. Não era uma coisa fácil de reparar. Mas eu, detalhista como sou, reparei. Não acho que tenha ligação com a velocidade da internet/download do filme, já que aqui em Paris a internet é boa. Preciso alugar outro filme para ver se o problema persiste.

Internet

Netflix infelizmente não faz sentido pra quem mora fora dos Estados Unidos. Já o resto, está tudo lá: YouTube, podcasts, MobileMe, Flickr e rádio. Sobre esta parte, não tem muito o que falar. Procure seus vídeos favoritos no YouTube, adicione seus amigos no MobileMe e no Flickr, escute algumas músicas no Radio e procure alguns podcasts interessantes no repertório gigantesco da iTunes Store. 😉

Computadores

Aqui entram todos os computadores ligados à Apple TV via Home Sharing. Como comentei, essa função dá acesso a tudo que está dentro do seu iTunes. Mas calma lá! Existe um mundo fora do iTunes que simplesmente não pode ser explorado pela Apple TV. Essa limitação é uma coisa muito chata. Eu, por exemplo, tenho vários vídeos e fotos fora da dupla iTunes/iPhoto que não podem ser visualizados na Apple TV. Nem mesmo uma conexão com a pasta Movies (dentro do seu usuário do Mac) a Apple TV tem — até o Front Row tem essa ligação!

Streaming do iTunes para Apple TV

A Apple é famosa por criar ecossistemas totalmente fechados, mas me privar do conteúdo que está no meu computador… sei lá. Claro, tudo tem uma explicação (justa ou não). Se a Apple liberasse isso, nós poderíamos baixar episódios de séries/filmes via torrent, colocar dentro da pasta Movies e assistir no Apple TV. O problema é que, desta forma, a Apple deixa de ganhar dinheiro com os aluguéis/vendas da iTunes Store. Parte desse problema poderá ser resolvido quando o AirPlay der as caras em apps de terceiros, mas isso não temos como saber agora. Mesmo assim, seria somente um paliativo. Melhor mesmo seria termos acesso ao conteúdo do computador, e não só ao conteúdo do iTunes.

AirPlay em iPad, iPod touch e Apple TV

O streaming funciona muito bem, tanto com músicas quanto com filmes. O AirPlay, mesmo que em estágio embrionário, está funcionando legal, apenas com um pequeno delay. Minha reclamação aqui fica por conta dos slideshows criados no iPhoto. Na Apple TV eles não são reconhecidos como slideshows, e sim como álbuns. Eu até posso ver as fotos em slideshow na Apple TV, mas não com as configurações feitas no iPhoto (trilha sonora, efeito de transição e por aí vai). Para isso, é preciso fazer a configuração via Apple TV, o que é não é nada prático.

Conclusão

Definitivamente a Apple TV é um hobby para a Apple. O problema é que para nós, consumidores, pouco importa se é hobby ou não. Queremos um produto bom, de qualidade, como sempre esperamos dos lançamentos da Maçã. A Apple TV precisa melhorar muito para ser um produto de sucesso. Claro que é legal alugar filmes sem precisar sair de casa. Claro que é legal chamar os amigos, beber uma cerveja e mostrar as fotos da última viagem em uma TV enorme, mas ainda acho que isso é pouco.

Uma das possiblidades para o sucesso da Apple TV seria a abertura dela para aplicativos da App Store. Isso abriria um mar de possibilidades em que eu não quero nem pensar! Compare o primeiro iPhone lançado com o iPhone 4. Claro, deixe de lado toda a parte de hardware… pense somente no que era a plataforma iPhone antes e no que ela se transformou. Pense nos milhares de alternativas criadas por desenvolvedores (hoje são mais de 300 mil apps). Você acha que o iPhone seria o mesmo sem a App Store? Agora leve esse conceito para a Apple TV e veja as possibilidades. Steve Jobs disse que a Apple TV ganhará uma App Store “quando for a hora certa”. Espero que essa hora chegue logo!

Apple TV com apps

Além disso, a Apple TV não faz muito sentido em países que não possuem a iTunes Store. Agora, se a App Store tivesse uma seção de apps para Apple TV, quantos países entrariam na brincadeira? Algo a se pensar…

Se você tem alguma pergunta específica sobre a Apple TV ou quiser compartilhar alguma outra informação que tenha ficado de fora deste artigo, deixe seu comentário! 😉

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