Esta é uma prática adotada por muitos desenvolvedores que vendem aplicativos na App Store: como a Apple não autoriza a distribuição de versões trial, é comum vermos para cada app pago uma versão gratuita (muitas vezes acompanhada do adjetivo Lite). Marco Arment usava essa técnica com seu famoso app, o Instapaper: uma versão é vendida por US$5, enquanto outra, limitada e com um pouco de publicidade, era gratuita.
“Era”, tempo passado. Durante um curto intervalo de tempo, coisa de três dias, Marco tirou a versão gratuita do Instapaper da loja, repetindo esse experimento mais uma vez por um período mais longo, de um mês. Esse “mês” virou “dois meses”, e esses “dois meses” viraram “por tempo indeterminado”. Por quê? Isso, ele explica em um post bastante elucidativo sobre a dinâmica financeira da App Store.
O texto completo é uma leitura obrigatória para todo desenvolvedor ou aspirante, mas vamos tentar sintetizar as cinco ideias centrais que sustentam a decisão de Marco em manter apenas o Instapaper pago na App Store. A primeira pode ser considerada a mais óbvia: mesmo a versão gratuita do app demanda um investimento financeiro em servidores e infraestrutura, algo que não é possível sustentar apenas com a publicidade empregada por Marco.
Um segundo ponto é que o app gratuito atrai muito mais clientes, os quais demandam muito mais suporte e publicam muito mais reviews desarrazoados. Como selecionar os melhores usuários? Começar pelos que estão dispostos a pagar US$5 pelo app parece lógico. “Mas um app gratuito não poderia fazer uma pessoa comprar a versão completa?”, muitos podem perguntar. Esse é o terceiro ponto: a taxa de conversão é baixa. E um outro problema surge: muita gente acaba pensando que o Instapaper é só a versão gratuita — ou seja, limitado. Isso gera um dano à imagem do app que é difícil de reparar.
Por fim, a questão da demanda: durante os experimentos em que Marco tirou a versão gratuita do Instapaper da loja, não só as vendas da versão completa aumentaram como pouca gente percebeu a diferença. E mais: ninguém nunca pediu a ele que criasse uma versão gratuita do app para iPad. Esses mesmos motivos levam Marco a afirmar que não tem pretensões de levar o Instapaper para o Android — onde sabemos que FREE é o que liga.
Para os desenvolvedores, uma dica das notas de rodapé: para dar uma folga pro seu app sem precisar passar pela aprovação de novo, basta mudar a data de disponibilidade dele para o futuro. Ele vai sumir em pouco tempo e voltar como se tivesse tirado um cochilo. 😉