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Artigo de leitor: adeus, skeumorfismo

Tim Cook apresentando o iOS 7

por Jadson Almeida

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Enquanto Tim Cook anunciava o iOS 7 como “a maior mudança no iOS desde o iPhone” e apresentava um pequeno vídeo na Worldwide Developers Conference 2013, Jony Ive permanecia sentado na plateia. Ele não subiu ao palco nem mostrou uma visão detalhada do novo design do sistema operacional móvel. Porém, no vídeo apresentado, Ive falou sobre sua filosofia de design: “Existe uma beleza profunda e duradoura na simplicidade. Na clareza. Na eficiência. A verdadeira simplicidade é muito mais do que ausência de desordem e ornamentação. Trata-se de trazer ordem para a complexidade.”

Tim Cook apresentando o iOS 7

No palco Cook dava lugar para o vice-presidente sênior de engenharia de software da Apple, Craig Federighi, que declarou: “Nós saímos completamente do feltro verde e da madeira. Isso deve ser bom para o meio ambiente.” (Momento R.I.P. — Façamos um momento de silêncio para a mesa de sinuca do Game Center e para a estante do iBooks…)

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Ao passo que Craig detalhava o iOS 7, nós observávamos as mudanças no design: nova paleta de cores, tipografia renovada, uso abundante da translucidez, diferentes camadas na interface, diversas animações e ícones redesenhados com base em uma grade visando harmonizar a aparência na tela.

Craig Federighi apresentando o iOS 7

Fãs do mundo inteiro assistiam à Apple abandonar o skeumorfismo e abraçar o “flat design”, com suas linhas limpas e bidimensionais, acompanhando a Microsoft (que nunca foi referência de bom gosto, mas que nos refrescou com o design do Windows 8, tanto para PC quanto para telefones móveis). Porém, pra começo de conversa: por que a Apple fez uso do skeumorfismo e agora o abandonou?

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O skeumorfismo é uma técnica de design em que detalhes e ornamentos são aplicados a um objeto tentando fazê-lo parecer com outro. Por exemplo, o couro do ícone da agenda de contatos, a lente do aplicativo da câmera e a TV do antigo ícone do YouTube.

Ícones antigos do iOS 7 com skeumorfismo

É evidente que o skeumorfismo é apenas uma manifestação extrema das diversas metáforas existentes em nossa interação com o mundo virtual (o Desktop na tela do nosso computador é uma visão metafórica da área de trabalho da nossa mesa real no escritório). Foi por isso que o obcecado Steve Jobs, embora fã declarado dos ideais de Bauhaus, explorava as metáforas para tornar a interface do computador mais intuitiva e, assim, a Apple abusou de imagens tridimensionais, reflexos e sombras projetadas durante muito tempo, buscando familiarizar os seus usuários com a tecnologia.

Portanto, é claro que o skeumorfismo teve sua utilidade nesse processo. No entanto, uma boa parte dos especialistas que aprovaram as mudanças para o iOS 7 argumentaram que o skeumorfismo ensina através da analogia e agora que milhões de usuários estão acostumados com a tecnologia touchscreen, seria a hora de remover “as rodinhas da bicicleta”.

Rodinha da bicicleta

Chegou a hora de avançar rumo ao futuro. De inovar. E o design é parte importante nesse processo. Todavia, a discussão sobre o novo design do iOS 7 vai muito além de usar o skeumorfismo ou não. Você não pode criar uma interface intuitiva sem metáforas. Foi isso que o Jony Ive quis explicar quando disse que “a verdadeira simplicidade é muito mais do que ausência de desordem e ornamentação. Trata-se de trazer ordem para a complexidade”. Contudo, a visão reducionista vista no novo iOS 7, diminuindo ao extremo a similaridade com a realidade, corre o risco de dificultar a assimilação da informação (que o diga o novo ícone do Game Center, o qual saiu de um extremo a outro).

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A compreensão visual subjetiva sobre o significado de um elemento gráfico e o que ele representa ainda é necessária sob pena de dificultarmos a evolução digital. É claro que nós entendemos que, sem uma simplificação do design do iOS 7, a complexidade decorrente da implantação de novas funções para a interface do usuário seria uma grande confusão. Porém, grande Maçã*, nós também compreendemos que “simplicidade” significa remover a complexidade e acrescentar o significativo (assim nos ensinou o inesquecível Jobs).

É isso aí. Aguardando os ajustes finais de Ive e sua equipe, continuamos embarcados nesta viagem e esperamos ser levados à nova fronteira da interação virtual de forma insanamente grande. Como diria nosso amigo Buzz Lightyear: “Ao infinito, e além!”

(*) Nova York: não estamos falando de você, ok?


Jadson Almeida é major do Corpo de Bombeiros da Bahia, joga tênis de mesa e tem paixão por tecnologia e design. Tem um MacBook Pro 13 polegadas, dois iPads, uma Apple TV e um iPhone 3GS surrado que pretende trocar por um iPhone 5 para rodar o iOS 7. 🙂

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