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Review: Apple TV 4K de 3ª geração

Um preço menor e um chip parrudo são suficientes para revolucionar a Apple TV 4K?
Nova Apple TV 4K com Siri Remote

Quando a primeira Apple TV foi lançada, em 2007, o mundo da tecnologia era drasticamente diferente. O formato Full HD (1920×1080 pixels) ainda estava se estabelecendo e a maior parte das televisões no mercado sequer tinham alguma conexão com a internet.

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Nesse mundo de quase 16 anos atrás, comprar uma set-top box como a Apple TV para deixar a sua televisão inteligente fazia muito sentido, uma vez que as chamadas smart TVs ainda eram um conceito bastante novo na época. O mundo, contudo, evoluiu, e hoje é até difícil encontrar um aparelho que não tenha um sistema inteligente embarcado.

Curiosamente, apesar de tudo isso, a abordagem da Apple TV parece ter permanecido a mesma. Tirando algumas coisinhas pontuais aqui e ali, ela ainda é essencialmente uma set-top box cujo principal propósito é fazer o streaming de filmes e séries, e rodar alguns joguinhos mais casuais — uma estratégia no mínimo curiosa, por assim dizer.

Digo isso pois existem inúmeros outros produtos no mercado que entregam basicamente as mesmas funções por uma fração do preço do dispositivo da Maçã. E, quando você insiste com o preço premium, o mínimo que você pode fazer é entregar uma experiência fundamentalmente diferente.

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Na sua última iteração, lançada aqui no Brasil em novembro, a Apple TV 4K (terceira geração) passou por algumas mudanças importantes. O preço abaixou, a set-top box ganhou um novo chip bem mais poderoso e o espaço de armazenamento dobrou, mas seria isso o suficiente para fazer a caixinha da Apple ter algum sentido?

Neste review, vamos discutir exatamente isso e ver em quais áreas a Apple TV 4K melhorou em relação à sua antecessora.

Visual e conectividade

As fotos de divulgação podem enganar, mas a nova Apple TV 4K traz um design consideravelmente menor em comparação à sua antecessora — coisa que só foi possível graças à remoção da antiga ventoinha em favor de um sistema de refrigeração 100% passivo.

Mais especificamente, a set-top box ficou 10% mais fina e 50% mais leve em comparação à de segunda geração. Outra mudança sutil aconteceu no logo, que agora aparece sozinho sem a clássica inscrição “tv” ao lado.

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Na parte de trás, donos da versão com 64GB de armazenamento podem encontrar uma porta HDMI 2.1 e outra para o cabo de alimentação. Quem optar pela versão com 128GB, por sua vez, também terá acesso a uma porta Gigabit Ethernet para uma conexão cabeada, sendo que ambas as versões contam com Wi-Fi 6 — nada de Wi-Fi 6E, aqui.

O modelo mais caro, vale notar, também tem suporte ao protocolo de rede Thread e ao padrão Matter, o qual permite que dispositivos de casa inteligente se comuniquem com a Apple TV 4K como se ela fosse um roteador mesh.

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As mudanças, entretanto, acabam por aí, já que dispositivo segue com o mesmíssimo visual em plástico preto que mistura partes foscas com um acabamento brilhante (black piano) nas laterais. Por isso, se você não quer que sua Apple TV 4K fique parecendo com a traseira de um iPod classic usado, tome muito cuidado na hora de manuseá-la com as mãos, limpá-la ou espetar um cabo na parte de trás do dispositivo.

Fora esse detalhe, a Apple TV 4K segue sendo a mesma caixinha minimalista de sempre. Na verdade, por ser ainda menor, ela “desaparece” com ainda com mais facilidade na sua estante/rack, deixando mais espaço vago para outros dispositivos — como um console de videogame, por exemplo.

Especificações técnicas e performance

Desta vez, a Apple resolveu chutar o balde e dar à Apple TV 4K um dos seus chips mais recentes e poderosos: o A15 Bionic. Lançado em 2021 com os iPhones 13, esse SoC1System on a chip, ou sistema em um chip. também pode ser encontrado nos iPhones 14/14 Plus e é, com toda certeza, mais do que o suficiente para rodar todos os apps disponíveis atualmente para a set-top box — coisa que também podia ser dita para o A12 Bionic da geração anterior.

É graças ao A15 que a Apple TV 4K conta agora com suporte a conteúdos em HDR10+, algo bastante interessante para donos de TVs da Samsung — uma vez que marca sul-coreana ainda não lançou nenhum aparelho com suporte a esse padrão. O novo chip também permite que ela consuma 30% menos energia em comparação ao modelo anterior.

Naturalmente, navegar pelos menus do tvOS, abrir apps e fazer streaming de filmes e séries é uma experiência extremamente rápida e fluida. Jogos do Apple Arcade, por exemplo, rodam sem quaisquer gargalos e sempre com uma ótima taxa de quadros, o que até nos faz pensar que a Apple TV 4K seria capaz de aguentar alguns títulos mais pesados.

Outra coisa que me impressionou bastante enquanto usava a minha Apple TV 4K foi o seu ótimo gerenciamento de memória. Pouquíssimas vezes vi o aparelho tendo que abrir do zero um aplicativo que havia sido aberto anteriormente ao navegar pelo seletor de apps, isso mesmo se esse app em questão tivesse sido aberto mais de um dia antes.

Siri Remote

Como era esperado, a Apple manteve o design do Siri Remote nessa nova edição da Apple TV 4K, mas com uma mudança sutil: temos agora uma entrada USB-C na ponta do controle em vez do tradicional Lightning — ótima notícia caso você já tenha migrado todos os seus carregadores para o padrão mais moderno.

Uma das grandes reclamações de usuários quanto ao design da última geração do Siri Remote era a simetria dos seus botões em relação ao corpo do controle remoto, coisa que podia confundir e fazer as pessoas segurá-lo de ponta cabeça. Na nova versão, a Apple claramente tentou consertar esse “defeito” ao posicionar os comandos mais para cima e ao adicionar certa profundidade ao botão <.

Contudo, mesmo com essas mudanças, ainda me pego confundindo o botão de mudo, por exemplo, pelo de play/pause. Creio que adicionar um relevo no botão de play/pause resolveria esse problema, já que ele é idêntico ao mudo em termos de formato e textura.

Outro problema que tenho tido com o Siri Remote é especialmente irritante. Por vezes, o controle simplesmente para de funcionar sem que qualquer aviso apareça na tela. Depois de algum tempo, ele se reconecta sozinho. Quando isso não acontece, sou obrigado a forçar o seu reinício para que ele volte a responder aos meus comandos.

Apesar de bastante chato, esse é um problema um tanto raro de acontecer. Encontrei relatos parecidos de outros usuários na internet, mas não parece haver uma solução conhecida para o problema. De qualquer forma, também é possível controlar a Apple TV 4K usando o controle virtual em iPhones/Apple Watches.

Oferta de apps

Por ser um produto já bem estabelecido no mercado, a Apple TV 4K conta com apps de praticamente todos os serviços de streaming em sua loja de aplicativos — um ponto positivo em relação ao Fire TV Stick, que até hoje não conta com um app oficial do HBO Max, por exemplo.

Uma ausência que considero bastante chata, entretanto, é a de apps de streaming de games. Aplicativos de serviços como o Xbox Cloud Gaming, NVIDIA GeForce NOW e outros definitivamente destravariam todo o potencial da Apple TV 4K, afinal, ela até tem suporte nativo aos controles do PlayStation 5 e do Xbox Series S/X.

Certo, o Apple Arcade é um serviço bastante decente, com alguns títulos bem populares em seu catálogo. Mesmo assim, eles ainda nem se comparam aos títulos que temos nos consoles — os quais poderiam facilmente ser acessados pela Apple TV via streaming.

Outra limitação chata é o fato de que nem todo jogo disponível na App Store para iPhone/Mac pode ser instalado na Apple TV. Em outras palavras, isso significa nada de títulos populares como Call of Duty Mobile, Minecraft, Free Fire, PUBG e todos os ports de Grand Theft Auto para mobile — muitos dos quais contam com suporte a controles externos e cairiam muito bem numa televisão.

Sei que isso tudo depende muito mais dos desenvolvedores do que da própria Maçã, mas bem que o tvOS poderia ter uma opção para rodar jogos de iPhones com algum tipo de upscaling, tal como já é possível no iPad. Como a maior parte dos jogos do Apple Arcade contam com interfaces que claramente foram feitas para telas de toque, creio que a falta de otimização não seria algo tão ruim assim.

Talvez a Apple faça isso justamente para evitar que seus usuários acessem qualquer conteúdo que não esteja dentro das suas plataformas, mas acho bem curioso o fato de o tvOS não contar com nenhum navegador para chamar de seu. Às vezes, você só quer abrir algum site na telona para ver algo rápido e é exatamente nessas horas que um Safari da vida faz falta.

Claro, você sempre pode espelhar a tela do seu iPhone/iPad/Mac na Apple TV 4K usando o AirPlay para mostrar algum site ou app (incluindo jogos) na sua televisão, mas isso não chega nem perto da experiência de um app nativo. A latência inclusa nesse processo, por exemplo, arruína qualquer jogo que demande um tempo de resposta rápido e torna transmissões ao vivo bem complicadas de se assistir.

Afinal, vale a pena?

Se comparada a seus principais competidores, a Apple TV 4K de terceira geração é um produto inegavelmente caro. Por isso, se você pretende apenas assistir a um filme aqui e ali, um dispositivo como o Fire TV Stick ou qualquer modelo de set-top box da Roku são opções melhores.

A Apple TV 4K só vale a pena mesmo em quatro situações:

  1. Se você já está imerso no ecossistema da Maçã e quer aproveitar toda a integração do tvOS com os outros sistemas da empresa.
  2. Se você está insatisfeito com a performance da sua TV e quer deixá-la drasticamente mais responsiva.
  3. Se você tem um ou dois HomePods e quer usá-lo(s) como sistema de som padrão para a sua TV.
  4. Se você pretende conectar os seus AirPods com a sua Apple TV 4K para aproveitar o recurso de Áudio Espacial.

A segunda, na minha opinião, é bem mais sedutora, já que boa parte das smart TVs contam com sistemas bem lentos e que só vão piorando com o tempo. Como a Apple costuma atualizar suas set-top boxes por anos a fio, essa é uma ótima forma de dar uma sobrevida à sua TV 4K.

Se você se encaixa em alguma dessas categorias, saiba que nunca foi uma hora melhor para comprar uma Apple TV 4K como agora. Nessa geração, a Apple diminuiu o preço de ambas as versões em exatos US$50, com o modelo de entrada (64GB) saindo por US$130 e o modelo mais caro (128GB) por US$150. No Brasil, a primeira sai a partir de R$1.500, enquanto a mais cara sai por R$1.700. Isso, claro, comprando com a Apple; em outras varejistas, podemos encontrar o produto por preços mais atraentes.


Comprar Apple TV 4K de Apple Preço à vista: a partir de R$1.349,10
Preço parcelado: a partir de R$1.499,00 em até 12x
Modelo: Wi-Fi com 64GB ou Wi-Fi + Ethernet com 128GB

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Notas de rodapé

  • 1
    System on a chip, ou sistema em um chip.

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