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Tim Cook não participou muito da criação do headset da Apple, segundo fontes

Conceito de headset da Apple

Não tem como ser diferente: com a proximidade da WWDC23, todos os olhos estão voltados para o anúncio de um dos dispositivos mais aguardados da Maçã desde a introdução do Apple Watch: o headset de realidade mista (aumentada/virtual) da Apple.

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Ao longo dos anos, acompanhamos incontáveis movimentações do processo de desenvolvimento do dispositivo, até chegarmos no que temos hoje. No entanto, de acordo com uma nova reportagem do jornalista Mark Gurman, da Bloomberg, o dispositivo que o chefão da Apple, Tim Cook, apresentará no dia 5 de junho “se desviou muito da sua visão inicial”.

Inicialmente imaginado como um par de óculos discretos que poderiam ser usados o dia todo, o dispositivo da Apple se transformou em um headset que se assemelha a um par de óculos de esqui e requer uma bateria separada.

Segundo pessoas (não identificadas) familiarizadas com o projeto, depois de focar inicialmente em um par de óculos leves — os quais estão a pelo menos quatro anos de serem lançados, se realmente forem —, a Apple gradualmente focou em algo mais parecido com os headsets existentes (como o HoloLens, da Microsoft, e o Oculus Quest, da Meta) por uma multiplicidade de fatores, incluindo restrições tecnológicas, o desejo de colocar o produto no mercado o quanto antes e, é claro, divergências internas.

Essa mudança, portanto, fez com que a Apple seguisse o caminho de outras empresas que já adentraram esse mercado — uma “novidade” na filosofia da companhia. Ainda assim, durante os estágios de planejamento, a empresa tinha “grandes esperanças de um dispositivo vestível confortável e independente que parecesse mais um acessório de moda do que um computador preso ao seu rosto”, segundo Gurman.

Apesar das mudanças, Gurman detalhou que, para Cook, o lançamento do headset pode representar mais do que muitos imaginam, já que o dispositivo pode ser uma de suas últimas grandes implementações como CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Apple, de modo que essa será mais uma grande conquista sem a influência do seu predecessor, o falecido cofundador da empresa Steve Jobs.

Para a Apple, é a culminação de um processo de desenvolvimento multibilionário e algumas pessoas dentro da empresa o descreveram como a base potencial de uma era pós-iPhone.

Esse processo, no entanto, não aconteceu sem efeitos colaterais. Apesar de suas opiniões fortes, Cook não estava “profundamente envolvido no design específico do headset”. Isso era notavelmente diferente de Jobs, que era famoso por impor suas percepções de design aos produtos da Apple. Cook, por outro lado, possui uma abordagem mais distante e “consistente com seu papel no desenvolvimento do Apple Watch e dos AirPods”.

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O mais próximo que Cook chega do desenvolvimento de produto é uma demonstração. Mas, mesmo assim, ele não é o tipo de cara que diz que deveria fazer X e não Y. Ele é o completo oposto de Steve em termos de opiniões fortes sobre minúcias.

Ainda assim, algumas pessoas envolvidas no projeto do headset dizem que o relativo não envolvimento de Cook foi mais importante desta vez, dadas as apostas e o investimento que a empresa aplicou no dispositivo, já que o orçamento ultrapassou US$1 bilhão anual e há mais de 1.000 engenheiros dedicados ao projeto. Nesse sentido, sua abordagem às vezes era percebida como “indecisão”, levando a atrasos e preocupações sobre a obtenção de recursos suficientes.

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Outras figuras do alto escalão da Apple, como Craig Federighi (vice-presidente sênior de engenharia de software), também mantiveram distância do projeto. Já Johny Srouji (vice-presidente sênior de tecnologias de hardware) expressou particular ceticismo sobre o dispositivo, comparando-o a um “projeto científico”.

Internamente, Srouji teria alertado que construir os chips de alto desempenho necessários para o headset poderia “desviar a atenção dos novos chips do iPhone”, o que provavelmente geraria mais receita. De fato, em termos financeiros, as premissas não são positivas externamente e nem internamente — inicialmente, as previsões eram de que o dispositivo vendesse cerca de 3 milhões de unidades por ano, mas essas estimativas foram reduzidas para cerca de 1 milhão, depois para 900 mil unidades (em comparação, a empresa vende mais de 200 milhões de iPhones por ano).

As estimativas iniciais mais baixas refletem, em parte, a decisão da Apple de vender o headset aproximadamente pelo custo [dele], em vez de com prejuízo, algo que já considerou. O design do produto também é uma admissão tácita de que a empresa, como outras que fabricam headsets de realidade mista, não conseguiu resolver alguns problemas tecnológicos centrais.

Michael Gartenberg, ex-executivo de marketing da Apple que agora é consultor independente, disse que o dispositivo poderá ser “um dos maiores fracassos tecnológicos de todos os tempos”, citando a falta de um mercado real para headsets de realidade mista e o desempenho de outros dispositivos da categoria.

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Além disso, embora possa promover como tal, a Maçã não vê o headset sendo tão transformador quanto o iPhone — pelo menos não inicialmente. Entretanto, as projeções internas são positivas e dão a ele o potencial de eventualmente ser tão grande quanto o iPad ou o Apple Watch.

Em uma tentativa de manter os usuários do headset envolvidos com o mundo real, o dispositivo terá uma tela voltada para fora, mostrando os movimentos dos olhos e as expressões faciais. A Apple considera esse recurso um diferencial importante dos headsets fechados. Uma pessoa familiarizada com o dispositivo disse que as telas externas permitem que as pessoas interajam com um usuário sem sentir como se estivessem falando com um robô.

Outra questão ressaltada por pessoas que já tiveram contato com o headset é que há esperança de que o suporte para aplicativos de terceiros seja um diferencial positivo do aparelho. Nesse sentido, a Apple já está se envolvendo com desenvolvedores de software e jogos, bem como outras empresas de entretenimento para ter conteúdo pronto quando o dispositivo for posto à venda.

Gurman finalizou dizendo que, quando Cook fizer a apresentação do headset na WWDC, é improvável que ele pense em quanto o dispositivo se parece com outros modelos que criticou no início do processo. Ainda assim, o fato de a Maçã anunciá-lo da forma que for é apenas uma das etapas necessárias ao longo do caminho para encontrar o que funciona.

Notas de rodapé

  • 1
    Chief executive officer, ou diretor executivo.

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