O melhor pedaço da Maçã.

Mac Society: “Concorrência ou ruído”

Kindle Fire

E então, novamente, o assunto da semana é o lançamento de um novo “iPad-killer” ou, lançando a ideia de um nome mais apropriado um “iPad-tickler” (um fazedor de cócegas) o impressionante Kindle Fire! Tchan-tchan-ra-RAN!

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Bom, com esse anúncio a Amazon conseguiu os holofotes, mas aí se abrem as cortinas da ribalta revelando a novidade, o novo personagem (veja o quadro), baixinho, magrinho, cantando pra dentro, um pouco desafinado, olhar meio cansado, olheiras profundas e mãos preparadas para se proteger dos tomates…

Comparativo do Kindle Fire

É mais ou menos assim que o mundo tem presenciado da plateia os lançamentos de concorrentes da Apple. Alguns até fazem um showzinho bacana, mas nas coxias nem se atrevem a passar na frente do camarim da estrela principal do espetáculo, que não muda há dois anos. Ele está sempre lá, em meio as flores dos fãs, cartazes com seu nome estampado em todas as paredes, uma mesa impecável coberta por suas guloseimas e bebidas preferidas, quatro lindas assistentes escolhidas por ele próprio, maquiadoras, figurinistas, sentado em sua poltrona, “lindo e loiro” com a cabeça erguida e olhar confiante: o iPad.

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Eu, claro, adoro a Apple e seus produtos, mas tenho que admitir que esse stand up de só um produto está me deixando meio entediado. Queria ver emoção! Ver a Apple convocar uma reunião extraordinária do conselho administrativo para tratar de uma nova tablet concorrente! Saber que os vizinhos de Tim Cook o ouviram gritar no FaceTime às quatro e meia da manhã “Chamem os projetistas! Acordem o Ive! Quem deixou para me acordar só agora? Mandem alguém à casa do Jobs agora mesmo!”

Ah, amigos leitores, que cena linda! Olhar em volta e ver todos nas poltronas se debruçando na direção do palco, concentrados, animados para assistir a uma trama emocionante, uma batalha! Finalmente um vilão de verdade se revelou! A trama real vem à tona, o enredo ganha nossa expectativa, uma virada inesperada!

“Senhores, finalmente nos alcançaram”, Cook abre a reunião com todos ainda entrando na sala, “temos fotos e especificações desse novo produto. Como não pensamos nesses recursos antes? Quem é o projetista dessa coisa, alguém sabe o nome?”

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Em meio aos sons de cadeiras arrastando e persianas fechando, Ive passa pela porta usando jeans e uma camisa pólo amassada, encontrada às pressas no chão do quarto, sandálias e ainda com marcas do travesseiro no rosto. “Acordem toda a equipe, acordem todos”, diz Ive sem nem chegar a colocar o iPhone 6 no ouvido, desligando-o sem se esperar pela resposta. “O que houve?”, fala com seu sotaque britânico.

“O que houve?”, responde Cook, com um breve e elegante tom de ironia, “O que houve é que alguém na Apple deixou esse projetista longe dos nossos olhos.”

Em menos de 40 minutos, os estacionamentos ao redor de Infinite Loop estão cheios, cada uma da luzes dos prédios está acesa, cada iMac de cada funcionário com a tela em brilho máximo. Ouvem-se sussurros por todos os lados, “O que está acontecendo? Foi alguma coisa com o Jobs?” Todos os funcionários (os que estavam de licença médica, inclusive) sentados em suas mesas, acessando a intranet sem saber por onde começar, forçando os olhos em busca de pistas e pensando se seria possível caminhar de cabeça baixa até o final do corredor sem falar com ninguém e chegar até máquina para pegar um café — pensando bem, melhor não se arriscar tanto.

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Após sete minutos, a sala de reunião da diretoria está lotada, alguns já entram com uma cadeira emprestada da recepção e uma caneca branca com a maçã cinza estampada com pelo menos três doses extras de café. Todos sérios, concentrados em cada palavra de Tim Cook, que segue passando as fotos no telão atrás dele.

Um dos diretores pega o telefone sobre a enorme mesa de vidro negro. “Tim…”, e, ao ouvir seu nome, Cook se cala imediatamente no meio de uma frase, prevendo o inevitável. “Jobs na linha 1.” O CEO em silêncio estende a mão, passando a outra lentamente pelo cabelo. As respirações na sala cessam enquanto Tim atende a ligação mais importante do dia, “Sim, Steve… estamos todos aqui.”

Ah, meu sonho.

Nota: Devido a um pequeno problema técnico, a coluna Mac Society só pôde ser publicada hoje — mas acho que já deu pra perceber isso. Ela voltará pontualmente, no próximo domingo.

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Post Ant.

Dica de leitura: um ano depois, conheça o destino dos principais rivais do iPad em 2010

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