Já falamos aqui algumas vezes sobre o problema dos aplicativos fleeceware, pragas da App Store e do Google Play pensadas para tirar dinheiro de usuários incautos.
Basicamente, tratam-se de apps com funcionalidades “atrativas” e gratuitos para baixar — mas que funcionam somente por meio de uma assinatura com um período gratuito e um valor posterior exorbitante, que usuários menos experientes não percebem, não lembram ou não sabem como cancelar.
A Apple até implementou mudanças no iOS para coibir esse tipo de golpe, mas o problema persiste: de acordo com um levantamento recente do Avast, os aplicativos fleeceware já tiveram, historicamente, mais de um bilhão de downloads e faturaram mais de US$400 milhões (cerca de R$2,2 bilhões) nos dois principais ecossistemas móveis do mundo.
E olha que esses números não são universais — eles referem-se somente aos 204 aplicativos fleeceware mais populares descobertos pelos pesquisadores. Alguns dos apps pesquisados têm assinaturas que arrancam até US$3.432 (R$19,1 mil) por ano dos usuários! E o mais preocupante é que, na percepção dos cientistas, a prática está se disseminando: mais e mais desenvolvedores estão escolhendo seguir por esse caminho nada honesto para faturar uma grana.
A prática parece ser ainda mais disseminada na App Store: dos 204 apps pesquisados, 134 estão na loja da Maçã, com um total de downloads na casa dos 500 milhões e faturamento superior a US$365 milhões. Do lado do Android, foram 70 aplicativos, também com 500 milhões de downloads e cerca de US$38,5 milhões em faturamento.
A maioria dos aplicativos pesquisados faz parte de categorias esotéricas, como “leitura de mãos” e “videntes”, ou traz algumas funcionalidades práticas, como leitura de PDFs, edição de imagens, filtros de câmera ou simulação de instrumentos musicais. Essa segunda categoria, segundo os pesquisadores, até entrega o que promete — mas por um valor abusivo, centenas de vezes acima daquele cobrado por aplicativos sérios. Vários dos apps também empregam a técnica das avaliações falsas, sobre a qual já falamos aqui.
A dificuldade da Apple e do Google, segundo os pesquisadores, está no fato de que apps fleeceware não são, tecnicamente, malwares — os aplicativos cumprem a função que prometem e, para o bem e para o mal, podem cobrar o que quiserem por isso. A solução, para as empresas, é tornar o processo de assinar um serviço mais transparente para o consumidor e facilitar ao máximo o cancelamento de assinaturas.
Do nosso lado, vale a pena repetir os processos que você precisa seguir para conferir todas as suas assinaturas ativas no ecossistema da Maçã — e, caso necessário, cancelar alguma(s) delas(s):
- No iPhone ou iPad, abra os Ajustes.
- Toque no seu nome, no topo da tela.
- Toque em “Assinaturas” e verifique a lista, identificando possíveis serviços que você não use ou não reconheça. Caso haja algum, toque nele e o cancele — caso a opção “Cancelar” não esteja visível, é porque você já cancelou aquela assinatura e ela desaparecerá após o período de cobrança atual.
Fiquem de olho! 👀