por Thiago Porto
Na sua terceira geração, o Final Cut Studio conta agora com uma família do ProRes — o que antes era apenas uma versão ou outra emulada do codec de alta qualidade da Apple, agora é um conjunto muito maior.
Hoje, são cinco codecs no total. Em ordem de qualidade:
- ProRes Proxy;
- ProRes 4:2:2 LT;
- ProRes 4:2:2;
- ProRes 4:2:2 HQ;
- ProRes 4:4:4.
Falaremos de cada um deles a seguir.
ProRes Proxy
O mais básico de todos, conta com um bitrate na média de 20Mbps a 45Mbps. Seus arquivos são menores em tamanho no disco se comparado ao seus irmãos maiores.
A Apple o divulga como uso para fluxo em edição offline apenas. Porém, no “mundo real”, ele se sai como um ótimo codec. Testei-o utilizando câmeras com codecs HDV e AVC-HD. Em ambos, quando comparada a qualidade final entre o Proxy e o codec original, foi quase um empate. Em cenas muito escuras — com falta de iluminação, por exemplo —, ele às vezes segurava menos que o codec original, neste caso apenas no HDV. No AVC-HD, a qualidade foi idêntica; pra mim, ainda é melhor, pois edição em AVC-HD nativo consome muito processamento.
No geral, o Proxy consome muito menos com a mesma qualidade. Os testes realizados por mim foram todos com a simulação de ser entregue o material final em DVD e internet apenas, nada mais. Se o fluxo de trabalho é esse, o Proxy, apesar de ter tido sua concepção criada pra trabalhos offline, se sai muito bem em saídas mais convencionais, como YouTube HD. Mas e se quisermos entregar um pendrive com o material final em HD nativo ou até mesmo num Blu-ray?
ProRes 4:2:2 LT
Este possui um bitrate na media de 100Mbps e seu tamanho em disco é um pouco inferior aos ProRes convencional. Sua concepção foi baseada no codec Animation, muito usado para renders de animações e composições — e é realmente um codec pra isso. Ele é ótimo e já aderi a ele em meu fluxo; além de mais moderno que o Animation, seu tamanho é menor, fazendo dele uma ótima opção (e com suporte a canal alpha).
Em meus testes, criei uma composição com blur pesado e lights; o codec não “pixelou” nada e se manteve bem estável nas luzes. Em vídeo, como no Proxy, a melhora na qualidade é bem superior aos codecs nativos das câmeras. O chroma das imagens e as tonalidades das cores ficaram bem superiores aos codecs HDV, P2 e AVC-HD. É recomendadíssimo usar este em vez do codec original — ainda na captura, já proporciona um ótimo ganho de qualidade. Se for pensado em trabalhar cores nas cenas, ProRes é solução para codecs como esses.
Há uma teoria de que converter um arquivo já digital para outro que é melhor não haverá aumento de qualidade. Isso é verdade, mas hoje existem (raras) exceções: uma delas é quando falamos do codec ProRes; a outra é quando utilizamos placas como Blackmagic e AJA, que também utilizam codecs proprietários. Pense nisso e realize seus próprios testes.
Nem é preciso falar que, para material final, o número de opções se amplia: DVD, Blu-ray, pendrives e afins são só o começo.
ProRes 4:2:2 e 4:2:2 HQ
Esses são os convencionais e já bem conhecidos pelos usuários do Final Cut Pro. Aqui, nada mudou: eles continuam usando mesmo em tamanho no disco, com uma média de bitrate entre 145Mbps e 220Mbps (em alta qualidade).
Como disse antes, eu costumo usar ProRes em vez do original quando se trata de HDV e afins. Acredito que, para composições em alta (como 2k), continuarei a usá-lo, mesmo que hoje o mercado ainda não busque por isso. Em composições com chromas, ele se sai melhor que o LT.
Atualmente existem muitas placas no mercado que dão suporte ao ProRes 4:2:2 e ao HQ — as AJA se destacam, dentre elas. Acredito que, em breve, essas mesmas terão versões que também darão suporte a toda a família.
ProRes 4:4:4
Este, sim, veio com tudo. Seu bitrate fica em 330Mbps, isto é, estamos falando de uma média de 2GB em disco por minuto. É bastante, mas compensa. Seu subsample das cores é 4:4:4:4 (daí o nome). Ele é destinado a color grading e produções que necessitam *daquela* qualidade do início ao fim; nada pode ser alterado, principalmente nas cores e luzes. É perfeito para projetos em que a visualização de produção tem que ser real: o que é visto na sala de cor, é entregue no material final.
A necessidade (e acredito que onde ele será mais usado) virá quando o projeto em questão tiver câmeras como RED e Silicon. Agora, com esse ProRes, a coisa flui muito melhor, a imagem é real e tudo vai depender de onde vem e pra onde vai.
Não adianta usar o 4:4:4 vindo de um codec HDV; para isso, temos o 4:2:2. Mas se você tem como fonte uma RED (ou superiores), telecinagens de películas ou DPX, certamente este é o codec certo para usar em algum momento. Seu subsample nas alturas, unido a um bitrate ótimo, faz dele a escolha certeira em plataformas Apple e finalizações que necessitam de altíssima qualidade — como filmes, novelas, séries e televisão em geral.
O 4:2:2 até funcionava bem pra isso, mas agora, com este, não haverá mais discussões e nem tantas complicações. Abordarei ainda mais sobre o 4:4:4 quando fizer um review do Color 1.5, que agora tem opções ótimas para a RED e nativos 4k.
Nas minhas poucas experiências com a RED, usei o codec ProRes 4:2:2 HQ para color grading, o que já era ótimo mas havia sempre o fator 4:4:4:4 que ficava martelando e que ainda me prendia no Color ou no REDalert — este ainda por cima não faz render nenhum, mas também tem bem menos controles que o Color.
Caso você não tenha acompanhado, este artigo é continuação de uma série sobre o FCS, que começou com uma apresentação do Final Cut Pro 7.