Para quem está vendendo músicas há quase dez anos ao lado das maiores gravadoras do mundo, lançar qualquer novidade no segmento não é uma tarefa fácil. E a Apple deve respeitar burocracias da mesma forma que as impõe: não é à toa que, para lançar o iCloud, cada grande aliada no seu negócio musical deve estar ciente. No entanto, Welton Dodd, do GigaOM, exibiu hoje uma visão diferente sobre o assunto.
Rumores sugerem que a Apple destinará uma parte da assinatura paga pelos usuários (no acesso a streaming de músicas, é claro) para as gravadoras, com base em um valor nominal por cada faixa sincronizada. Em uma parcela considerável dos casos, isso representa para a Maçã o mesmo que pagar as gravadoras duas vezes — pois é feito um pagamento em cada venda na iTunes Store —, mas pode haver um motivo mais importante nisso: para Wodd, foi assim que a empresa convenceu suas parceiras a aceitar músicas pirateadas no serviço.
Segundo especulações, o iCloud permitirá que usuários enviem suas bibliotecas do iTunes para a nuvem. Assim sendo, certamente vai ter muita música obtida fora da loja da Maçã no bolo — é claro que todo mundo já “ripou” CDs no computador, mas ninguém é totalmente honesto neste lado do universo. Dada a força da Apple na poderosa indústria fonográfica, associar toda a burocracia para viabilizar o iCloud com a permissão a material pirateado faz sentido.
Consumir músicas via streaming pela internet é algo totalmente novo para as gravadoras, pois desta vez o valor de uma unidade de venda (CD, álbum digital, faixa individual) tornou-se irrelevante e elas poderão estar disponível em qualquer lugar, para qualquer um. Ao meu ver, a aliança da Apple com as gravadoras torna o iCloud a prova do futuro: as gravadoras certamente ficarão de olho no que vai acontecer, mas a Maça conta com o apoio delas registrado em cartório — algo de que o Google e a Amazon.com, pelo visto, não querem nem saber.