Em março, viajamos para os Estados Unidos e pegamos toda a famosa fila na Apple Retail Store da Quinta Avenida, em Nova York, para sermos um dos primeiros do mundo a colocar as mãos no novo iPad. Imediatamente trouxemos aqui para o site vídeo e fotos de unboxing do produto, bem como as nossas primeiras impressões sobre ele.
Agora, em dia de lançamento do produto no Brasil, é hora de trazermos para vocês um review mais completo/detalhado. Vamos nessa? 😉
Tela
A Apple chama o novo iPad, no seu site, de “Resolucionário” (“Resolutionary”) — a brincadeira com as palavras “resolução” + “revolucionário” é tão ruim que recebemos diversos emails e tweets de leitores pedindo para que comunicássemos a empresa sobre o erro. Houve quem disse que Steve Jobs nunca aprovaria isso, mas ele aprovaria, sim: no lançamento do MacBook Air, por exemplo, enquanto Jobs ainda estava vivo, a Apple também fez isso com a chamada “Finovação” (“Thinnovation”) — quem lembra? 😉
Mas o que importa mesmo, sobre essa palavra, é que o maior destaque do novo iPad é a sua tela — agora “Retina”, assim como as de iPhones e iPods touch recentes. De 768×1024 pixels, passamos para 1536×2048 pixels — o dobro de resolução, o quádruplo de pontos.
O que isso significa? Bom, tudo na tela fica mais nítido e, a olho nu, não é mais possível distinguir os pixels — a menos que você tenha uma ótima visão e se aproxime bastante do display. Antes, tínhamos 132 pixels por polegada, agora, temos 264.
Além do aumento no número de pixels (são agora 3,1 milhões, no total), a tela do novo iPad está também mais brilhante e oferece uma maior gama de cores (44% mais saturação), com pretos mais profundos do que antes. De uma maneira geral, a Apple aprimorou bastante a nossa percepção visual de uso do produto.
Apesar de todos esses incríveis avanços, como muitos de nós já estamos bastante acostumados com as telas Retina de iPhones/iPods touch, desta vez a evolução não foi tão “de babar” quanto na época do lançamento do iPhone 4 (o primeiro a trazer um display desses). Depois de um tempo usando o novo iPad, você começa a achar que ele sempre foi assim… até pegar de novo num iPad 2 ou num iPad de primeira geração, aí você acha que está com a vista embaçada. 😛
Nome
Por falar em “novo” e em “primeira geração”, vale tocar aqui num ponto polêmico sobre o produto: ao contrário do que apontavam rumores, a Apple decidiu, desta vez, abandonar o sufixo do nome. A evolução da sua tablet fica assim, portanto:
- 2010: iPad
- 2011: iPad 2
- 2012: iPad
Como diferenciá-los, então? Simples: da mesma forma que sempre fizemos com Macs, iPods e praticamente todos os outros produtos já lançados pela Apple. Quem quebrou esse paradigma foi o iPhone, e o iPad parecia estar indo na mesma linha — até que a Maçã resolveu dar um basta, ou então daqui a alguns anos teríamos um “iPad 17S”. Da mesma maneira, não esperem um iPhone 5 ou 6. 😉
Isso está sendo um problema, por aí: muita gente insiste, incorretamente, em chamar o novo iPad de “iPad 3” ou de “New iPad”. O primeiro é quase certo: o novo iPad é simplesmente de terceira geração. O segundo, por sua vez, é horrível: “new” é simplesmente um adjetivo que, em inglês, significa “novo”. Isso não faz parte do nome do produto.
Quando quiserem se referenciar a ele, então, falem em “novo iPad”, “último iPad”, “iPad de terceira geração”, “iPad lançado no começo de 2012”, “iPad com tela Retina” ou qualquer coisa do tipo. 😉
Câmera traseira
O “traseira”, aí em cima, é muito importante: nada mudou na câmera frontal do novo iPad, o que é uma lástima, pois ela tem somente uma resolução VGA convencional. Como a Apple adora promover o FaceTime no iPad, não contar com uma lentezinha HD faz falta. Fica pra próxima.
Em compensação, a câmera traseira do novo iPad — que voltou a ser chamada de “iSight” — melhorou significantemente. Ela tem agora os mesmos 5 megapixels do iPhone 4, mas o mesmo sistema de cinco elementos da câmera do iPhone 4S — ou seja, está bastante satisfatória para fotos e vídeos (em Full HD 1080p, diga-se), ao contrário das câmeras de todos os iPads anteriores.
Mas é a tal coisa: fazer videoconferência no iPad é show, mas fotografar/filmar com ele é apenas um quebra-galho. Tem gente que já abandonou câmeras portáteis (point & shoot) em prol dos seus smartphones, pois estão sempre no bolso e evoluíram bastante em qualidade nos últimos anos, mas não podemos dizer o mesmo sobre uma tablet — até pelas próprias dimensões do dispositivo.
Neste post, reunimos uma galeria bacana de fotos tiradas com ele.
4G (LTE)
Para americanos e alguns consumidores de poucos outros lugares, a novidade é fantástica: o novo iPad agora suporta o novo padrão de conectividade celular, o que proporciona velocidades de navegação bastante superiores às de antes — em muitos casos, melhores até que de bandas largas a cabo de boa qualidade.
Mas ninguém deve comprar o novo iPad, no Brasil, focando-se nessa vantagem. O problema não é nem só de as nossas operadoras ainda não trabalharem com 4G (LTE), e sim que as frequências compatíveis com a baseband implementada pela Apple são diferentes das que a ANATEL está trazendo para o Brasil. Ou seja, mesmo daqui a meses/anos, este iPad não funcionará em tais velocidades no Brasil.
Evidentemente, quem tiver um iPad de terceira geração no Brasil com 4G poderá usufruir de tais velocidades em viagens para o exterior. Chegando aos Estados Unidos, por exemplo, basta comprar um chip de dados pré-pago de uma operadora local e você poderá navegar em 4G sem problemas.
Apesar disso, o novo iPad continua funcionando normalmente em redes 3G (inclusive HSPA+) — então se você quer/precisa de mobilidade e não deseja depender de redes Wi-Fi, esse modelo é para você. Todos continuam 100% desbloqueados de fábrica, então você pode colocar um chip Micro-SIM de qualquer telecom que ele irá funcionar imediatamente, sem a necessidade de configurações extras.
Um bom diferencial de iPads com 3G/4G é o GPS. Este componente não está presente em iPads restritos a Wi-Fi, o que é bacana caso você queira usar a tablet para se localizar no mapa ou até mesmo para obter direções curva a curva enquanto estiver no carro. Já há vários apps universais, com interfaces adaptadas para o iPad.
Performance
Enquanto o iPad 2 tinha um chip A5 dual-core, o iPad de terceira geração vem com um A5X — também dual-core, mas com gráficos quad-core. Para quem costuma jogar na tablet, os ganhos em performance são perceptíveis.
Junto ao novo processador A5X a Apple dobrou a RAM do novo iPad para 1GB. Isso tudo significa que o uso dele está muito mais suave, com apps abrindo de maneira ágil, navegação no Mobile Safari mais rápida e mais processos rodando simultaneamente. Uma forma simples de se perceber isso é abrindo várias abas com sites diferentes; antes, quando passávamos entre elas era possível notar que a página era recarregada, isso porque ela já tinha sido retirada da memória.
E já que estamos falando de performance, vale lotar que a placa Bluetooth do novo iPad foi atualizada para o padrão 4.0 — antes, ele usava a versão 2.1+EDR. Isso proporciona velocidades de transferência de dados mais rápida e uma maior eficiência no uso de energia.
Bateria
Todas essas características até agora descritas consomem muita, muita bateria. Ainda assim, a Apple conseguiu ampliar fisicamente o espaço da bateria no novo iPad e, com isso, manteve a mesma promessa de dez horas de autonomia — que, no caso do iPad, chegam bem próximo da realidade (às vezes até supera-se isso).
A potência dela pulou de 25W para absurdos 42,5W, só para terem uma ideia. Em compensação, ele também precisa de mais potência e algumas horas extras para ser recarregado por completo.
Nas semanas seguintes ao lançamento do produto, muito se discutiu sobre ele estar superaquecendo. Não, o novo iPad não tem problema algum de superaquecimento — ele simplesmente pode esquentar um pouco mais que o anterior, e isso se você estiver rodando apps/games pesados por longos períodos.
Ainda assim, testes comprovaram [1, 2] que a temperatura máxima que o novo iPad atinge ainda é considerada totalmente normal e não chega nem perto de ser prejudicial aos usuários. Se você estava com medo de comprar um pelo que ouviu por aí sobre isso, esqueça o assunto.
Dimensões e peso
Para dar espaço à bateria maior e a todos os componentes que formam a tela Retina do novo iPad, a Apple foi obrigada a aumentar um pouco a sua espessura — de 8,6mm para 9,4mm, ainda bem menos que os 12,7mm do modelo original. Em largura e altura, as duas gerações são idênticas.
O fato é que, sim: ele ficou um pouco mais grosso. Se isso é perceptível? Não, ao menos não na minha opinião. Ao aumentar a espessura, a Apple também deixou a traseira do novo iPad ligeiramente mais abaolada. Talvez por isso quase não dê para notar a diferença.
Digo o mesmo quanto ao peso: os modelos Wi-Fi foram de 601 para 652 gramas, enquanto os com Wi-Fi + 3G/4G foram de 613 para 662 gramas. Perceptível? Para mim, não. Porém, se você colocar ambos na balança, irá comprovar a diferença.
Capacidade
Ao contrário do que muitos esperavam, ainda não foi desta vez que a Apple levou o modelo topo-de-linha do iPad para 128GB. Neste aspecto, a linha continua igual: 16GB, 32GB e 64GB.
Se formos pensar friamente, ter 64GB sempre será melhor que 32GB, assim como 32GB será melhor que 16GB. Todavia, para muitos o modelo mais básico dá conta do recado muito bem — caso contrário, a Apple não o ofereceria como opção.
Na hora que for decidir o que é melhor para você, pense em como irá usar o seu iPad. Se você pretende entupi-lo com apps e jogos, músicas, fotos e vídeos, é claro que quanto maior a capacidade que você puder investir, melhor. Não tem mistério. Se pretende apenas navegar na internet, checar emails, fazer conferências e, de vez em quando, jogar um jogo, pode facilmente optar pelos modelos de menor capacidade.
iOS
O sistema operacional que roda no novo iPad é exatamente o mesmo das outras gerações, mas o novo trouxe uma novidade particular que infelizmente também não faz tanta diferença para brasileiros: o primeiro indício de Siri no iPad.
Para falantes dos idiomas inglês (seja ele americano, britânico ou australiano), alemão, francês ou japonês, o teclado virtual do novo iPad agora conta com um microfone para o recurso Siri Dictation. Com ele, textos podem ser falados e então automática e instantaneamente transcritos em palavras após passarem pelos servidores da Apple — sim, é necessária sempre uma conexão com a internet.
A mesma funcionalidade está disponível para donos de iPhones 4S, então mais uma vez não é nada surpreendente.
Já que estamos falando isso, vale citar outro detalhe bacana: no novo iPad, apps para iPhones/iPods touch rodam agora em resolução Retina. Isso significa que, embora não tomem a tela toda, eles ficam muito mais nítidos do que antes. Nada mau. 🙂
Smart Covers e outras cases
Uma das vantagens de a Apple praticamente não ter mudado nada na carcaça do novo iPad é que as Smart Covers dela, por exemplo, continuam funcionando perfeitamente na nova geração do produto (a menos que sejam dos primeríssimos lotes).
É claro que o ganho em espessura acabou afetando algumas cases rígidas, feitas sob medida, mas modelos flexíveis e outros que não se encaixam tão apertado no iPad podem continuar sendo usados sem problemas.
E então, devo comprar?
Sempre digo que não há resposta universal para esse tipo de pergunta, pois há uma série de fatores envolvidos (não é à toa que detalhamos item por item, acima) e toda a subjetividade de cada consumidor. Mas, se você quer um “guia”, siga:
- Se você tem um iPad 2, provavelmente as duas maiores vantagens do novo iPad, para você, serão a tela Retina e a câmera traseira melhorada. Os outros itens agregam valor ao produto como um todo, mas observe que o salto não será tão grande assim. Se você for daqueles que sempre gosta de ter produtos de última geração, eu poderia te dar aqui n motivos para *não* comprar o novo iPad e, mesmo assim, você o faria. Se você não é desses, quem sabe economizar um pouquinho e esperar o modelo do ano que vem seja uma boa ideia.
- Se você tem um iPad de primeira geração, aí sim, meu amigo, você sentirá uma grande diferença pondo as mãos nesse modelo de terceira. Além de tudo o que descrevemos acima, você “ganhará” também as novidades que vieram com o iPad 2 — para isso, recomendo que leia o nosso review do ano passado. Resumindo: vale muito a pena! 😉
- Se você não tem nenhum iPad, nunca houve um melhor que este. Compre sem medo — às vezes você pode achar que não há espaço para uma tablet na sua produtividade diária, mas com o tempo você descobrirá funções/utilidades que nunca imaginou, que antes não eram satisfatoriamente cobertas pelo seu smartphone ou laptop. Uma mesma pessoa pode ter os três em casa e/ou no trabalho, sem problemas. Cada um cumpre tarefas diferentes de maneiras bastante particulares.
No final das contas, vai muito de quanto alguém pode ou está disposto a gastar com um novo gadget. Conforme já noticiamos, os preços do novo iPad irão variar de R$1.550 a R$2.300 em revendas autorizadas e provavelmente também na Apple Online Store, enquanto a TIM trabalhará apenas com modelos Wi-Fi + 3G/4G, com preços a partir de R$1.560.
E, se você já tem um, complemente este review tecendo comentários adicionais aí embaixo. Sua opinião poderá ser decisiva para outra pessoa investir ou não no produto.