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EFF faz duras críticas ao modelo fechado adotado pela Apple em seus sistemas operacionais

Logo da Electronic Frontier Foundation (EFF)

Logo da Electronic Frontier Foundation (EFF)Em um artigo em seu blog, a Electronic Frontier Foundation criticou bastante a Apple por manter ecossistemas consideráveis fechados, os quais restringem usuários e desenvolvedores. A crítica é bastante focada no iOS, chegando a chamá-lo de “uma linda prisão de cristal” e afirmando que apenas usuários os quais realizam o jailbreak saem de tais amarras.

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Apesar de ter mudado o mercado de smartphones, a Apple foi criticada por controlar e remover aplicativos que não agradam à empresa, sejam eles de temática pornográfica ou que não utilizem o seu sistema de pagamento (In App Purchase). Além disso, aplicativos que necessitam de privilégios administrativos também não podem ser instalados — eles poderiam permitir, entre outras coisas, a personalização da aparência do software ou uma maior segurança do tráfego de dados (internet) com o OpenVPN.

Outro “problema” é relacionado à modificação de binários antes da publicação de aplicativos na App Store. Isso faz com que apps de código aberto lançados sob a licença GNU (General Public License) não possam ser publicados sem a aprovação de todos os autores. Por esse motivo, o player VLC para iOS foi removido da loja [1, 2, 3, 4]

Se o jailbreak é tão bom, por que então a Apple não libera tudo de uma vez? Para a fundação, o motivo é um só: dinheiro. Controlando todo o processo, a Maçã garante os seus 30% de comissão de todas as vendas na App Store. Caso tudo não fosse controlado dessa forma (como no Android), usuários poderiam instalar apps de outras lojas, ou até mesmo dos sites de desenvolvedores, o que acabaria com o monopólio da empresa.

Embora o grande foco seja o iOS, a crítica atinge também o OS X Mountain Lion, o qual traz o recurso Gatekeeper. Com ele ativado, usuários poderão baixar apenas aplicativos assinados digitalmente por desenvolvedores cadastrados junto à Apple, ou então via Mac App Store. A fundação, mais uma vez, diz que o intuito, com isso, é direcionar o usuário para a única loja autorizada pela empresa, pela qual ela ganha seus 30% de comissão.

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Além de Apple, a EFF direciona sua crítica à Microsoft, já que com o Windows RT (versão do Windows 8 para tablets), a gigante planeja traçar um caminho parecido com o da Maçã — nele, por exemplo, apenas o Internet Explorer poderá tirar proveito de funções avançadas do sistema, o que praticamente exclui outros navegadores da plataforma.

A Microsoft, assim como a Apple, está se movendo em direção a um futuro perigoso, no qual os usuários têm menos liberdade para fazer o que quiserem em seus computadores, desenvolvedores são restringidos no que eles podem realizar, e tanto a concorrência quanto a inovação são sufocadas.

A sugestão da EFF é relativamente simples. Enquanto segurança é, de fato, importante, as empresas podem, se quiserem, continuar oferecendo a “prisão de cristal” delas. Contudo, elas deveriam também oferecer uma forma simples e documentada para os usuários insatisfeitos “destrancarem a cela e sairem da prisão”, através de uma simples opção no menu. Tudo isso baseado em quatro direitos básicos os quais donos de computadores móveis (smartphones entram nessa) deveriam ter: 1. liberdade para instalar o que bem entenderem; 2. acesso aos níveis root (raiz)/superuser (super-usuário)/hypervisor/administrator (administrador) de um sistema; 3. opção de instalar múltiplos sistemas operacionais; e 4. garantias independentes para hardware e software.

Para a EFF, a Apple não é a grande vilã da história, já que não foi ela quem inventou esse modelo de negócio, apenas o popularizou — a AT&T, na opinião da fundação, é muito pior do que a Maçã, pois modifica e restringe aparelhos equipados com Android — algo que, na teoria, nasceu para ser livre. Contudo, a Maçã pode ajudar a mudar isso, até porque seus sistemas não existiriam se não fosse pela iniciativa aberta.

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Nenhum lugar e nenhum sistema podem ser perfeitos se negam aos seus cidadãos a liberdade de mudá-los, ou a liberdade para sair.

Eu, particularmente, não vejo problema com o modelo de negócios e as escolhas feitas pela Apple para o seu sistema operacional (tanto móvel quanto desktop). Como bem disse Steve Jobs, as pessoas pagam para que empresas pensem em soluções as quais elas (pessoas) não estão preparadas ou simplesmente não querem parar para pensar. Quando a Apple desenvolve o iPhone, o iPad — e seu ecossistema —, e esses produtos vendem bem, ou seja, fazem sucesso, é sinal de que as escolhas da Maçã foram boas e que ela está caminhando para uma direção acertada.

Sinceramente, seria horrível se apenas tivéssemos o iOS como modelo de negócio/sistema, assim como seria terrível termos apenas o Android. Existem pessoas que precisam de acesso ao root do sistema, que adoram customizá-lo, entre outras coisas. Todavia, existem também pessoas que não querem procurar em qual loja está um determinado app, ou lidar com funções/recursos altamente complexos. Elas querem apenas entrar na App Store, comprar um determinado aplicativo e saber que não precisam se preocupar com segurança.

Não vejo necessidade de a Apple mudar suas diretrizes. As opções estão na mesa (iOS, Android, Windows Phone, OS X, Windows, Linux, etc.); o usuário escolhe a melhor para ele.

[via TNW]

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