Na sexta-feira da semana passada (17/8), uma importante fase do julgamento entre Apple e Samsung se encerrou: os testemunhos. E, como sempre, muitas novidades surgiram desde a nossa última leva de notícias sobre o assunto.
Abaixo, mais informações/destaques do caso:
Vocês não são especiais
Este é um caso grande, envolvendo duas gigantes de tecnologia. Mas, segundo o The Verge, o juiz Paul Grewal, assim como a juíza Lucy Koh, não estão nada felizes com o andamento e com a quantidade de trabalho que a disputa está dando. Grewal ressaltou que uma hora isso tudo tem que acabar, para que as outras centenas de casos envolvendo direitos civis, seguridade social e outros assuntos realmente importantes para a população sejam resolvidos.
Grewal chegou a questionar num dado momento: “O que faz as partes, neste caso de patentes, serem tão especiais?” Realmente, não tem como discordar. Pra gente, que gosta do assunto, é interessante. Mas não dá para negar que existem coisas muito mais importantes para serem decididas, e que essa disputa está consumindo tempo/energia demais dos envolvidos.
No documento, o juiz também negou o pedido da Samsung que acusou a Apple de ter destruído evidências pertinentes ao caso — da mesma forma que ela fez. Só que, de acordo com o FOSS Patents, a juíza Koh não concordou com ele e avisará ao júri que, assim como a Samsung, a Apple também destruiu evidências (emails de Steve Jobs entre julho de 2010 e outubro de 2011).
A Apple não conseguiu preservar as provas para o uso da Samsung neste litígio após o dever de preservação surgir. Se este fato é importante para você chegar a um veredito neste caso, você decidirá.
A mesma mensagem, falando da Samsung, também será entregue ao júri. Florian Mueller, especialista no assunto, disse que a decisão da juíza foi uma boa vitória para a Samsung, já que agora as companhias estão em “igualdade”. Mas ressalta que, mesmo assim, a Apple ainda está numa boa situação.
Ícones
Susan Kare voltou a testemunhar — veja aqui como foi o primeiro —, falando especificamente sobre a questão evolvendo a cópia (ou não) dos ícones do iPhone pela Samsung.
O que é importante em uma tela sensível ao toque é que existe um alvo para o seu dedo. Isso não quer dizer que precisa [ter esse formato] cercado… Isso é uma opção, e não uma obrigação. […]
Recipientes frequentemente são usados como uma metáfora para um botão no mundo real. Há todos os tipos de elipses, círculos e quadrados em aparelhos no mundo real.
Ou seja, para Kare e para os advogados da Apple, a Samsung copiou mesmo os ícones do iPhone eu seus smartphones.
O iPad não foi uma cópia
O AppleInsider informou que, rebatendo acusações da Samsung de que o design do iPad é uma cópia de outros produtos (como o Compaq TC1000 e o Fidler), o designer Peter Bressler levou uma réplica de uma tablet Fidler para provar que o iPad não se parece com ela.
Bressler construiu(!) o modelo para mostrar que ela em nada tem a ver com as patentes de design da Apple (espaços na lateral para cartões de memória, uso de caneta, etc.).
Patentes essenciais
A CNET News noticiou que, de acordo com Dr. Michael Walker, ex-presidente do conselho do European Telecommunications Standards Institute (ETSI), a Samsung não estava em conformidade com as orientações estabelecidas pelo órgão. Durante depoimento, Walker afirmou que a empresa não divulgou, em tempo hábil, duas das patentes (gerenciamento de energia e alta velocidade de transmissão de dados) que está usando em seu caso contra a Apple. Por isso, ela não deveria poder utilizá-las como armas contra a Maçã.
Para provar, Walker realizou duas investigações paralelas na cronologia dos arquivamentos da Samsung, constatando que a empresa não divulgou os documentos necessários até anos depois de os trabalhos em cima do padrão terem começado. A empresa rebateu, dizendo que as patentes eram confidenciais, e citou uma seção de política do grupo de proteção a privacidade.
Perto do fim
Conforme falamos, os testemunhos acabaram — foram 25 horas para cada lado. Agora, segundo o AllThingsD, ambas finalizarão as instruções que serão dadas aos júri para a definição do caso. Na terça-feira, as empresas também terão duas horas de alegações perante o júri para que a deliberação seja iniciada.
Sobre a tentativa de um acordo, era mais do que óbvio que nesta altura do campeonato nada seria feito, e foi exatamente isso que a Bloomberg notificou — ou seja, cabe agora ao júri decidir quem está certo.
Mas ainda resta um fio de esperança, pois uma fonte da mesma Bloomberg informou que Tim Cook (CEO da Apple) e Kwon Oh Hyun (CEO da Samsung) poderão conversar por telefone (iPhone vs. Galaxy S III? :-P) ainda hoje sobre o caso. Esta seria a terceira vez em que o processo entre elas seria pauta de uma reunião entre os CEOs das empresas [1, 2]. Resta saber se, assim como as outras duas, a coisa terminará do mesmo jeito que começou: sem acordo.
Apesar de outros encontros já terem acontecido, esta será a primeira conversa entre Cook e o novo CEO da Samsung. Hyun foi apontado para o cargo em junho deste ano e, antes de assumir o posto mais alto da sul-coreana, trabalhou bem perto de Cook — ele era o chefão do negócios da Samsung envolvendo componentes. Como a Apple é uma das principais clientes da Sammy (provavelmente a principal), Cook e Hyun não são desconhecidos um do outro. Quem sabe isso poderá ajudar em algo, apesar de eu achar muito difícil a Apple querer fazer um acordo agora, levando em consideração que seu desempenho no julgamento foi bastante positivo, segundo especialistas.
Mais divergências
O WSJ.com disse que, mesmo perto do fim, Apple e Samsung continuam divergindo. Agora, cada lado está fazendo pressão para empurrar sua própria versão da ficha de trabalho do júri. O documento terá cerca de 12 páginas, com perguntas do tipo “sim” e “não” relacionadas às reclamações de violação de patentes. Só que o conteúdo do formulário é o que está gerando a discórdia, e a juíza Koh mais uma vez terá que resolver o problema.
Abaixo, os documentos de ambas as empresas:
A influência da decisão
Pensando à frente, conforme destacou o NYTimes.com, a decisão deste julgamento sem dúvida vai influenciar outras empresas. Explico: se a Apple ganhar, o medo entre outras fabricantes será instalado, e todos evitarão ao máximo um design similar ao da Apple, assim como as patentes de softwares da Maçã. Agora, se a Samsung ganhar, a porteira para a cópia descarada está aberta, e muito provavelmente algumas outras empresas irão no embalo!
A conclusão é mais do que óbvia, mas faz total sentido.