Apple e Samsung estão brigando em diversas frentes. Numa delas, na Comissão Internacional de Comércio (International Trade Commission), algo curioso aconteceu. A comissão resolveu perguntar a alguns interessados o que eles achavam sobre questões ligadas a patentes FRAND da disputa entre Apple e Samsung.
Foi aí que a Qualcomm, uma das fornecedoras da Apple — e da Samsung —, decidiu colocar a boca no trombone e falar poucas e boas sobre a postura da Maçã. Resumidamente, a Qualcomm disse que a Apple deveria se sentir envergonhada de algumas atitudes (ela afirma que a firma de Cupertino está fugindo do pagamento de royalties de patentes FRAND) e que sua defesa contra a injunção baseada em patentes justas, razoáveis e não-discriminatórias é uma farsa.
Pesado, não? O especialista no assunto Florian Mueller, do FOSS Patents, também achou, mas, para ele, tudo isso tem uma explicação. Apesar de a Apple ser uma cliente muito importante da Qualcomm — a Maçã representa 12% do faturamento, enquanto a Samsung 10% —, a empresa está se sentindo muito ameaçada com a possibilidade de uma mudança na postura de tribunais e comissões com relação às patentes FRAND. A Comissão Federal de Comércio (Federal Trade Commission), por exemplo, já deixou claro que não gostaria de ver produtos que infringem inventos essenciais sendo banidos do mercado.
O problema é que a Qualcomm ganha muito dinheiro no cenário atual, licenciando patentes essenciais. Mueller acredita que uma possível mudança nesse modelo de negócios a afetará bastante: “A rentabilidade dela não seria nem mesmo 10% do que é hoje”, disse ele.
Como a Apple vai encarar as palavras da Qualcomm, não sabemos. O que sabemos é que a Qualcomm deve estar desesperada, se sentindo muito ameaçada, já que se meteu gratuitamente na briga de duas clientes — mesmo sendo solicitada pela ITC, ela não era obrigada a opinar.