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Editorial: qual o sentido de exigir que um blog com artigos opinativos tenha uma postura imparcial?

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Ícone - MessagesDo ano passado pra cá, inúmeros veículos da “grande mídia” e blogs tomaram uma atitude drástica: removeram completamente comentários de leitores de seus sites.

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Os motivos são muitos, incluindo um trabalho enorme para moderar/organizar esses espaços e avalanches de comentários que não agregam valor nenhum. Nós chegamos a cogitar seguir tal linha, mas optamos por trocar o sistema de comentários do MacMagazine para o Facebook e explicamos neste artigo os motivos para tal.

Desde então, consideramos a mudança positiva. O número de comentários por post caiu um pouco (a impressão olhando a página inicial é de uma queda maior, porque o Facebook só conta os comentários “raiz”, ignorando a contagem das respostas dentro deles), mas hoje perdemos bem menos tempo que antes e o que despencou mesmo foram os trolls e os spammers. De um jeito ou de outro, atingimos o nosso objetivo de elevar a qualidade das discussões aqui do site.

Independentemente disso, uma crítica que chega a nós periodicamente e que vemos também atingindo outros sites que acompanhamos (nacionais e internacionais) é a de que muitas vezes as nossas matérias não são “imparciais”. Ou que não são “parciais”, já que muita gente nem entende a definição da palavra.

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Vamos começar por isso, então. Do Dicionário Priberam:

par•ci•al

adjetivo de dois gêneros

  1. Relativo à parte de um todo ou que faz parte de um todo.
  2. Que não entra ou não figura em sua totalidade.
  3. Que segue o partido de outro ou está sempre da sua parte.
  4. Partidário; faccioso.

produto parcial: o do multiplicando por um algarismo do multiplicador.

A definição que mais nos interessa é a de número 3, justamente o oposto de “imparcial”, isto é, “Que não tem partido”. Em outras palavras, muitos “exigem” que nós, editores, redatores e colunistas, do MacMagazine, sejamos “imparciais” no sentido de escrevermos as nossas matérias de maneira totalmente neutra.

O problema, meus caros, é que esse tipo de crítica está indo justamente de encontro à proposta do nosso site. O MacMagazine é e sempre foi um blog colaborativo e opinativo, portanto, parcial em sua natureza. É diferente de alguns veículos jornalísticos da grande mídia, que se promovem de um jeito mas acabam agindo do outro. Até porque, como explicarei mais à frente, é praticamente impossível ser totalmente imparcial.

Pedir que nós mudemos a nossa postura ou exigir que os textos do MacMagazine sejam imparciais é o mesmo que reclamar que o papa é religioso demais. Ou que o McDonald’s vende sanduíches demais. Ou que um palhaço está sendo engraçado demais. Ou até que uma rádio só transmite áudio, e não imagens. 😛 Não queiram mudar a natureza e a proposta de certas coisas; seria diferente se o MacMagazine, um site que cobre o mundo Apple, começasse a fazer constantemente artigos sobre automóveis, roupas, culinária e afins.

Alguns leitores chegam ao absurdo de exigir que um review(!) seja imparcial. Ora bolas, um review nada mais é do que a opinião de uma pessoa sobre determinado produto/serviço, a percepção que ela teve sobre aquilo. Há uma grande diferença entre um review ser parcial — e todos são — e um review ser talvez propositadamente tendencioso ou que talvez esconda aspectos positivos/negativos do que está sendo analisado de maneira planejada. Isso não é atitude de veículos sérios, sejam eles da “grande mídia” ou blogs como este aqui. O público sente esse tipo de coisa e logo trata de abandoná-los.

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Essa percepção de alguns é tão errônea que, vejam só, é normal vermos acusações de “parcialidade” em artigos que falem muito bem de alguma coisa, alguns chegando ao extremo de acusar os veículos de terem sido “comprados” pela empresa responsável pelo produto/serviço. Vão procurar quantos fazem esse tipo de acusação quando se detona alguma coisa. Ora, falar mal é ser então imparcial?

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Como disse há pouco, imparcialidade em sua natureza é quase algo inexistente. A parcialidade se forma desde a maneira como alguém interpreta determinado texto ou fato. Tudo isso é influenciado pelo momento de vida em que a pessoa está passando, pelas suas experiências passadas, pela sua própria cultura e educação. Se você quer ter uma visão o mais próximo possível da realidade de algo, seja você a fonte primária da observação. Experimente você um produto/serviço, assista você a determinado filme, esteja você em determinado acontecimento.

A questão de achar que um determinado veículo foi “comprado” ao falar bem de alguma coisa é muito mais comum entre brasileiros, pelo que observo há muito tempo. Por aqui, muitos não acreditam em opiniões/elogios espontâneos a determinada marca, como se esse tipo de manifestação pública só fosse cabível quando fosse para falar mal ou reclamar de problemas. Eu mesmo, de maneira pessoal, já fui acusado de estar sendo “patrocinado” por elogiar os serviços da minha provedora de conexão banda larga no Twitter. Infelizmente, diga-se, eu nunca estive mais insatisfeito com ela como estou hoje em dia.

Outro tipo de acusação que de vez em quando chega a nós é que não estamos agindo corretamente como “jornalistas”. Mais uma vez, quem diz algo desse tipo mostra que não tem ideia do que está falando, pois (coincidentemente) *nenhum* dos mais de 20 membros da nossa equipe é jornalista. Em pleno 2013, é sério que ainda tem gente por aqui que acha que é preciso um diploma desses para exercer o tipo de trabalho que fazemos aqui no site?

Mas não há nada mais estranho (chega a ser hilário) que ver comentários que chamam nós — tanto membros da equipe quanto leitores do site — de “fanboys”. Deixando essa nomenclatura ridícula de lado, tenho uma surpresa para vocês: nós somos, sim, fãs da Apple! Ohhhh! Assim como muitos também devem ser fãs de uma série de outras coisas; na minha lista pessoal, eu colocaria ainda Pink Floyd, Coca-Cola e o polpettone do Jardim de Nápoli, em São Paulo (SP). São os primeiros que me vêm à mente.

Não há problema nenhum em ser fã de algo, o que é muito diferente de se tornar cego e achar que tudo relacionado àquilo é perfeito. Eu não gosto de absolutamente todas as músicas do Pink Floyd, só tomo a Coca-Cola tradicional (de preferência, na garrafa de vidro) e já teve vezes em que o polpettone poderia ter vindo com um pouco mais de queijo e molho de tomate. Assim como a Apple também erra e tem alguns produtos inferiores aos da concorrência. Essa é a vida.

Posto tudo isso, tenham certeza de uma coisa: nós estamos sempre de olho na opinião de vocês, pois para nós elas são tão valiosas quanto as que procuramos passar em nossos textos. Continuem enviando críticas e sugestões, até porque nós só temos a crescer com elas — e o tempo está aí para mostrar isso, já que o MacMagazine de hoje é bem diferente do que era quando começou.

De volta ao trabalho! 😉

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