Há alguns dias nós informamos que, por conta da guerra comercial entre Estados Unidos e China, alguns produtos da Apple (como MacBook, Mac mini, iPad, HomePod, Apple Watch, AirPods, AirPort, Apple Pencil, produtos Beats, carregadores e adaptadores em geral) poderão sofrer um aumento de preços. A Apple, é claro, reclamou da situação formalmente, enviando uma carta ao Office of U.S. Trade Representative (algo como Escritório do Representante Comercial dos EUA) e elucidando as razões para que o governo desista dessa ideia de impor novas tarifas a produtos importados.
O presidente americano Donald Trump, como muito bem sabemos, não é de guardar para si suas opiniões e tratou de ir ao Twitter falar sobre o assunto. A solução para a Apple, segundo ele? Simples:
Apple prices may increase because of the massive Tariffs we may be imposing on China – but there is an easy solution where there would be ZERO tax, and indeed a tax incentive. Make your products in the United States instead of China. Start building new plants now. Exciting! #MAGA
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 8 de setembro de 2018
Os preços da Apple podem aumentar por causa das tarifas maciças que nós podemos impor à China — mas há uma solução fácil na qual haveria um imposto zero, na verdade, até um incentivo de imposto. Fabricar seus produtos nos Estados Unidos em vez de na China. Comece a construir novas fábricas agora. Empolgante!
#MAGA
Como o The Verge informou, não é que a Apple não fabrique nada nos EUA. O Mac Pro, por exemplo, é fabricado lá; recentemente, ela investiu US$200 milhões na Corning (que fabrica vidros para as telas de iPhones, iPads, Apple Watches, etc.); a Maçã, segundo o próprio Trump, também teria se comprometido em abrir três novas fábricas nos EUA (ainda que o propósito delas não tenha sido informado); isso sem falar, é claro, no investimento maciço de US$350 bilhões ao longo de 5 anos que a empresa fará no mercado americano.
Ainda assim, não se muda toda uma cadeia de produção complexa como a da Apple da China para os EUA assim, da noite para o dia. E, mesmo com “tarifa zero” e incentivos fiscais, dificilmente esse custo de fabricação americano seria menor que o chinês. A China possui diversas vantagens competitivas se comparada a outros países, como mão de obra mais barata, proximidade entre fábricas parceiras, conhecimento técnico para fabricações de componentes complexos, entre outras coisas.
"making all of the iPhone’s parts in the U.S. would push the price of the iPhone’s components from $190 to around $600…. 'that same iPhone could cost, perhaps, $2,000 at retail.'
That's right. $2,000 for an iPhone." #ChristmasTaxhttps://t.co/u34FNHUwAz
— Scott Lincicome (@scottlincicome) 8 de setembro de 2018
Fazer todas as peças do iPhone nos EUA empurraria o preço dos componentes do iPhone de US$190 para algo próximo de US$600…” Esse mesmo iPhone poderia custar, talvez, US$2.000 no varejo.
Isso mesmo. US$2.000 por um iPhone.
#ChristmasTax
Para termos ideia do que essa soma de vantagens competitivas representa, o advogado Scott Lincicome apontou no Twitter que um iPhone “Made in USA” poderia custar US$2.000 para o consumidor final.