Além de ser presidente da Genentech Inc. e do conselho da Apple, Arthur D. Levinson era um grande amigo do cofundador e ex-CEO da Apple. Só com essa introdução já dá para ter uma ideia de como Levinson conhece a Maçã, então quando ele abre a boca para comentar algo sobre a empresa, sabe do que está falando.
Levinson participou de uma sessão de perguntas e respostas com estudantes da Escola de Negócios de Stanford (Stanford’s Graduate School of Business). Um deles perguntou como era comandar o conselho da Apple sem a presença de Steve Jobs. A resposta de Levinson parece ter sido bem sincera: “Estranho.”
O executivo disse que a ausência de Jobs permanece difícil de ignorar, mesmo com a empresa seguindo seu rumo de sucesso. “Eu ainda não cheguei ao ponto de andar pela diretoria e não sentir a falta de Steve.” Ele também afirmou que começou a ler a biografia autorizada de Jobs [US$16; requer o iBooks 1.3.1 ou superior], mas que ainda não conseguiu terminar.
Ele era único… O Steve Jobs que está na boca do povo não foi, em sua maior parte, o Steve Jobs que eu conhecia.
Uma dúvida que sempre tive (se o conselho influencia na decisão de lançamento de produtos) também foi respondida por Levinson. De acordo com ele, não muito. Novos produtos são apresentados ao conselho entre 6 e 18 meses antes do lançamento. Se apresentadas cedo o suficiente, algumas ideias podem ser levadas em conta — os membros do conselho com mais experiência nessa área têm mais influência, é claro. Mas a verdade é que o papel do conselho tem mais a ver com a visão de longo prazo, com o planejamento do futuro (big picture) do que com a análise individual de um produto.
Resumindo, o conselho não está lá para definir as especificações de produtos e sim para demitir ou não o CEO. A diferença é que, quando o conselho é bom — o que muitas empresas não têm, segundo Levinson —, ele não atrapalha o CEO nem o time de executivos da empresa.
Apenas como curiosidade, Jobs presidiu o conselho de administração da Apple por apenas 42 dias (período entre a renúncia ao cargo de CEO e o falecimento), sendo então substituído por Levinson.
[via Fortune Tech]