por Tiago Mergulhão
A Simogo volta ao campo com uma nova proposta de aventura e suspense na App Store que abraça o jogador num clima inebriante de enigma e folclore.
Os desenvolvedores já consolidados — criadores de jogos como Bumpy Road, Beat Sheak Bandid e Kosmo Spin — mudaram o foco do seu trabalho de entretenimento casual com a criação de uma das mais elegantes propostas artísticas em jogos da atualidade. O encantador Year Walk foi lançado no dia 21 de fevereiro e fez sucesso como “Escolha dos editores” da Apple.
Lembrando muito Sword and Sworcery, o jogo conta com interações em descoberta tratando como meios o toque, a musicalidade e a interpretação. Referências múltiplas como o diretor David Lynch, filmes de terror japonês e Zelda contrapõem-se com a consistência na experiência provida. O misticismo sueco é tratado como a magia intrínseca: não para ser entendida, mas sentida e temida.
Apostando no conceito de mistério e obscuridade, o quarto projeto da Simogo coloca o jogador várias vezes em posições desconfortáveis sobre o que fazer e para onde ir. Por vezes ele leva a momentos de frustração e terror. Com enigmas elegantes mas acessíveis ao aprendizado, o jogo se distancia de ser um título obscuro e ilumina uma trilha para seguir seu enredo.
O projeto nasceu do script para filme escrito em suéco por Jonas Tarestad assistido por Theodor Almsten, especialista em etnologia e folclore sueco. O texto se tornou um jogo elegante pela mão da Simogo acompanhado da trilha sonora contagiante por Daniel Olsén. Como dizem os próprios criadores:
Year Walk é uma estória-enigma em livro pictográfico de primeira pessoa.
A história se dá no final do ano de 1891, quando o personagem principal segue o rito de Year Walk. Uma jornada de visões e mistério em que o viajante experiencia perigo espiritual, mental e mortal. Em busca de ver o futuro no ano seguinte, o andarilho interage com entidades folclóricas diversas cuja natureza não é limitada por bem e mal. Aventurando-se nas vésperas de Natal ou ano novo, passa por várias provações e mistérios e se chegar ao interior da igreja terá uma visão de seu futuro.
Está disponível também um aplicativo de companhia gratuito que traz conteúdo adicional para os jogadores e curiosos. Essa separação leva a um novo grau de aventura e traz aos interessados ainda mais magia. Year Walk Companion libera, ao final do jogo, conteúdo adicional sobre o tema na forma do diário de year walking de Theodor Almsten. Esse conteúdo leva a descobertas e conclusões mais profundas no jogo principal.
A falta de menus e opções no jogo faz com que o título seja uma experiência de imersão que leva a crer na estória e distancia da segurança do botão de pausa. Este aplicativo representa claramente um movimento de limpeza e de interface como experiência pura nos programas. A forma de jogar é o paradoxo da obscuridade e da clareza. Livre de guia textual, o game nos leva a experimentar os objetos e interagir com o universo que se apresenta como mescla do 3D e 2D em movimentos simples e concisos.
Year Walk será um dos aplicativos mais cotados desse ano e representa uma nova fronte cultural na produção de games e arte digital. Indicado para qualquer jogador, trazendo emoção em vários momentos, é recomendável jogar no escuro, à meia noite, na véspera de ano novo…
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Tiago Mergulhão é estudande de Ciência da Computação na Universidade de Brasília. Desenhista amador, trabalha com um iPad, uma Pogo Connect, um teclado e qualquer computador disponível.
Year Walk
US$ 4 | 214 MB | requer o iOS 4.3 ou superior. |
Year Walk Companion
Grátis | 24,8 MB | requer o iOS 4.3 ou superior. |
[via The Verge]