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iMessage, WhatsApp e Telegram: qual é o melhor mensageiro?

iMessage vs WhatsApp vs Telegram

Em 2023, ficar sem rede social é até possível, mas — a menos que você esteja num nível quase absoluto de isolamento social —, o mesmo não podemos dizer de aplicativos dedicados à troca de mensagens, os famosos mensageiros.

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Atualmente, no vasto mercado de aplicativos, existem inúmeras opções para todos os gostos e prioridades. A escolha dos usuários pode se dar por diversos fatores, os quais vão desde o número de funcionalidades até o uso por uma determinada rede de amigos ou para se enquadrar em um determinado ecossistema.

Nesta publicação especial, farei um comparativo detalhado de três grandes aplicativos de mensagem da atualidade: o iMessage, o WhatsApp e o Telegram.

Serão analisados aspectos como quantidade de recursos, disponibilidade, funcionalidades extras, chamadas de voz e vídeo, dentre outros quesitos.

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Partiu pro comparativo?!

Por que a escolha dos três mensageiros?

Com tantas opções no mercado, você pode estar se perguntando o que me motivou a escolher esses três em específico. Primeiro de tudo, são os três mensageiros com os quais eu tenho maior contato — uns com uso bem maior que outros, reconheço. Poderia incluir mensageiros como o Messenger (da Meta) ou o Signal, mas optar por comparar apenas três também me permitiu uma maior objetividade na análise.

Estamos no MacMagazine, um veículo dedicado à cobertura de assuntos relacionados ao mundo Apple, então o iMessage é uma das escolhas mais óbvias. Deixar o mensageiro da Maçã de fora seria um verdadeiro sacrilégio — mesmo que ele não seja, nem de longe, popular no Brasil.

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O WhatsApp é uma escolha tão óbvia quanto. É o aplicativo de mensagens mais popular em nosso país — por aqui, até mesmo se confundindo com o conceito de troca de mensagens, daqueles apps que é praticamente impossível de se manter longe do smartphone (mesmo para quem não é muito fã dele).

O Telegram também é bastante popular em nosso país, tendo chegado à marca de 65 milhões de usuários no ano passado. Mesmo que boa parte desses usuários possa mantê-lo como um app “reserva” para ocasiões nas quais o WhatsApp não esteja disponível, o app também é bastante usado por nichos específicos (realities, políticos, etc.) e seu grande número de funcionalidades o torna um app “faz-tudo” — uma ferramenta para tarefas como acompanhar o rastreio de encomendas ou até mesmo como um repositório de arquivos.

Breve histórico

Comecemos o nosso comparativo falando um pouco sobre a história dos três aplicativos e suas evoluções ao longo dos anos.

iMessage

Começando com o serviço de mensagens da Apple, ele foi anunciado em 2011 como um serviço de mensagens instantâneas integrado ao já existente aplicativo Mensagens no iOS (que era capaz de enviar apenas mensagens SMS1Short message service, ou serviço de mensagens curtas. ou MMS2Multimedia messaging service, ou serviço de mensagem multimídia.).

Com a capacidade de enviar mensagens de texto via internet para donos de outros aparelhos da Maçã, o iMessage logo se tornou o serviço padrão de troca de mensagens para muitos donos de iPhones — principalmente nos Estados Unidos, onde ele já sabidamente influencia na compra de iPhones por parte da população.


Ícone do app Mensagens
Mensagens de Apple
Compatível com iPadsCompatível com iPhones Compatível com o Apple Vision Pro Compatível com Apple Watches
Versão 2.6 (1.7 MB)
Requer o iOS 10.0 ou superior
GrátisBadge - Baixar na App Store Código QR Código QR

WhatsApp

Lançado dois anos antes do iMessage (em 2009) por uma empresa homônima, o WhatsApp logo se transformou no mensageiro mais popular por aqui, virando praticamente o app padrão para a troca de mensagens principalmente em mercados emergentes — além do Brasil, o mensageiro faz também muito sucesso na Índia.

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Adquirido pelo Facebook pela Meta alguns anos mais tarde, o app verdinho foi, por muito tempo criticado pela sua falta de recursos avançados e por seu funcionamento um tanto quanto peculiar, mas vem correndo contra o tempo nos últimos anos e trazendo alguns recursos para lá de aguardados pelos usuários.


Ícone do app WhatsApp Messenger
WhatsApp Messenger de WhatsApp Inc.
Compatível com MacsCompatível com iPhones
Versão 24.6.77 (214.7 MB)
Requer o iOS 12.0 ou superior
GrátisBadge - Baixar na Mac App Store Código QR Código QR

Desculpe, app não encontrado.

Telegram

Caçula entre os três apps do nosso comparativo, o Telegram foi criado em 2013 pelos irmãos russos Nikolai e Pavel Durov — os mesmos responsáveis pela rede social VK — e até hoje é gerido pelas empresas Telegram FZ LLC e Telegram Messenger Inc.

Com um foco extremamente grande em recursos e na facilitação da troca de mensagens, o app rapidamente se mostrou uma das melhores alternativas ao WhatsApp devido a uma série de vantagens em relação ao mensageiro da Meta — embora, até agora, não tenha conseguido concorrer de igual pra igual em número de usuários.


Ícone do app Telegram Messenger
Telegram Messenger de Telegram FZ-LLC
Compatível com iPadsCompatível com iPhones
Versão 10.9.2 (158.9 MB)
Requer o iOS 12.0 ou superior
GrátisBadge - Baixar na App Store Código QR Código QR

Ícone do app Telegram
Telegram de Telegram Messenger LLP
Compatível com Macs
Versão 10.9.1 (99.5 MB)
Requer o macOS 10.13 ou superior
GrátisBadge - Baixar na Mac App Store Código QR Código QR

Criação de contas

Para mostrar como como se dá o funcionamento básico dos três apps, nada melhor que começar com algo bem básico, não é? Falemos sobre o processo de criação de contas em cada um deles.

iMessage

O iMessage funciona principalmente tendo como base o número de telefone do usuário — embora, ao contrário dos outros dois, também possa funcionar apenas com o uso de um email vinculado ao ID Apple logado no aparelho.

O iMessage também não pode ser considerado um app por si só, e sim um serviço de troca de mensagens — o qual, por sua vez, é incorporado ao aplicativo Mensagens, presente nos sistemas operacionais da Apple. Ele meio que compartilha o espaço com os já tradicionais SMS e MMS.

Como está integrado ao dispositivo do usuário, o iMessage tem o processo de criação — na verdade, de ativação — de conta mais simplificado entre os três, bastando (no iPhone) ao usuário acessar Ajustes » Mensagens e ativar o serviço.

É também nessa seção que se encontra a possibilidade de ajuste para selecionar os números de telefone e os endereços de email que você deseja usar com o app — o que pode ser feito na seção “Enviar e Receber”.

WhatsApp

Para criar uma conta no WhatsApp — o que só pode ser feito a partir de um smartphone —, basta digitar o seu número de telefone e confirmar o código de verificação que é enviado para ele (o que pode ser feito de forma automática ou manual). Em breve, o WhatsApp começará a liberar também nomes de usuários, mas não sabemos exatamente quando isso acontecerá e se será possível usar o mensageiro apenas com esse cadastro. Qualquer comunicação feita tem a exposição do número de telefone como resultado.

Até recentemente, para enviar uma mensagem a alguém, era necessário ter o número da pessoa salvo em seus contatos ou fazer isso por um link/código QR. Recentemente, contudo, o serviço passou a possibilitar o envio de mensagens apenas para números, sem a necessidade de termos ele cadastrado na agenda.

Essa maior dependência do WhatsApp de um número de telefone resulta em coisas absurdas, como alguém simplesmente tendo sua conta “invadida” pelo novo dono de um número que o usuário simplesmente esqueceu de (ou não pôde) recarregar. 🤷🏻‍♂️

Telegram

Em termos de criação de conta, o Telegram tem um processo bastante semelhante ao do WhatsApp — embora, depois de criada, o número utilizado já não tenha mais tanta importância para o funcionamento do software.

Ele permite que usuários sejam encontrados tanto pelo número quanto por um nome de usuário, o Telegram também conta com recursos como links para determinadas contas e até mesmo uma busca universal que permite pesquisar por pessoas.

Interface e organização

Não poderíamos fazer um comparativo sem analisar as interfaces dos aplicativos, visto que se trata de uma parte indispensável para qualquer software moderno e pode contar muito na hora de decidir ou não usá-lo.

Como seria inviável analisar todas as telas dos aplicativos, limitarei-me a analisar duas em específico: a tela inicial (ou de chats) e também a de conversas por si só. A análise também terá como foco o iOS, que é onde esses aplicativos são efetivamente mais utilizados.

Obviamente, no caso do iMessage, avaliaremos a interface do app Mensagens, que é onde ele funciona. Na verdade, em todo esse comparativo, mesmo que eu porventura me refira ao iMessage como um app, entenda que estaria (nessas ocasiões) analisando o app de conversas nativo da Apple.

iMessage

Como um app da Apple, obviamente o iMessage segue completamente as diretrizes visuais dos sistemas operacionais da empresa. Mesmo assim, considero que ele usa muito pouco tais diretrizes, de modo que a tela inicial do aplicativo exibe simplesmente as mensagens.

As abas, que são bastante privilegiadas em apps para o iOS, não existem. Além das mensagens em si, a tela inicial conta apenas com um botão de composição e um menu de três pontos com opções para selecionar e alterar a foto e o nome do perfil.

Dentro de cada chat, há alguns detalhes a mais, como a foto e o nome do contato na parte superior, um ícone de câmera (que é um atalho para o FaceTime) e os tradicionais balões — em azul para as mensagens enviadas e cinza para as recebidas. Na parte inferior, há uma barra para digitar o texto e atalhos para usar a câmera e o microfone. Há ainda um ícone para a App Store interna, sobre a qual falarei adiante.

Quando o assunto é organização, o Mensagens não me agrada muito. Sigo a mesma lógica que usei no comparativo entre o Apple Music e o Spotify: dois recursos distintos no mesmo app podem até ser úteis, mas deve haver o mínimo de organização para que ele possa trazer uma experiência satisfatória e menos confusa.

Em um país como os EUA, onde o iMessage é disparadamente o serviço de troca de mensagens mais usado, a junção de SMS e iMessage no mesmo balaio pode até fazer certo sentido, mas em um país como o Brasil, a página inicial acaba ficando para lá de poluída.

Se contássemos com abas na parte inferior — uma dedicada a mensagens trocadas por SMS/MMS e outra dedicada exclusivamente ao iMessage —, o app ficaria mais organizado. No entanto, entendo que haveria uma confusão caso determinado usuário enviasse mensagens pelas duas vias — talvez seja por isso que a Apple mantém a atual organização até hoje.

No Brasil (e na Índia), a Apple adotou filtros para mensagens enviadas por SMS e para conhecidos, mas considero um pouco inconveniente ter que voltar toda vez que quiser acessar mensagens de outra seção, sendo que isso poderia ser feito facilmente com um toque se tal organização fosse feita com a ajuda de guias.

WhatsApp

O WhatsApp — ao contrário de outros aplicativos da Meta — também segue as diretrizes visuais do iOS e usa fortemente elementos da SwiftUI para desenhar a sua interface. Ao contrário do iMessage, no entanto, ele está dividido em abas — o que facilita bastante o manuseio do app no dia a dia.

No momento em que essa matéria foi redigida, o WhatsApp conta com guias para Status, Chamadas, Comunidades, Conversas e Configurações — a penúltima, claro, a mais importante e que pode ser comparada à página principal do iMessage.

Na guia Conversas, temos um botão para edição (que possibilita selecionar mensagens), um para a câmera e outro para composição na parte superior. Há uma barra de pesquisa (que inclui filtros) e, logo abaixo dela, botões de texto para acessar as Listas de Transmissão e para criar um novo grupo. Há, ainda, um botão que permite acessar os chats arquivados e, logo abaixo dos chats, a barra de abas.

Quanto entramos num chat em si, nos deparamos com uma barra superior contendo a foto e o nome do usuário, além de botões para fazer ligações via áudio ou vídeo. Os balões de chats são nas cores branca (ou cinza, no modo escuro) e verde para mensagens recebidas e enviadas, respectivamente. Logo abaixo, no campo de digitação, há um botão para mídias, um para composição, um para figurinhas/GIFs, um para pagamentos, outro para a câmera e outro para mensagens de áudio.

De modo geral, considero uma organização dividida em abas sempre favorável, embora eu considere a guia de conversas do WhatsApp um tanto quanto poluída e com elementos desnecessários — como o botão “Novo grupo”, que já se encontra dentro do botão de composição.

Por outro lado, é um acerto do aplicativo dividir certinho cada coisa em “seu quadrado”, como os Status em uma aba separada — ao contrário do que acontece no Instagram, por exemplo. É ideal para quem não quer usar o recurso e simplesmente esquecer que ele existe.

Filtros para chats de grupos ou para apenas chats individuais seriam muito bem-vindos — e tudo indica que eles chegarão em breve.

Telegram

Com a mais personalizável entre as três interfaces, o Telegram também está dividido por abas — inclusive, podendo conter abas dentro de abas, como veremos no próximo tópico.

De modo geral, a interface do Telegram pode ser facilmente comparada à do WhatsApp e também segue as diretrizes visuais do iOS, com muitos elementos da SwiftUI. Ela é ainda mais atualizada que a do WhatsApp, o que pode ser confirmado pela presença dos cantos arredondados em cada seção nas configurações — algo que o WhatsApp liberou e está chegando aos poucos para usuários, somente agora.

A primeira das quatro abas principais — essas, imutáveis — mostra todos os contatos salvos na agenda do usuário e no próprio Telegram, enquanto a terceira é dedicada às configurações.

Como nos outros apps, falemos um pouco especificamente da aba dedicada aos chats, que é a segunda. Ela conta com um botão “Editar” para seleções, um botão para composição e, logo abaixo, com a lista de conversas.

Dentro de cada chat, também há uma grande semelhança com o WhatsApp: uma barra de título com o nome e a foto do usuário e as conversas dispostas em balões — aqui, sem uma cor fixa definida. Na parte inferior, a barra de digitação com atalhos para anexar algum arquivo, uma figurinha ou uma mensagem de áudio/vídeo.

Nesse quesito, há pouca diferença principalmente entre o Telegram e o WhatsApp, mas considero a interface do primeiro mais agradável, especialmente pelo fato de não se repetir tanto quanto a do mensageiro rival.

Por outro lado, enquanto não se repete em algumas coisas, percebo que outras bastante banais faltam, como um atalho para chamadas na barra de título de cada chat, por exemplo — hoje, é preciso entrar na página de cada perfil para fazer uma ligação.

Porém, a personalização — sobre a qual falaremos no tópico a seguir — é um forte ponto a favor do app, visto que permite deixar o software com a sua cara, com todas as cores e gostos que você possa imaginar.

Personalização

Alguns odeiam, mas tantos outros amam a possibilidade de personalizar seus aplicativos — algo que, para nós (brasileiros) remete bastante ao finado Orkut. No caso dos mensageiros, essa moda não pegou tanto, pelo menos quando falamos de interface. Nem o iMessage e nem o WhatsApp contam com fortes recursos de personalização.

Nesse quesito, o Telegram sai ganhando. O mensageiro permite fazer alterações tanto no tema (que é algo mais superficial, inútil para algumas pessoas) quanto na tela de chats, a qual pode ser seccionada em abas (ou, em Telegrês, pastas de chats), que por sua vez agrupam diferentes tipos de chats. Você pode, por exemplo, definir uma delas para exibir apenas seus chats pessoais e outras apenas para canais ou grupos, por exemplo.

Você também pode personalizar a forma como alguns elementos são dispostos a você, como fixar determinados chats — uma das poucas personalizações disponíveis também no iMessage (e também no WhatsApp) — ou até mesmo optar por “esconder” a gaveta de chats arquivados, que está disponível em apps como o WhatsApp, mas que por lá aparece religiosamente na página inicial dos usuários (no topo).

Pagamentos

Os três mensageiros possibilitam realizar pagamentos em seus respectivos aplicativos. Vamos saber um pouco mais sobre eles?

iMessage

Com a vantagem de ser um sistema da própria Apple, o iMessage goza da possibilidade de se integrar ao Apple Pay através do Apple Cash, uma espécie de “cartão” virtual que permite receber e solicitar dinheiro de maneira rápida e fácil tanto no app Mensagens quanto no app Carteira (Wallet).

O funcionamento é bastante simples e permite que usuários acumulem o dinheiro recebido no cartão do Apple Cash, na Carteira, não sendo necessário instalar apps adicionais e possibilitando usar os cartões cadastrados no Apple Pay para realizar os pagamentos.

Infelizmente, no entanto, o Apple Cash não está disponível no Brasil — e não há nenhuma previsão de que chegará algum dia, visto que a Apple costuma limitar alguns dos seus serviços financeiros (como o Apple Card).

WhatsApp

O aplicativo da Meta também conta com um serviço de pagamentos oficial, sendo integrado ao Meta Pay. Ele permite enviar dinheiro para familiares e amigos sem taxa, bastando apenas tocar em um botão e configurar um valor para que a transação seja efetivada.

Por permitir enviar dinheiro rapidamente sem a necessidade de abrir o aplicativo de um banco, o WhatsApp acaba sendo mais prático do que o tão popular Pix — principalmente para transações mais “informais” —, mas acabou não ganhando protagonismo por aqui devido à demora para ser “autorizado” pelo Banco Central e à disseminação do Pix.

Um bom detalhe é que o recurso de pagamentos do WhatsApp também estão disponíveis em uma grande variedade de bancos e bandeiras, como Nubank (Mastercard), Banco do Brasil (Visa), Banco Inter (Mastercard), Banco Original (Mastercard), Bradesco (Visa), Caixa (Visa), Itaú (Mastercard e Visa), Mercado Pago (Visa), Next (Visa) e Santander (Mastercard e Visa).

Recentemente, o mensageiro também ganhou a possibilidade não apenas de transferir dinheiro entre usuários como também de comprar produtos de empresas/contas comerciais usando cartão de crédito.

Telegram

Embora não conte com um sistema tão universal e integrado como os outros dois mensageiros, o Telegram também possibilita realizar pagamentos através da API3Application programming interface, ou interface de programação de aplicações. Payments, que está em sua versão 2.0 e possibilita que usuários façam transações através de um bot de pagamentos.

Com a atual versão desse sistema de pagamentos tendo sido lançada em abril de 2021, ele permite realizar pagamentos em qualquer bate-papo, bastando fazer a chamada para o bot @ShopBot para realizar a transação — o que funciona tanto no celular quanto no desktop.

O lado negativo é que, ao contrário do WhatsApp, o Telegram não conta com grandes parceiros de pagamento nacionais, funcionando apenas com sistemas não tão conhecidos por parte dos usuários. Mas é possível realizar pagamentos usando um cartão de crédito ou até mesmo o Apple Pay — o que é uma vantagem em relação ao WhatsApp.

Se você tiver uma loja e quiser oferecer pagamentos em troca de determinado serviço, também será mais difícil, visto que você deverá criar um bot usando a API do Telegram para realizar tal tarefa — o que não é nada intuitivo em comparação ao sistema de pagamentos da Meta.

De qualquer forma, o Pix está aí e ambos os mensageiros permitem enviar o bom e velho comprovante das transações para os coleguinhas. 🤣

Mensagens de áudio

Mensagens de áudio são imprescindíveis em mensageiros atualmente — pelo menos no Brasil. Embora sejam rejeitadas por muitas pessoas, elas acabam sendo um forte elemento de acessibilidade num país que ainda conta com altos índices de analfabetismo — se não fossem eles, a comunicação com a minha mãe, por exemplo, seria inviável.

Mas como é que as redes sociais do nosso comparativo tratam esse recurso?

iMessage

Talvez pela cultura dos americanos de preferir estritamente mensagens de texto (ou de ligar diretamente por voz), o iMessage parece não dar atenção nem um pouco especial a esse recurso. Começando pelo fato de que, por padrão, as mensagens de áudio são programadas para desaparecer após dois minutos — o usuário que quiser mantê-las deve alterar esta opção nos ajustes do serviço.

E não ache que conseguirá enviar uma mensagem de áudio tocando no microfone ao lado da caixa de mensagens, já que ele simplesmente ativará o Ditado para que a mensagem seja enviada no formato de texto. Para enviar uma mensagem de áudio, é necessário selecionar o ícone referente a elas na barra inferior do app.

E a interface para enviá-las também não é nada amigável e simplificada, como nos outros apps, dando a impressão de que elas não são “bem-vindas” no iMessage, estão lá apenas como uma opção disponível para quando não há a mínima possibilidade de enviar um texto. É como se o app dissesse: “Não estou aqui para ser usado.”

Com o iOS 17, teremos algumas novidades bem-vindas, como o recurso para transcrição de mensagens de áudio e uma mudança na disposição do atalho para enviá-las.

WhatsApp

O que seria do WhatsApp sem as mensagens de áudio? Provavelmente um dos recursos mais utilizados pelos brasileiros no app, elas recebem grande atenção por parte da Meta. E a empresa faz questão de não esconder o recurso, sendo possível enviar uma mensagem simplesmente segurando o microfone exposto em uma conversa. O usuário pode soltá-lo para enviar a mensagem diretamente ou arrastá-lo para cima — o que tranca um “cadeado” e permite fazer a gravação sem ser necessário segurar o dedo em cima do botão.

Mensagens de áudio do WhatsApp contam, inclusive, com indicadores de privacidade — a cor azul indica que a pessoa já ouviu e a cor verde que ele ainda não ouviu o áudio. Cada mensagem de áudio acompanha a foto do usuário que a enviou — o que é extremamente útil em grupos — e um controle de reprodução, que pode ser bastante útil para quem não tem paciência para ouvir os intermináveis áudios de 5 minutos enviados no grupo da família.

Um recurso que também está chegando ao WhatsApp é a transcrição de mensagens. Com elas, acabarão as desculpas de quem ignora uma determinada mensagem apenas por se tratar de um áudio, visto que não será preciso sequer tocar no botão de reprodução para saber o conteúdo da mensagem.

Telegram

A abordagem do Telegram para mensagens de áudio é bastante semelhante à do WhatsApp — inclusive, a interface para envio de áudios é aparentemente bastante inspirada na do app da Meta, que posteriormente acabou “roubando” incrementos do Telegram, como o controle de velocidade e o “cadeado”.

Mas no Telegram elas contam com algumas peculiaridades, como um controle de reprodução mais aprimorado na parte superior do chat e a reprodução contínua de todas as mensagens de áudio numa conversa — não importando se elas estejam ou não consecutivas.

Sobre transcrição de mensagens, o app até conta com um recurso do gênero, mas ele é limitado a usuários do Telegram Premium. Resta saber se o app continuará restringindo o recurso enquanto os dois outros softwares vão liberá-lo de forma gratuita.

Ferramentas de transmissão de mensagens

Embora o objetivo principal de um mensageiro seja a troca bilateral de mensagens (ou multilateral, no caso dos grupos), ferramentas de transmissão para um grande número de pessoas ao mesmo tempo se tornaram bastante populares, com recursos como as Listas de Transmissão do WhatsApp e os Canais do Telegram — que também estão chegando ao app da Meta.

iMessage

Infelizmente, o iMessage não conta com nenhum recurso de transmissão de mensagens em massa para um grande número de contatos. As únicas formas de fazer algo semelhante são criando um grupo (que possui limite de quantidade de usuários bem decepcionante, como veremos a seguir) ou enviando a mesma mensagem para todos os contatos manualmente. Convenhamos, não é nada prático.

WhatsApp

O aplicativo da Meta tem, desde os primórdios, o recurso Listas de Transmissão. Elas nada mais são do que listas de contatos salvas para as quais o usuário pode enviar mensagens mais de uma vez, sem precisar selecionar os mesmos contatos todas as vezes individualmente.

Cada lista de transmissão pode contar com até 256 contatos e não há um limite para quantas listas cada usuário pode criar. Esse recurso, no entanto, é apenas um “facilitador” para o envio de mensagens a tais listas, visto que o conteúdo enviado é entregue aos receptores como mensagens individuais, bem como as respostas dadas pelos usuários.

Como se trata de uma ferramenta de distribuição de mensagens em massa, a Meta implementou algumas limitações para impedir a circulação de desinformação. Apenas pessoas que contam com o número de telefone da pessoa que distribuiu a mensagem salvo no celular é que a recebem.

As listas de transmissão já eram interessantes, mas o WhatsApp também está ganhando os Canais, recurso que foi popularizado pelo Telegram (como veremos abaixo) e permite que um certo número de usuários se inscreva voluntariamente em um canal único para receber mensagens sobre um tema específico (ou não).

Com os Canais do WhatsApp, usuários poderão compartilhar textos, imagens, vídeos, stickers e enquetes. Um dos lados positivos que os diferenciam de grupos é que ninguém verá quem faz parte de um canal (nem mesmo os administradores) — o que tornará o recurso bastante privado.

O grande lado negativo é que o histórico dos Canais do WhatsApp não será permanente. Como o app funciona (como já mencionamos) no dispositivo, as mensagens enviadas por esses canais permanecerão nos servidores do WhatsApp por apenas 30 dias, de modo que um novo usuário só conseguirá ter acesso às mensagens do último mês.

Telegram

Assim como o WhatsApp, o Telegram também conta com canais como forma prioritária de transmissão de mensagens para um grande número de usuários. E eles funcionam de forma bem mais ampla do que no app da Meta.

Comecemos com o detalhe de que não há limites de armazenamento e histórico. Quem entra em um canal do Telegram tem acesso a todas as mensagens compartilhadas desde a sua criação — o que faz com que muita gente use o recurso como uma espécie de “acervo”, até mesmo de arquivos não obtidos por meios oficiais.

Os canais do Telegram podem ter uma quantidade ilimitada de inscritos e são usados por organizações midiáticas e figuras públicas para manter contato com leitores, eleitores e fãs. O MM, inclusive, mantém três canais no aplicativo.

Embora apenas administradores de um canal consigam publicar conteúdos, os canais do Telegram também são interativos, já que há a possibilidade de ativar comentários dentro de cada conteúdo postado. Esses espaços permitem ao proprietário receber feedbacks dos assinantes.

Outro ponto interessante é que os canais do Telegram podem contar com bloqueio para impedir o compartilhamento de conteúdos protegidos por direitos autorais — o que impede a captura da tela, bem como o encaminhamento dos conteúdos compartilhados.

Adesivos

Os famosos adesivos (ou stickers) já fazem parte dos mensageiros há muito tempo e são uma ferramenta para lá de popular, seja qual for a plataforma que você usa para conversar. Obviamente, iMessage, Telegram e WhatsApp também contam com suporte a stickers, cada um deles à sua maneira!

iMessage

Os stickers estão no iMessage há muito tempo — eles chegaram com a App Store interna do app Mensagens, lançada no iOS 10. Eles podem ser adquiridos em forma de pacotes nessa lojinha exclusiva ou até mesmo via apps que usam a API da Apple para a criação de stickers personalizados.

Agora, a Apple resolveu (finalmente) dar uma atenção maior a essa parte tão popular nos mensageiros e deixará nas mãos dos usuários a possibilidade de criar figurinhas com um simples arrastar e soltar no iOS 17.

Outro ponto importante a ser ressaltado é sobre os Memojis, que também podem ser enviados como se fossem figurinhas.

WhatsApp

Último dos apps do nosso comparativo a adicionar o recurso, o WhatsApp popularizou no Brasil o envio de figurinhas personalizadas — aquelas que são feitas usando fotos ou GIFs de imagens ou vídeos populares, ou até mesmo dos próprios usuários, em tom de brincadeira.

Desde que implementou as figurinhas, o app da Meta vem fazendo de tudo para democratizar a criação delas, disponibilizando uma API e modelos de código para a criação de apps especialmente com esse objetivo.

Usuários podem adicionar novas figurinhas tanto baixando um desses apps quanto usando recursos do próprio WhatsApp (como o app para desktop) ou até mesmo usando o mesmo recurso do iOS que o iMessage aproveitará no iOS 17. Basta arrastar o sujeito de uma imagem para a tela de um chat para criar uma figurinha automaticamente.

O lado negativo, no entanto, é que as figurinhas do WhatsApp podem ser um tanto quanto “bagunçadas” na gaveta destinada a elas, já que ao salvar uma figurinha enviada ela vai parar no pacote “Favoritas” e não há um gerenciamento prático de “pacotes” ou “pastas” diretamente no app.

Outra possibilidade legal é a de enviar o seu avatar da Meta como uma figurinha. O recurso vale ser mencionado, já que ele pode ser usado até mesmo para criar uma foto de perfil personalizada, tal e qual acontece com os Memojis no ecossistema da Apple.

E falando neles, na bandeja de emojis do WhatsApp, também há um destaque em especial para usuários do iPhone: a possibilidade de enviar os avatares da Maçã como figurinhas.

Telegram

Podemos dizer que o Telegram foi um dos primeiros grandes softwares de mensagens a trabalhar com o conceito de figurinhas. E se tem uma coisa que ele faz muito bem é gerenciá-las.

Ao adicionar determinado sticker, o usuário a salva como um pacote — o que permite adicionar com facilidade dezenas de figurinhas de uma vez sem precisar de qualquer app de terceiros para isso.

Isso é interessante por um lado, já que permite uma maior praticidade na hora de salvar os stickers; por outro, seria muito bem-vinda uma opção para “salvar individualmente” determinada figurinha e, quem sabe, até adicioná-la a algum álbum em específico (como o Favoritas, do WhatsApp).

Outro detalhe legal é que cada sticker do Telegram está atrelado a um emoji, então você pode facilmente encontrar uma figurinha que envolva um coração ou remeta a “amor” ao digitar o emoji correspondente na barra de texto.

Para criar uma figurinha do Telegram, a maneira mais prática e conhecida é usando o bot Stickers, que lhe auxiliará durante todo o processo de criação. Embora seja bastante intuitivo, pode não ser a maneira mais adequada para usuários “comuns”.

Grupos

Grupos e comunidades são conceitos bastante interessantes no mundo digital, pois permitem a interação não apenas de dois, mas de vários interlocutores ao mesmo tempo — simulando a interação entre vários indivíduos, algo que faz parte da humanidade desde sempre.

Vamos ver como é o comportamento dos nossos aplicativos com conversas envolvendo três ou mais pessoas?

iMessage

No serviço da Apple não há uma opção explicita para criar um novo grupo, de modo que eles são formados automaticamente a partir do momento que o usuário adiciona dois ou mais contatos à lista de destinatários ao compor uma mensagem.

É interessante destacar que, para que um grupo do iMessage seja criado, é necessário que todos os números adicionados tenham o serviço ativado — caso contrário, será criado automaticamente um grupo de SMS/MMS, o qual terá balões de mensagens na cor verde.

Se o grupo que você criou contar com balões azuis, ele é oficialmente um grupo do iMessage e, portanto, gastará a sua internet (que também pode ser móvel, é claro), e não a sua franquia para SMS/MMS.

Cada grupo no iMessage pode contar com até 32 participantes. Todas as mensagens enviadas são protegidas por criptografia de ponta a ponta e permitem realizar ações semelhantes às funcionalidades padrão do app.

Os grupos do iMessage suportam mensagens com fotos, vídeos e áudio; todos os integrantes conseguem acessar as mensagens enviadas pelos demais — não apenas o criador, como em grupos SMS/MMS.

Há também suporte a recursos como efeitos, animações, compartilhamento de localização com os demais participantes e a possibilidade de colaborar em projetos compartilhados.

Com suporte à edição do nome e da foto do grupo, o iMessage ainda permite mencionar, adicionar ou remover pessoas — bem como gerenciar a forma como as notificações pelo app são recebidas em grupos.

WhatsApp

No WhatsApp, os grupos são uma “política de Estado”. Já ao usar o botão de composição, o usuário vê com todas as letras a opção de criar um novo grupo — na sequência, é possível selecionar os participantes, definir um nome e uma foto e finalmente criá-lo.

Assim como no iMessage, somente usuários do WhatsApp aparecem na lista para escolha. No app da Meta, no entanto, a lista de participantes é bem maior: além do criador, podem ser adicionadas mais 1.023 pessoas — uma evolução grande do software em relação ao limite baixo que ele oferecia há bem pouco tempo.

Em grupos, os usuários também podem fazer uso de praticamente todas as opções já disponíveis em chats tradicionais — incluindo o envio dos mais variados tipos de arquivos e a realização de chamadas de vídeo ou de áudio com seus integrantes.

No WhatsApp, os grupos também podem contar com uma descrição e os administradores podem editar algumas permissões — como se os demais participantes podem editar configurações (nome, imagem, descrição, duração de mensagens temporárias, etc.), enviar mensagens ou adicionar participantes.

Também é possível criar um link para facilitar a entrada de novos integrantes e os admins ainda podem ativar uma opção para que eles tenham que autorizar quando alguém solicitar a entrada/for adicionado. Eles podem, inclusive, nomear outros participantes como administradores.

Telegram

No Telegram, os grupos contam com funcionamento semelhante ao do WhatsApp, com a diferença de que nele o limite para pessoas é ainda maior que no da Meta, suportando nada menos que até 200 mil integrantes.

É um número bastante considerável e, mesmo que seja improvável que algum grupo venha a atingir esse limite — caso venha, nem imagino o quão conturbado deve ser o ambiente —, sempre gosto de dizer que limite maior raramente é algo a se rejeitar.

Assim como nos dois outros apps, o Telegram permite fazer praticamente de tudo em seus grupos — até mesmo adicionar um bot para jogar com amigos ou para realizar determinadas ações programadas é possível.

Nas configurações, há um festival de opções, como as de restringir o salvamento de conteúdos ou até mesmo escolher se é um grupo privado (assim, somente integrantes podem ver as mensagens) ou público (permitem que pessoas que ainda não entraram acessem o conteúdo neles presente).

Administradores também podem definir se o histórico do grupo é acessível a novos participantes, se será possível enviar reações ou se os usuários terão acesso à lista de demais participantes. No Telegram, administradores também podem adicionar outros admins e dar a eles rótulos e permissões personalizadas.

Outra possibilidade bastante interessante envolvendo grupos é a de dividi-lo em tópicos — o que permite “fatiá-lo” em temas diversos visando manter uma maior organização. O grupo iPhone Brasil, por exemplo, adota essa divisão há muito tempo.

Outra funcionalidade, sobre a qual já comentamos na seção sobre chamadas, é a de realizar uma reunião de áudio ao maior estilo Clubhouse. Usuários de grupos como o do Canal Espiadinha — famoso por compartilhar atualizações sobre o Big Brother Brasil enquanto o programa é exibido —, por exemplo, já usaram bastante a funcionalidade.

Imagens

Como nem só de texto vivem os mensageiros, falaremos agora de alguns outros tipos de mensagens bastante enviadas pelos usuários, começando com imagens. Seja para mostrar o que está fazendo no momento ou passar as fotos daquele passeio no grupo dos amigos — afinal, nem todo mundo tem iPhone pra usar o AirDrop.

Imagem original convertida para PNG
Imagem original convertida para PNG.

Nessa seção, enviei a mesma imagem (acima) nos três aplicativos em diferentes contextos para ver o nível de compressão aplicado durante o envio. A imagem original (em HEIC) — tirada na belíssima Fortaleza (CE), diga-se — tem 1,5MB e possui uma resolução de 3024px de largura por 4032px de altura.

Como o WordPress não aceita arquivos HEIC, fiz o upload da imagem convertida para PNG apenas para dar a vocês uma dimensão do arquivo original.

iMessage

Para enviar uma imagem no iMessage, é muito simples: basta tocar no logo do app Fotos presente na barra inferior (ele mudará no iOS 17) para escolher até 20 imagens de uma vez e enviá-las usando o app.

É uma interface bastante amigável para os usuários do iOS, embora no macOS falte uma maior integração com o sistema nativo — não é possível buscar por imagens no Finder (e nem salvar uma recebida diretamente no sistema de arquivos). O sistema funciona exclusivamente com base na Fototeca do usuário.

Você também pode tocar no ícone de câmera para tirar uma foto diretamente pelo aplicativo. Uma vantagem do iMessage, nesse sentido, é que a câmera usa a mesma interface do aplicativo homônimo do iOS, o que certamente evitará qualquer perda ou troca de paradigma ao fazê-lo diretamente por ele.

Antes de enviar uma imagem, você pode tocar nela para aplicar edições e filtros, ou até mesmo usar o recurso de Marcação — semelhante ao existente quando editamos uma captura de tela se usarmos uma imagem da galeria e com uma interface própria se usarmos a câmera embutida. Não há como digitar textos sobre a imagem ou algo semelhante.

Por padrão, as imagens são enviadas com qualidade máxima, mas nos ajustes do app Mensagens (no iOS) é possível marcar a opção para enviar as imagens com qualidade reduzida — o que é ideal para quem quer poupar espaço (seja no iCloud, seja no próprio aparelho) ou dados.

Enviando a imagem acima na modalidade tradicional (sem redução da qualidade) ao salvá-la novamente na Fototeca ela manteve a proporção da original, mas não significa que um pequeno nível de compressão não tenha sido adicionado, visto que o tamanho caiu para 1,4MB quando ela foi salva de volta na Fototeca pelo Mac.

Aparentemente, a qualidade parece inalterada, mas é algo curioso, visto que ao salvar o arquivo pelo Mensagens do iPhone (seja no Fotos, seja no app Arquivos), o tamanho de 1,5MB foi mantido. Nos dois casos, os metadados e a localização foram mantidos tal e qual os da foto original.

Quando enviada com a opção de reduzir a qualidade da imagem ativada, a foto diminuiu drasticamente a resolução (para 768×1024) e o tamanho do arquivo (que passou a ser de apenas 75KB). A imagem manteve a maioria dos metadados, embora tenha alterado o campo referente aos megapixels para 0MP.

WhatsApp

No WhatsApp, enviar uma imagem também é um processo bastante simples. Em um chat, basta tocar no “+” para escolher tirar uma foto diretamente pelo app com a câmera ou escolher uma já armazenada no aparelho.

Usar a câmera embutida, embora seja algo à primeira vista prático, é também algo para lá de limitado. Além do botão para capturar a foto em si, sua interface conta apenas com um para o flash e outro para alternar entre a câmera frontal e a traseira — além de miniaturas das fotos já presentes no rolo da câmera para facilitar a inclusão de uma imagem.

Até agora, o WhatsApp não conta com uma opção para escolher a qualidade da imagem. Infelizmente, as imagens enviadas pelo software contam com um alto nível de compressão, de modo que elas ficam quase inutilizáveis se a sua intenção é usá-las para algo mais sério.

Foto enviada via WhatsApp
Foto enviada pelo WhatsApp (nível de compressão semelhante ao do iMessage com a opção de redução da qualidade)

Com a imagem usada no comparativo, ela ficou com o mesmo nível de compressão que a foto enviada pelo iMessage com a opção para reduzir o tamanho do arquivo ativada: apenas 74KB (um KB a menos que no app da Maçã) com uma resolução de 768×1024 pixels. A imagem perdeu completamente seus metadados (como data, horário, localização e dados da câmera) — o que só reforça a sua inutilidade.

O ponto positivo é que o WhatsApp conta com uns recursos interessantes de “edição” antes do envio de uma imagem, permitindo adicionar filtros, texto e também recursos de marcação — literalmente, riscar a foto (para destacar um objeto, por exemplo).

Felizmente, em mais uma das mudanças que estão prestes a ser adotadas pelo app da Meta, passará a ser possível enviar imagens com uma qualidade minimamente aceitável — elas terão resolução no mínimo HD, embora não se saiba qual será o nível de compressão adotado pela Meta.

Não será algo como enviar a imagem na sua qualidade original, mas pelo menos provavelmente já dará para publicá-las no Instagram sem “passar vergonha”.

Telegram

O Telegram é, certamente, o mais interessante dos aplicativos nesse sentido. O app adota um sistema semelhante ao do iMessage, permitindo enviar mensagens tanto na qualidade original (como um arquivo mesmo) quanto na modalidade “normal”, com compressão.

A diferença é que o nível de compressão adotado pelo Telegram é inferior ao do iMessage e ao do WhatsApp. Digamos que a imagem fica numa qualidade até aceitável quando enviada pelo chat. A foto do nosso comparativo, por exemplo, foi enviada com 102KB e resolução de 960×1280 pixels.

Foto comprimida pelo Telegram
Foto com compressão padrão do Telegram

Enviando a imagem como um arquivo, curiosamente ela ganhou uma compressão mínima (semelhante à do iMessage quando baixada pelo Mac), ficando com 1,4MB, embora mantendo a resolução original.

Quando a imagem é enviada da maneira tradicional (sem ser como arquivo), é possível contar com ferramentas de marcação (desenho, sticker ou texto) e também com recursos poderosos de edição — os mais poderosos entre os três apps.

Nessa parte, é possível ajustar coisas como brilho, contraste e saturação manualmente, bem como detalhes como sombras, luzes, inclinação/desvio e até mesmo as cores da foto.

A única coisa que ele fica devendo em relação aos outros dois apps é a impossibilidade de aplicar filtros predefinidos, ficando a cargo do usuário a capacidade de aplicar edições manuais nas fotos.

Vídeos

Assim como as imagens, os vídeos também são mídias bastante compartilhadas atualmente — seja através de ferramentas de compartilhamento de redes sociais como o TikTok, seja para espalhar aquele vídeo que você gravou naquele show inesquecível. Spoiler: em um dos apps, é praticamente impossível o fazer em sua integridade.

Assim como fiz na seção para imagens, também testei o envio de um vídeo específico nos três apps. O vídeo em questão, gravado na belíssima Canoa Quebrada, é bem curto, tem apenas 11,5MB originalmente — escolhi um pequeno para poder subir aqui no WordPress — e está na resolução 1920×1440 pixels.

Vídeo original

Vamos ver como ele se comportou após ser enviado nos aplicativos de mensagem?

iMessage

No caso dos vídeos, não há possibilidade de enviá-los com compressão, apenas o arquivo original. Isso pode ser ruim caso você queira fazer um envio mais rápido, mas é bem melhor do que seria se a limitação fosse a de só poder enviá-lo comprimido.

O app Mensagens também disponibiliza as mesmas opções de edição presentes nas imagens (que são as mesmas presentes no app Fotos), bem como a opção para cortar o vídeo antes de enviá-lo — o que é uma mão na roda caso você queira selecionar apenas um trecho específico.

O lado negativo é que há um limite de 100MB para o arquivo de vídeo que será enviado, caso o usuário opte por enviá-lo diretamente da interface do iMessage. Portanto, caso você queira enviar um vídeo cujo tamanho do arquivo seja maior, você terá que picotá-lo ou diminuir a sua qualidade usando ferramentas de terceiros.

Quando você envia um arquivo que foge desse limite, ele lhe dá uma opção para editar o vídeo e dividi-lo em “pedaços” — o que não é nada prático. Ao tentar enviar um vídeo de 20 minutos e 1,59GB, por exemplo, o app sugeriu dividi-lo em mais de 4 partes.

Mas isso não chega a ser um grande problema, visto que quem já usa o iMessage e está imerso no ecossistema da Maçã tem a opção de usar o compartilhamento do Fotos do iCloud.

Ou seja, ao compartilhar um vídeo muito grande a partir do app Fotos, a Apple cria uma espécie de link da mídia do iCloud e o envia em sua qualidade máxima para o receptor. Esse link dura um mês, então quem recebê-lo tem todo esse período para, se quiser, baixá-lo em seu dispositivo.

WhatsApp

O app da Meta, quando falamos em vídeos, segue na mesma linha da sua limitação envolvendo fotos. O app só faz envio de arquivos extremamente comprimidos — embora também esteja testando uma opção para enviá-los com, pelo menos, qualidade HD.

O vídeo acima, que teoricamente não precisaria de compressão por já ser bastante curto (e pequeno em termos de tamanho), foi enviado com resolução de 640x 480 pixels, com o tamanho do arquivo saltando de 11,5MB para apenas 1,4MB — quase 10 vezes menor que o original.

Vídeo enviado via WhatsApp

Além de reduzir em larga escala a resolução, o WhatsApp também possui um limite absurdo de 16MB para o tamanho do arquivo de vídeo — o que na maioria das vezes não permite enviar um vídeo com 2 minutos de duração.

O app da Meta conta com a mesma “gambiarra” do iMessage para solicitar ao usuário que corte o vídeo caso o limite seja ultrapassado — com a diferença de que possui um limite bem inferior para tamanho —, mas não pode se dar ao luxo de contar com a integração de recursos nativos de compartilhamento de mídia como o serviço da Apple.

Telegram

Mantendo o melhor estilo Telegram, o aplicativo de Pavel Durov é o mais versátil nas possibilidades oferecidas para quem quer enviar um vídeo. Assim como nas fotos, o app permite enviá-los tanto com compressão (padrão) quanto como o próprio arquivo no seu tamanho original.

Mas o envio de um arquivo com compressão ainda conta com um plus: é possível escolher a qualidade do arquivo que será gerado e, consequentemente, enviado pela plataforma. E não se engane: as opções são muitas — a depender da qualidade original do vídeo que você pretende enviar.

O mesmo vídeo enviado nas outras plataformas pôde ser enviado no Telegram com 5 níveis de compressão diferentes, os quais resultaram em diferentes tamanhos de arquivos: 240p (gerou um arquivo de 471KB), 360p (791KB), 480p (1,8MB), 720p (3,2MB) e 1080p (7,1MB).

Essa versatilidade é ideal especialmente para quem quer enviar ou compartilhar um arquivo menor, mas ao mesmo tempo manter uma qualidade aceitável — que vai desde a HD até a resoluções precárias e totalmente dispensáveis atualmente. De qualquer forma, uma coisa que aprendi na Engenharia de Software é que mais opções para o usuário nunca é uma má ideia.

Vídeo enviado com resolução de 720p no Telegram

Ao enviar o vídeo como um arquivo, o Telegram também reduz o seu tamanho (como acontece com as fotos). O vídeo é salvo como MOV (em vez da extensão original HVEC). Isso também acontece no compartilhamento via iMessage, o que indica que se trata de uma conversão feita pela própria Apple para fins de compatibilidade no compartilhamento de vídeos.

Outro ponto importantíssimo que coloca o Telegram muito à frente dos outros apps é a limitação de tamanho do arquivo — e isso vale não somente para vídeos como para praticamente qualquer outro tipo de coisa que você queira enviar pelo app. Ele é de nada menos que 2GB no plano básico e de 4GB para usuários do Telegram Premium.

Isso significa que raramente você precisará picotar um vídeo antes de enviá-lo pelo Telegram. Muitos canais, inclusive, disponibilizam vídeos inteiros pela plataforma. Alguns usam o app até como um “drive gratuito” e sem limite total de armazenamento — inclusive, vejam só, para pirataria.

Outros arquivos (limites, etc.)

Os três aplicativos do nosso comparativo suportam o compartilhamento de outros tipos de arquivos para além de mídias — seja aquela apresentação do PowerPoint ou um arquivo PDF importante.

Há alguns limites a se considerar, nesses casos. No do iMessage, aparentemente só é possível enviar arquivos diversos com até 100MB — com a possibilidade, é claro, de se criar um link direto para o arquivo caso ele esteja armazenado no iCloud.

O WhatsApp, surpreendentemente, conta com um bom limite de tamanho para os arquivos enviados. Se no passado ele era de apenas 100MB, tal e qual o serviço da Maçã, desde o ano passado o limite foi expandido para 2GB.

Da mesma forma, o Telegram conta com o mesmo limite de 2GB (como supracitado), o qual pode ser estendido para 4GB caso você seja um assinante Premium. Nesse ponto, temos apenas um perdedor: o serviço da Maçã.

Chamadas de áudio e vídeo

Embora o texto tenha dominado a comunicação na última década e tomado de vez o lugar que os telefonemas ocuparam por anos, ligações de áudio e vídeo ainda são amplamente utilizadas e suportadas pelos três mensageiros.

iMessage

Mesmo que não seja um recurso do iMessage em si, e sim um app à parte, o serviço da Apple foi o primeiro a de certa forma contar com a possibilidade de fazer chamadas de áudio e de vídeo — através do FaceTime.

Fiquei na dúvida se colocaria ou não o iMessage nesse bolo, mas optei por sim, afinal, os dois serviços estão intimamente ligados — a ponto de cada chat no Mensagens contar com um botão para fazer chamadas usando o outro aplicativo.

Eu diria que o FaceTime está para o iMessage como o Messenger está para o Facebook — ninguém achava que o Facebook não tinha um serviço de troca de mensagens quando era praticamente impossível usá-lo sem um app à parte nos smartphones.

De qualquer forma, reconhecendo a limitação e a certa “independência” entre os dois serviços, essa seção se limitará a reconhecer sua existência: usuários do iMessage contam com um serviço de chamadas de áudio e vídeo, o FaceTime!

Outro ponto bastante importante que pode impactar na hora de escolher o app para fazer uma ligação é a qualidade de transmissão do vídeo. No FaceTime, são suportadas ligações com qualidade Full HD (1080p).

WhatsApp

Dentre nossos três aplicativos, o WhatsApp foi o segundo (se considerarmos o FaceTime) e o primeiro (se considerarmos apenas apps com o recurso integrado nativamente) a adotar funcionalidades de ligação de áudio e vídeo. O recurso pintou pela primeira vez no software em 2015 e os primeiros usuários só conseguiam acessá-lo via convite (alô, Bluesky…).

Eu arrisco dizer que a chegada das chamadas ao WhatsApp foi um verdadeiro marco para a história da telefonia brasileira. Embora outros aplicativos já contassem com a funcionalidade, agora ela estava no app de troca de mensagens “acolhido” pelos brasileiros — que poderiam se livrar (pelo menos em casa) das pesadas taxas cobradas pelas operadoras brasileiras por ligações convencionais.

Um ano depois, chegaram ao app as chamadas de vídeo. Dá para entender o porquê, apesar de não ser o app mais completo e estável do mundo, de o WhatsApp ter se tornado uma verdadeira “central” para brasileiros. Eles passaram a poder trocar mensagens e fazer ligações num só software, sem taxa adicional.

Falando sobre os recursos em si, eles começaram com ligações individuais e foram evoluindo com o tempo. Hoje, é possível fazer chamadas em grupo com até 32 participantes, o que dá ao recurso uma maior versatilidade e dispensa o uso de apps de terceiros em casos de reuniões mais informais ou daquele “encontro virtual” em família.

O WhatsApp não indica publicamente qual a qualidade das chamadas de vídeo — corrijam-me se eu estiver enganado —, mas, pelo menos pelo “olhômetro”, elas parecem aquém da oferecida pelo iMessage, por exemplo.

Telegram

O Telegram sempre foi um aplicativo muito completo, quando o assunto são mensagens tradicionais de texto. O aplicativo, por muito tempo, manteve a máxima de “nosso foco são as mensagens e todo o resto que vier é lucro”.

Por isso, o Telegram demorou bem mais que o WhatsApp a implementar ligações de áudio (aconteceu em 2017) e de vídeo (apenas em 2020) — o que pode ter sido um tanto quanto “broxante” para quem antes porventura tenha chegado a cogitar dar uma chance ao app no passado.

Porém, assim como no caso dos Stories, é preciso reconhecer que, quando o Telegram faz, ele faz bem feito.

O app tem um recurso muito interessante chamado Chats de Vídeo/Áudio em grupos, os quais permitem a participação de ouvintes ilimitados e permite que pelo menos 30 pessoas liguem suas câmeras ou, ainda, que compartilhem suas telas durante a chamada.

Esse último recurso, que também está em fase de testes no WhatsApp, funciona como um bom substituto para apps como Zoom, Google Meet e Discord, podendo até mesmo ser útil para o gerenciamento de turmas online.

O único grande problema aqui parece ser também a qualidade das chamadas, que é alvo de reclamações por parte de usuários desde a sua implementação.

Embora a quantidade de usuários ativos em uma ligação em grupo seja menor (por dois) que no WhatsApp, os participantes ilimitados e o recurso de compartilhamento da tela me fazem dar esse ponto ao Telegram — embora a qualidade das chamadas possa ser um fator decisivo que faça muitos usuários preferirem o FaceTime.

Armazenamento e backup

Armazenamento, eu diria, é um dos maiores pontos de diferença entre os três softwares. O Telegram e o iMessage estão à frente do WhatsApp nesse quesito — embora isso seja algo custoso para o Telegram na questão da segurança, sobre a qual falaremos à frente.

Vamos compreender como os três aplicativos armazenam seus dados?

iMessage

Serviço de mensagens oficial da Apple, o iMessage, por padrão, armazena todas as mensagens recebidas e enviadas no dispositivo do usuário. Isso permite que você tenha acesso rápido às mensagens de texto e a mídias (principalmente vídeos) sem a necessidade de esperar que elas sejam carregadas na nuvem.

Para quem tem muito espaço de armazenamento disponível e não surtaria caso chegasse a perder todas elas algum dia, pode ser uma ideia boa — embora as mensagens fiquem restritas ao aparelho que as enviou/recebeu.

Obviamente, salvar as mensagens localmente no dispositivo pode não ser a melhor opção para a maior parte das pessoas. Por isso, uma forma ideal de armazenar suas mensagens pode ser ativando o Mensagens do iCloud, que é uma forma de colocar as mensagens do iMessage na nuvem e aumentar a praticidade tanto em termos de backup quanto de armazenamento.

Quando o usuário ativa o Mensagens do iCloud, embora possa parecer que as mensagens continuam armazenadas no dispositivo, o “grosso”, no bom popular, é na verdade armazenado no serviço da nuvem da Apple, de modo que o que fica no aparelho é apenas algo superficial — que vai sendo moldado conforme o uso do aparelho e o espaço disponível.

É um funcionamento bastante semelhante ao que vemos no Fotos do iCloud com a opção “Otimizar Armazenamento” ativada. Você não pode escolher quais mensagens ou quando liberar espaço no seu aparelho, mas ele faz isso silenciosamente e de maneira automática, obedecendo os padrões e algoritmos estabelecidos pela Maçã por baixo dos panos.

À medida que você vai entrando em determinados chats e usando o aplicativo, essas mensagens em específico vão ficando disponíveis offline, ao mesmo tempo em que chats menos visualizados pelo usuário vão sendo armazenados na nuvem com o tempo, um gerenciamento inteligente e eficiente por parte da empresa.

WhatsApp

Com exceção de funções recentes como Canais, que guardam apenas conteúdo de dado período nos servidores da Meta, o armazenamento padrão do WhatsApp funciona exclusivamente no dispositivo do usuário. E isso pode ser um grande problema, principalmente para quem conta com dispositivos com menor capacidade de armazenamento.

Desde o lançamento do app, todas as mensagens dos usuários são armazenadas no smartphone (e não nos servidores da própria Meta), o que torna o software bastante semelhante ao iMessage nesse sentido. Mas a semelhança para por aí. Enquanto o serviço da Apple faz uma sincronização efetiva e armazenamento inteligente dos dados na nuvem, o WhatsApp faz uso de uma espécie de gambiarra para fazer backup das suas mensagens — o que é diferente.

Caso o usuário não queira correr o risco de perder todas as suas mensagens, ele pode ativar um backup delas no serviço de armazenamento na nuvem da fabricante do sistema operacional do seu smartphone (no caso dos iPhones, o iCloud), mas o funcionamento dessa modalidade de backup não poderia ser menos jurássico.

É que ele não funciona de maneira automática — o que obriga o usuário a rigorosamente fazer um backup diário para não correr o risco de ser surpreendido — e simplesmente sobe suas mensagens no serviço e as “guarda” por lá, para ocasiões nas quais você porventura queira recuperá-las. É algo que um usuário comum poderia fazer manualmente.

Além de ser algo nada prático, o backup se torna ainda mais questionável em casos nos quais os usuários contam com muitas mensagens e arquivos de vídeos e fotos, visto que o backup acaba ocupando espaço tanto na memória local do dispositivo quanto na nuvem.

Em muitos casos, o backup do WhatsApp (que está lá apenas para ser usado uma vez na vida numa troca de aparelho ou após reinstalar o app) é o responsável por fazer com que usuários assinem um dos planos do iCloud+, visto que é muito improvável que os 5GB gratuitos disponibilizados pela Maçã sejam suficientes para armazenar anos e anos de conversas.

Simplesmente, não há defesa para esse ponto fraco do WhatsApp. O app pode ter incorporado vários elementos do Telegram e ótimos recursos, mas enquanto funcionar baseado exclusivamente no aparelho dos usuários, considero que ele ficará para trás.

O pior é que não há nenhum indício de que a Meta planeje armazenar os dados do app em seus servidores. Infelizmente, isso nunca foi um impeditivo para que o app se consagrasse como o mensageiro mais usado por aqui.

Telegram

Ao contrário dos outros dois aplicativos, o Telegram armazena os dados das mensagens recebidas e enviadas na sua própria nuvem. À medida que vão sendo trocadas, elas vão ocupando espaço na memória local do dispositivo, até que o usuário opte por apagá-las de lá.

Não no sentido literal, pois apagar uma mensagem do Telegram é apagá-la da nuvem onde elas estão armazenadas — de modo que é impossível recuperá-las por vias convencionais. Mas o usuário pode simplesmente ativar uma opção para limpar o cache armazenado offline em seu dispositivo — o que libera armazenamento no aparelho e ao mesmo tempo mantém as mensagens a salvo.

Se eu comparei o gerenciamento de mensagens do iMessage com o Fotos do iCloud, eu posso com tranquilidade também comparar o do Telegram ao do Google Fotos — ignorando, claro, o absurdo que é comparar um serviço de mensagens com um de backup de imagens.

Isso deixa o usuário literalmente no controle. Embora o gerenciamento do iCloud seja bastante efetivo na maioria dos casos, ele pode simplesmente acabar “apagando” da memória local um arquivo ou uma foto importante que você queria ter offline. No Telegram, não. Você tem a escolha entre manter tudo no próprio dispositivo e, caso não queira mais, liberar o espaço.

Isso sem o medo de perder as suas mensagens, caso aconteça algo com seu aparelho, e com a praticidade de enviar uma mensagem instantaneamente no seu smartphone e ela ser sincronizada com rapidez ou em outro smartphone ou no computador.

Fazendo as ressalvas de segurança sobre as quais falaremos abaixo, é seguro afirmar que, levando em consideração apenas o modo de armazenamento, o Telegram é superior aos outros dois — embora o iMessage esteja muito próximo.

Multidispositivos

Diferente do que acontecia há 20 anos, quando praticamente tudo o que envolvia internet estava restrito a computadores, hoje podemos usar nossos softwares preferidos também em smartphones, tablets, televisões e até mesmo no nosso pulso.

Por isso, aplicativos que funcionam em mais de uma plataforma (na verdade, em várias) são bastante almejados por qualquer fã de tecnologia, visto que eles garantem continuidade e uma experiência a qual permite que determinado trabalho ou tarefa seja executada a depender do contexto.

iMessage

Assim como mencionei em outros comparativos que envolviam produtos da Apple, os softwares da empresa até funcionam em múltiplos dispositivos, mas desde que dentro do ecossistema da empresa.

Com o iMessage é diferente, já que você pode usar o serviço no iPhone, no iPad, no Mac, no Apple Watch e até mesmo no carro, mas ele não conta com aplicativos para os dois sistemas operacionais mais usados (em suas respectivas plataformas) do mundo: o Android e o Windows — embora, em PCs, ele possa ser usado graças a uma “gambiarra” desenvolvida pela Microsoft.

Caso você tenha ativado o recurso Mensagens do iCloud, por exemplo, você terá uma integração e uma sincronização de alto nível, com as mensagens trocadas por um aparelho sendo atualizadas e armazenadas no outro.

Embora essa seja uma estratégia conhecida da Apple para influenciar na compra de iPhones em países que “dependem” do iMessage (como os EUA), é completamente surreal não existir nem mesmo uma versão web que possibilite a troca de mensagens para além do cercado da Maçã.

De nada adianta um poderoso e eficiente sistema de backup se o usuário combina o uso do iPhone com o Windows, por exemplo — configuração bastante comum por aqui, diga-se. Acaba ficando algo pela “metade”, o que, no fim, beira a inutilidade.

WhatsApp

Enquanto seus concorrentes contam com recursos poderosos de sincronização na nuvem, o WhatsApp — como já bem citei na parte referente a armazenamento e backup — sofre por armazenar as mensagens no aparelho dos usuários.

Isso significa que, mesmo que o WhatsApp conte com backup em serviços de nuvem como iCloud e Google Drive, por não se dar de forma automática, ele não é utilizado pelo app para fins de sincronização de mensagens entre vários dispositivos.

Isso resulta em coisas como a impossibilidade de manter apenas o computador como dispositivo conectado ao WhatsApp — já que ele precisa de um dispositivo móvel como referência para a conta — e também de baixar todo o histórico de mensagens (só disponível por padrão no smartphone principal).

Os aplicativos do WhatsApp para outros dispositivos também são um problema, visto que o app para macOS ainda é o (nada) bom e velho WhatsApp Desktop, o qual nada mais é do que uma versão do WhatsApp Web.

Um aplicativo nativo e universal para o macOS até está sendo desenvolvido, mas ainda não há previsão pública para lançamento — o mesmo podemos dizer dos apps para iPad e Apple Watch, que já parecem lendas urbanas.

Embora já tenha sido pior um dia — a ponto de necessitar que o usuário estivesse com o celular conectado à mesma rede Wi-Fi para que as mensagens fossem literalmente “espelhadas” para a web ou para o desktop —, a sincronização do WhatsApp ainda é um tanto quanto problemática e limitada, o que mostra que o app até hoje não conseguiu uma solução adequada.

De resto, cabe destacar as plataformas “atendidas” pelo WhatsApp: iOS, macOS, Android (o que não inclui tablets), Windows e Wear OS (uma espécie de versão do Android para relógios inteligentes). Em tablets ou dispositivos Linux, só é possível usá-lo (pelo menos oficialmente) via WhatsApp Web.

Telegram

Dos três apps, considero que o Telegram é o que oferecer o melhor suporte multidispositivos de todos, tanto por funcionar por completo em todas as plataformas quanto nos mais variados tipos de dispositivos e sistemas operacionais.

Começando com o mundo da Maçã, o app funciona em iPhones, iPads e macOS; até um tempo ele tinha uma versão até mesmo para Apple Watches, mas esta infelizmente foi abandonada. O Telegram também conta com apps para Android, Windows, Wear OS e até mesmo para distribuições Linux, o que é raro quando falamos em mensageiros.

O mais interessante é que os aplicativos para computador não são limitados em relação aos feitos para smartphones, como acontece com o WhatsApp. Muitos, inclusive, contam até mesmo com recursos extras em relação à versão mobile.

No caso do macOS, há tanto o app feito especialmente para o sistema operacional da Apple, que segue as diretrizes da SwiftUI (com elementos dispostos em abas inferiores, botão de composição, etc.), como o Telegram Desktop, que é bastante semelhante ao app para Windows.

Como o Telegram praticamente só depende do celular do usuário para confirmar o número na hora da criação da conta, é possível perfeitamente usá-lo somente pelo computador — inclusive, com a possibilidade de mudar de número sem estar pelo celular, iniciar chats secretos, etc.

A sincronização de mensagens também é perfeita, com uma mensagem enviada em outro dispositivo aparecendo instantaneamente no app para Mac. Não é uma espécie de espelhamento, então nada de receber avisos lhe informando para aguardar até que a mensagem seja exibida.

Em resumo: não tem como não fazer do Telegram o grande vencedor deste tópico, embora o iMessage, se não estivesse preso no “jardim murado” da Apple, também pudesse ser um forte concorrente a esse posto.

Privacidade e segurança

Não dá pra falar em internet atualmente sem citar privacidade e segurança, visto que essa é uma preocupação crescente no ambiente digital e acaba ditando muitos dos recursos que entram em praticamente todo tipo de aplicativo.

Afinal, muita gente não gosta daquela sensação de “vigilância” o tempo todo, e saber que alguém está vendo o que você está fazendo em determinado aplicativo é uma ideia que deixa muita gente de cabelo em pé.

iMessage

O iMessage talvez seja o serviço que ofereça configurações de privacidade mais poderosas, mas ao mesmo tempo elas são as mais simples em relação aos concorrentes, visto que contam com poucas possibilidades de se adicionar exceções.

A primeira configuração da qual falaremos é referente ao compartilhamento de nome e foto com as pessoas para as quais enviamos mensagens. É possível definir que essas informações sejam compartilhadas automaticamente com os contatos ou receber uma notificação para escolher se deseja ou não compartilhá-las com os contatos atualizados.

Outra possibilidade entre as configurações de privacidade do iMessage é a de ativar ou não recibos de leitura. Quando ativada, essa opção notifica as pessoas quando você lê as mensagens que elas enviaram — o que é ativado em todas as conversas por padrão, mas pode ser ativado (ou desativado) individualmente para determinado contato.

Respeitando ao máximo o padrão preexistente da era SMS, o iMessage também não conta com a possibilidade de verificar se alguém está ou não online no momento ou quando esse alguém foi visto por último — o que pode ser limitado demais para algumas pessoas, embora para mim seja ótimo.

Outra possibilidade no iMessage é a de mostrar ou não o estado de foco atual — o que permite, por exemplo, que um usuário seja notificado caso envie uma mensagem para você enquanto você estiver ocupado. É possível ativar esse recurso nas configurações individuais de cada perfil, o que é bastante interessante caso você queira que seu contato saiba quando você não está disponível para lhe dar atenção.

Outra configuração de privacidade interessante do iMessage é a opção para que o usuário exclua automaticamente suas mensagens após 30 dias, após um ano ou deixar que todas elas permaneçam em seu aparelho por tempo indeterminado.

Quando o assunto é segurança, o iMessage é um serviço considerado seguro, já que trabalha com um sistema de criptografia de ponta a ponta — que é o padrão mais recomendado por especialistas de segurança atualmente quando o assunto é troca de mensagens.

A Apple retém informações limitadas sobre o uso do iMessage — como se o seu dispositivo está elegível para usar o app —, mas alega que não há maneira de nem mesmo ela própria decifrar o conteúdo das conversas quando elas estão “em trânsito” entre os dispositivos.

A criptografia de ponta a ponta é ativada por padrão tanto no iMessage quanto no FaceTime e não funciona apenas no iPhone, como também nos demais dispositivos da empresa — o que inclui até mesmo o app Mensagens para watchOS e, claro, os backups.

WhatsApp

Há alguns meses, talvez o WhatsApp perderia com folga para os rivais nesta categoria, mas adições recentes implementadas pelo app — muitas delas ironicamente bastante semelhantes às do Telegram, diga-se — o colocam em um patamar superior ao do iMessage, por exemplo.

Isso porque o app aos poucos foi implementando novas possibilidades e também exceções — que são ideais para lidar com casos nos quais desejamos que determinada configuração se aplique a uma pessoa, mas não às demais — ou vice-versa.

Por muito tempo, vale recordar, foi possível esconder apenas os recibos de leitura e o status de “visto por último” — o que deixava com que as pessoas, necessariamente, vissem se estávamos ou não online no app. Particularmente, nunca entendi essa abordagem, visto que desde os primórdios aplicativos de chat (como o MSN ou até mesmo o Facebook) permitiam esconder essa informação.

Pulando pro presente, agora é possível alterar configurações como quem pode ver nossos status de “visto por último e online”, nossa “foto do perfil”, o atual “recado”, os “status” ou quem pode nos adicionar em grupos — e adicionar exceções a cada uma das opções.

Cada uma delas também conta com configurações específicas. Nas opções para “Fotos de perfil”, “Recado” e “Visto por último e online”, por exemplo, há a opção de não exibi-los para ninguém, enquanto as seções para adição em grupos e status, obviamente, não contam com essa opção.

Ainda na seção de configurações de privacidade, há uma opção para gerenciar a localização em tempo real, os contatos bloqueados, as mensagens temporárias e a confirmação de leitura — a última funciona de forma semelhante à do iMessage, mas impede que você veja confirmações de leitura de outras pessoas caso tenha a opção ativada.

Assim como a adição recente da possibilidade de desativar o status online atrelado ao “visto por último”, sinto falta de uma opção para desativar também as confirmações de entrega de mensagens (que acontecem sempre que o check duplo é exibido). Ela poderia muito bem estar relacionada aos recibos de leitura — o que certamente adicionaria uma camada a mais de privacidade ao app.

Conta também como recurso de privacidade as mensagens temporárias (que também servem para liberar espaço de armazenamento no telefone do usuário). Quando ativada, essa opção faz com que as novas mensagens desapareçam automaticamente para todos os participantes de determinada conversa (seja em chats individuais, seja em grupos) em um período predefinido, que pode ser de 1, 7 ou de 90 dias.

Outro recurso de privacidade são as mensagens de visualização única, as quais permitem que você envie um vídeo ou uma imagem que o destinatário só conseguirá visualizar uma vez. Tais mídias contam com proteção contra capturas de tela e gravação — o que é ideal para quem gosta de trocar mensagens, digamos, mais indiscretas pelo aplicativo.

Por fim, o WhatsApp também permite que você bloqueie o aplicativo com um código e com o Face ID e, caso não queira ser tão radical, também conta com a possibilidade de bloquear determinadas conversas individualmente — as jogando para uma pasta de chats bloqueados.

Quando o assunto é segurança, assim como o iMessage, o WhatsApp conta com padrão de criptografia de ponta a ponta para todas as mensagens trocadas (tenham elas textos, fotos, vídeos, mensagens de voz ou documentos), status e chamadas feitas pelo usuário.

Essa mesma configuração, embora se aplique enquanto a mensagem está sendo enviada, dependerá de protocolos de segurança de terceiros (da empresa ou administradora de cartão de crédito) quando falamos em mensagens enviadas para empresa ou pagamentos.

O WhatsApp também conta com um sistema de verificação para que usuários confirmem com um código de segurança se as mensagens e chamadas estão sendo protegidas com criptografia de ponta a ponta — o que pode ser feito comparando o código ou até mesmo escaneando o código em formato QR no aparelho do outro interlocutor.

Outro recurso indispensável é a autenticação de duas etapas, que está atrelada a um email do usuário e a um código exclusivo — o que impede que outras pessoas acessem sua conta sem esses dados em mãos.

Telegram

Dos três aplicativos, o Telegram é o que conta com as opções de privacidade mais poderosas, as quais — como já mencionamos — aparentemente inspiraram o WhatsApp ao gerenciar de forma adequada exceções para cada uma delas.

Uma em especial que vale destacar diz respeito a quem pode ver o número do usuário e encontrá-lo por ele. Diferentemente do WhatsApp, por exemplo, o Telegram possibilita que você use o app sem que outras pessoas, necessariamente, vejam o seu número — o que pode impedir que você seja encontrado por alguém indesejado.

Isso é possível graças à possibilidade de adicionar um nome de usuário à conta — o que, na prática, funciona de forma semelhante ao email no iMessage. Para muitas pessoas, o número é algo privado demais para ser exposto, e é por isso que ter opções a mais para impedir sua exposição é sempre algo positivo.

Além das opções para o número de telefone, o Telegram conta com opções para controlar quem pode ver o status de “último acesso e online”, quem pode adicionar o usuário em “grupos e canais”, ligar para o usuário, ver suas fotos de perfil, adicionar um link para a sua conta em mensagens encaminhadas e enviar mensagens de áudio ou vídeo.

A maioria dessas “seções” conta com opções para que todos, apenas os contatos ou ninguém visualize/realize determinada ação. O grande pulo do gato está nas exceções, que podem ser tanto para o “sempre”, como para o “nunca”.

No caso das fotos de perfil, por exemplo, caso você defina que todos os seus contatos poderão vê-las, é possível adicionar uma exceção para algum deles. O mesmo vale para o oposto, já que caso você decida que ninguém poderá vê-las, poderá adicionar uma exceção para alguém — o que é um passo além do que o WhatsApp oferece, com suas exceções de mão única.

Assim como o WhatsApp, o Telegram também conta com a possibilidade de enviar mensagens de visualização única. No caso dele, há um ingrediente a mais: um tempo de exibição para a imagem, que simplesmente desaparecerá quando a duração predefinida chegar ao fim.

Se o Telegram vence os demais mensageiros em quase todos os quesitos, ele não é tão seguro quanto os demais — embora muito tenha se alardeado por seus discípulos quanto à sua possível superioridade em relação aos rivais em termos de segurança.

Isso porque ele não usa criptografia de ponta a ponta por padrão em seus chats, seja em conversas individuais, em grupo, canais ou bots. É compreensível, por um lado, que os desenvolvedores tenham priorizado a usabilidade do app em detrimento da privacidade, já que o fato de os chats não contarem com a tecnologia de segurança máxima permite ao app proporcionar maior flexibilidade na conexão de novos dispositivos e na sincronização entre eles.

É até possível iniciar um chat com criptografia de ponta a ponta, através do recurso “chat secreto”, mas ele não é a modalidade padrão, não conta com alguns dos recursos tradicionais dos chats comuns do Telegram e ficam restritos ao aparelho em que foram iniciados — o que significa que, caso você desinstale o Telegram ou migre para outro aparelho, suas mensagens provavelmente não estarão lá.

Assim como no WhatsApp, também é possível configurar uma senha para que ela seja solicitada quando o usuário entrar em um novo dispositivo após o código padrão (que é enviado ao próprio Telegram ou via SMS), o que configura uma verificação em duas etapas.

Casos de investigação policial ou solicitação judicial

Uma dúvida muito frequente dos usuários é sobre o que os aplicativos podem entregar (e o que efetivamente entregam) para a polícia e/ou a justiça em casos de investigações. Esse assunto já foi alvo até mesmo de uma extensa matéria da Rolling Stone, a qual revelou a que nível o FBI pode ter acesso a informações de usuários em famosos aplicativos de troca de mensagens — incluindo o iMessage, o WhatsApp e o Telegram.

iMessage

Segundo a publicação, com uma ordem judicial ou mandado de busca, a Apple entrega informações básicas do usuário, bem como dados de pesquisas no iMessage dos últimos 25 dias. O conteúdo real das mensagens, no entanto, não é disponibilizado por esse meio, mas caso o usuário-alvo tenha ativado o recurso Mensagens do iCloud, pode acabar cedendo uma enorme quantidade de dados para o FBI, os quais incluem as mensagens trocadas.

Não havia nenhuma forma de contornar isso, mas desde o início do ano, com o lançamento da Proteção Avançada de Dados do iCloud, é possível ativar a criptografia de ponta a ponta para todos os dados armazenados na nuvem da Apple — o que significa que você não correrá o risco de ter seus dados enviados às autoridades mesmo caso ative o backup na nuvem, visto que nem mesmo a Maçã tem acesso à chave capaz de quebrar a criptografia.

WhatsApp

O app da Meta, que também conta com criptografia de ponta a ponta, pode entregar ao FBI dados limitados como a lista de contatos do usuário-alvo (e de outros que tenham o número do investigado salvo em suas agendas) e também pode fornecer dados para o órgão americano praticamente em tempo real. É que as agências policiais podem capturar a origem e o destino de cada mensagem enviada para o indivíduo investigado a cada 15 minutos, produzindo certos relatórios com metadados do usuário.

Outra limitação apontada, na época, dizia respeito justamente à mesma levantada no caso do iMessage — referente ao backup do iCloud, que poderia ser uma forma da polícia obter praticamente todas as mensagens dos usuários. Como tanto o próprio WhatsApp quanto a Apple (com a Proteção Avançada de Dados) já implementaram criptografia de ponta a ponta na nuvem, tudo indica que esse último problema ficou no passado.

Telegram

Teoricamente o app mais vulnerável dos três nesse quesito, já que não conta com criptografia de ponta a ponta nas mensagens em chats convencionais, o Telegram, curiosamente, não fornece nenhuma informação sobre usuários. Apenas em caso de investigações terroristas confirmadas, o app pode fornecer o IP e o número de telefone de determinado indivíduo investigado.

Esse detalhe fez o Telegram passar por maus bocados aqui no Brasil neste ano, visto que o app chegou a ser suspenso após se negar a entregar certos dados para a justiça. Na época, o Telegram alegou que os dados solicitados eram impossíveis de serem obtidos (será?) e disse ter como missão “proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”.

Pesos e contrapesos

Teoricamente, o não uso da criptografia de ponta a ponta é o que permite ao Telegram ter aplicativos independentes em cada dispositivo e que funcionam sem a necessidade de um dispositivo “padrão” que armazena as mensagens apenas no dispositivo — como o WhatsApp.

Ao mesmo tempo, é o que (aparentemente) faz com que a Meta insista no método de armazenamento das mensagens no próprio dispositivo. Com o backup no iCloud e no Google Drive, a empresa consegue manter a criptografia de ponta a ponta — recurso que existe também no iMessage —, mas como o iCloud é da própria Apple e está interligado aos seus próprios dispositivos, a Maçã consegue armazenar automaticamente cada mensagem trocada no seu sistema de nuvens e fazer uso da criptografia de ponta a ponta na troca das mensagens.

Automaticamente, quando partimos para a briga Telegram vs. WhatsApp, a coisa caminha para uma disputa entre segurança e usabilidade — o que não significa que os dois não poderiam adotar abordagens melhores dentro de suas respectivas limitações.

O sistema de mensagens secretas do Telegram é bastante vago e o termo usado para intitular o recurso não é nada intuitivo para mostrar aos usuários que se trata de algo mais ligado à segurança, e não à privacidade.

Um mensageiro com um botão de composição que explicasse detalhadamente a diferença entre chats criptografados de ponta a ponta e os chats na “nuvem” (com suas limitações e características) poderia ser um meio-termo ideal para contornar essa problemática.

No mais, nesse caso, a Apple se dá melhor com seu “jardim murado” ao oferecer uma maior segurança sem comprometer a usabilidade — embora careça de mais recursos de privacidade em relação aos concorrentes.

Stories/Status

Ao longo desse comparativo, citamos vários recursos que chegaram antes ao Telegram e acabaram sendo copiados pelo incorporados ao app da Meta. Os Status (ou Stories) são uma das poucas funcionalidades que vão na direção contrária.

Vamos conferir qual a diferença entre eles nas duas plataformas?

WhatsApp

Embora mídias que desaparecem em um tempo predeterminado sejam uma invenção do Snapchat, os Stories se tornaram bastante populares nos aplicativos da Meta, tendo sido implementados no WhatsApp em 2017 com o nome Status e só evoluído, desde então.

Atualmente, eles permitem publicar imagens, vídeos, textos e até mesmo mensagens de áudio para seus contatos. Nas configurações de privacidade, é possível escolher compartilhá-los apenas para poucos contatos específicos, para todos os contatos (menos alguns em específico) ou para todos os contatos sem qualquer restrição.

Assim como no Snapchat e no Instagram, os Status do WhatsApp desaparecem em 24 horas e permitem que outros usuários respondam a ele especificamente com um texto ou simplesmente reajam usando um emoji.

Telegram

Um dos recursos mais recentes da plataforma, os Stories do Telegram são mais semelhantes aos do Instagram do que ao recurso análogo do WhatsApp — com algumas exclusividades.

Como mencionei no post de anúncio do recurso, no Telegram há a possibilidade de fazê-los desaparecer em 6, 12, 24 ou até 48 horas após a postagem. É uma abordagem diferente da maioria dos aplicativos que contam com recursos semelhantes, que limitam o desaparecimento das mídias ao valor fixo de 24 horas.

Outra coisa que os Stories do Telegram “roubaram” do Instagram é o recurso Close Friends, que permite definir uma lista de amigos que verão Stories mais privados. Mas o recurso também conta com um mecanismo de seleção semelhante ao do WhatsApp, permitindo ao usuário definir exceções à visualização de um Story manualmente.

Pra provar que os Stories do Telegram são os mais completos possíveis, eles também contam com um recurso vindo do BeReal, que é a possibilidade de publicar tanto fotos quanto vídeos usando as duas câmeras do aparelho — o que é ideal para quem quer registrar seus arredores e sua expressão facial ao mesmo tempo.

Usuários podem compartilhar um Story em um canal, respondê-los com um texto ou simplesmente reagir a eles com emojis. Até agora, no entanto, o recurso está limitado a assinantes do Telegram Premium. E por falar nisso…

Versões premium

Embora (pelo menos até agora) apenas o Telegram tenha um plano Premium para contas comuns, o WhatsApp também tem um serviço de assinatura pago — por ora, apenas para empresas. Vamos saber mais um pouco sobre eles?

WhatsApp

Anunciado pela Meta no início do ano passado, o WhatsApp Premium atualmente está restrito a usuários da versão Business do serviço — aquela voltada a empresas que mencionamos anteriormente — e adiciona alguns benefícios a seus assinantes.

Enquanto as funções padrões do WhatsApp Business continuam disponíveis para todos os usuários, com ele é possível conectar a conta em até dez aparelhos (seis a mais que no plano gratuito) e atribuir determinadas conversas a determinado aparelho — o que permite que cada atendente fique responsável por um determinado cliente.

Outra possibilidade com o WhatsApp Business Premium é a de criar uma página com um link personalizado para a sua empresa — o que elimina a necessidade de compartilhar aquele link extenso, bagunçado e difícil de entender tradicional do aplicativo.

Por enquanto, o recurso só está disponível para o Android e ainda não chegou ao Brasil — mas a previsão é de que chegue nos próximos meses.

Telegram

O Telegram foi um dos primeiros (se não o primeiro de grande popularidade) apps mensageiros a disponibilizar um plano premium para seus usuários — uma ideia relativamente recente e que, tempos depois, foi adotada por outros apps como o WhatsApp.

O plano chegou ao Brasil oficialmente por R$25 (como antecipamos, às vésperas do lançamento) em julho do ano passado — sim, já faz mais de um ano que ele foi lançado — e adiciona uma série de incrementos aos tradicionais recursos já presentes no aplicativo.

Comecemos falando pelos limites dobrados para grupos e canais (usuários pagos podem entrar em até 1.000), chats fixados (até 10), reserva de links públicos (até 20), número de GIFs salvos (até 400), stickers favoritos (até 10), caracteres na bio (até 140) e em legendas de fotos e vídeos (2.048), chats permitidos em cada pasta (até 200), contas conectadas ao app (até 4) e tamanho limite dos arquivos enviados (até 4GB).

Dando ao usuário um emblema de Premium no perfil, recursos como tradução em tempo real e conversão de voz para texto, o Telegram Premium ainda permite enviar reações infinitas, adicionar um emoji como status ao lado do nome, enviar stickers e emojis animados exclusivos e gerir chats de forma inteligente e automatizada.

No campo das coisas que saem do Telegram quando uma assinatura Premium é ativada, estão os limites de download de mídias e documentos, e os anúncios em canais públicos — ausências as quais ninguém deve reclamar, não é mesmo?

Eu usei o Telegram Premium por um mês e, sinceramente, pode ser uma boa pedida para quem é um usuário hard do Telegram e costuma fazer o upload e/ou fazer o download de grandes arquivos com frequência. Usuários comuns, ao meu ver, devem ficar muito satisfeitos com a versão padrão.

Popularidade

Outro ponto a se considerar na hora de usar um mensageiro é a sua popularidade. Afinal, de nada adianta usar um mensageiro se não há ninguém para trocar mensagens por ele, não é mesmo?

iMessage

De longe o aplicativo menos popular da lista, o iMessage tem como grande desvantagem o fato de só estar disponível em dispositivos da Apple. Isso pode ser um fator positivo para a Maçã em países desenvolvidos como os EUA, mas certamente é um problema para a empresa em mercados emergentes como o Brasil, onde o iOS conta com uma parcela não tão considerável do total de smartphones em atividade.

Esse detalhe torna o iMessage um serviço totalmente de nicho por aqui, de modo que é simplesmente improvável que o software eventualmente ganhe forças caso a Apple mantenha essa exclusividade. Provavelmente, até mesmo caso não mantenha, visto que o fenômeno envolvendo os mensageiros também é algo cultural.

Como o envio de SMS sempre foi algo bastante acessível nos EUA, os americanos simplesmente continuaram usando o mesmo app que usavam outrora para trocar mensagens. Aqui no Brasil, a chegada do WhatsApp foi o que de certa forma popularizou os mensageiros para dispositivos móveis, já que as taxas extras de SMS cobradas por nossas operadoras não eram nada convidativas.

Claro, pessoas com ciclo familiar ou de amigos que contam com muitos donos de dispositivos da Apple podem se dar ao luxo de usar o iMessage, bem como quem por acaso tenha contatos no exterior — fora disso, considero o uso do serviço no Brasil muito restrito a fãs da Apple.

WhatsApp

Se o iMessage perde feio em popularidade, neste quesito o WhatsApp ganha sem esforço — pelo menos no Brasil, que é o que mais importa para o nosso comparativo. Como foi pioneiro até certo ponto, o app se popularizou por aqui e não saiu mais dos celulares de brasileiros — mesmo com episódios de bloqueio total por ordens judiciais.

Para se ter uma ideia, o WhatsApp está instalado em nada menos que 99% dos smartphones brasileiros e já é bastante utilizado por muitas empresas tanto como forma de comunicação e publicidade quanto como plataforma de venda e suporte — ou até mesmo como ferramenta de trabalho.

Goste você ou não do WhatsApp, esses detalhes juntos tornam o app praticamente indispensável em nossos aparelhos. Mesmo alguém que tenta manter seus contatos e conversas em outra plataforma, certamente em algum momento enfrentará alguma dificuldade caso não tenha o app da Meta, pelo menos, instalado e com uma conta devidamente configurada.

Isso acaba se tornando uma espécie de bola de neve, pois mesmo que algum outro aplicativo possa contar com mais recursos e parecer mais completo para determinada parcela de usuários, há uma certa “comodidade” da maioria em permanecer no WhatsApp — o que acaba deixando essa parcela no app e ajuda a manter sua soberania.

Telegram

Se o iMessage e o WhatsApp ficam nos dois extremos quando o assunto é popularidade, o Telegram se posiciona mais ao centro. Além de ter uma boa base de usuários ativos, o app também conta com uma legião de fãs — o que pode ser facilmente observado no campo de comentários aqui do MM a cada “novo” recurso que chega a apps concorrentes.

Antes apenas um app de nicho para tais fãs — geralmente, pessoas ligadas ao universo da tecnologia —, o app foi ganhando adeptos por aqui com o passar dos anos, atingindo seus picos de uso em ocasiões nas quais o WhatsApp “caiu” — seja por problemas técnicos, seja por decisões judiciais.

Com 65% milhões de usuários com o app no aparelho por aqui, o Telegram conta com a vantagem de não ser apenas um simples mensageiro, mas sim um app tudo-em-um, o qual — embora não seja tão usado como o WhatsApp para troca de mensagens — é bom tê-lo instalado no smartphone.

Muitas pessoas, por exemplo, o usam para funções como rastrear encomendas, fazer o download de mídias, participar de grupos escolares ou de trabalho, acompanhar um canal do político ou até mesmo para comentar um reality show em andamento.

Isso acaba, de certa forma, mantendo uma boa base de usuários no aplicativo e, querendo ou não, alguns deles são levados dos grupos e dos canais para o “privado”.

Recursos extras

Alguns dos mensageiros contam com recursos exclusivos; citaremos alguns deles abaixo:

iMessage

  • Embora os bots do Telegram possam, em teoria, ser considerados “aplicativos”, a App Store embutida é um diferencial interessante do iMessage, visto que ela vai além da interface via teclado do Telegram e permite incrementar em alta escala as possibilidades com o uso do serviço.
  • Outra coisa interessante que só tem (pelo menos em larga escala) no serviço da Maçã são os efeitos em mensagens — que vão desde balões para parabéns até mesmo a fogos de artifícios, os quais são “disparados” assim que o receptor abre o app Mensagens no chat da pessoa que os enviou.

WhatsApp

  • O recado é uma diferença em relação a outros apps, embora atualmente eles funcionem mais como uma bio (recurso que tem no Telegram). Eles foram os primeiros detentores do título de Status na plataforma e permitem definir uma pequena frase que fica atrelada ao perfil do usuário;
  • Comunidades: lançadas neste ano aqui no Brasil, as comunidades do WhatsApp permitem reunir vários grupos de um determinado tema ou organização num único lugar, com a possibilidade de deixar avisos que podem ser entregues a um grande número de pessoas — até 5.000, pra ser mais específico.

Telegram

  • Bots são bastante interessantes por darem a desenvolvedores a possibilidade de fazer praticamente de tudo no Telegram: desde robôs para baixar arquivos da internet, para rastrear encomendas (eu uso muito), para jogos (como UNO ou Cidade…) ou para pagamentos. Realmente, as possibilidades com eles são gigantes.
  • Já pensou em ter um Tinder direto no seu mensageiro favorito? Bem, o recurso Encontrar Pessoas Próximas do Telegram pode ser considerado uma espécie de app de relacionamento, já que permite encontrar pessoas nas redondezas com base na localização.

Concluindo…

Seria muito difícil passar por todas as funcionalidades dos três aplicativos em um só comparativo, então tentei apresentar as mais importantes (muitas, aliás) e que são “comparáveis” entre eles.

Os três são ótimos serviços e, embora o WhatsApp tenha “roubado” muitas das boas ideias antes implementadas pelo Telegram, o próprio Telegram por si só parece ter se inspirado bastante no app da Meta no seu lançamento — claro, fazendo mais bem feito, mas não recriando a roda.

O iMessage, com sua limitação de ser algo exclusivo para o ecossistema da Apple, tem seus pontos positivos — como a facilidade de sincronização das mensagens sem abrir mão da segurança e de recursos como autenticação de dois fatores.

O WhatsApp melhorou muito nos últimos dois anos e, tirando a questão de insistir em guardar as mensagens exclusivamente no dispositivo do usuário e em backups que mais parecem gambiarras, já é um app altamente utilizável e que eu recomendaria.

Mas o grande vencedor desse comparativo é, sem dúvidas, o Telegram. Apesar da limitação em relação à segurança, ele acaba sendo superior aos demais dada a grande quantidade de recursos e à sua maior versatilidade.

Notas de rodapé

  • 1
    Short message service, ou serviço de mensagens curtas.
  • 2
    Multimedia messaging service, ou serviço de mensagem multimídia.
  • 3
    Application programming interface, ou interface de programação de aplicações.

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